72 Horas

Publicada em 13/01/2011 às 17:08

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Quando surgem bons frutos longe de Hollywood, o cinema americano, sem pudor, colhe e clona essas obras estrangeiras. O que poderia ser chamado de remake tem se tornado uma forma banal e ignorante de refilmar longas recentes.

Felizmente, 72 Horas consegue superar o original francês (Tudo por Ela, de Fred Cavayé) graças a um dos melhores roteiristas da atualidade e diretor promissor, Paul Haggis (Crash - No Limite), e, em diversos momentos, ultrapassa, com méritos, a sensível linha que separa o remake confesso da originalidade na imitação.

A tarefa de Haggis não era fácil. Além de ter em mãos um bom filme, ainda fresco, o argumento inicial do longa fica longe de ser original. Uma família comum e feliz que, de repente, vê a vida se transformar em um caos, certamente qualquer espectador(a) que assiste a mais de um filme por mês já conheceu antes. Mas o cineasta vai além do banal. Exibindo o seu talento excepcional para o drama humano, Haggis, junto à ótima fotografia, imprime profundidade aos personagens de uma forma delicada e verdadeira e, ao mesmo tempo, desenvolve uma empatia essencial ao suspense do último ato.

O elenco, sem dúvida, auxilia para o bom resultado final. Russell Crowe, submerso no professor John Brennan, retorna às grandes atuações (após o insosso Robin Hood) e Elizabeth Banks (que nunca foi uma atriz acima da média) convence categoricamente. Há, ainda, a participação sempre positiva de Liam Neeson e, para quem viveu a infância nos anos 80 e início dos 90, o saudoso Daniel Stern (Esqueceram de Mim), em uma ponta como o advogado do professor Brennan, além da irresistível presença de Brian Dennehy (o xerife Will Teasle, de Rambo - Programado para Matar).

Mesmo estruturando seu maior erro no desejo latente de fazer um filme comercial (quando o roteiro começa a ceder ao didatismo), com uma crítica à internet nem um pouco sutil, Haggis demonstra a sua habilidade para maquilar qualquer didatismo com uma pincelada de sentença óbvia que, desta vez, encontra todo um alicerce na trilha sonora do sempre interessante Danny Elfman.

72 Horas, em resumo, é um fruto semelhante àquele francês, porém ainda mais suculento. E, fazendo um paralelo literário interno - bem apropriado -, fico em dúvida se eu quero viver feliz lutando contra moinhos ou se me entrego ao mundo que se julga real. Dom Quixote fez a escolha dele guiado por Cervantes. E você?

Bons e ruins filmes para nós!

Saiba mais sobre o filme 72 Horas.

Por Sihan Felix

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