Avatar

Publicada em 18/01/2010 às 16:34

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Doze ano após Titanic, James Cameron parece ter aumentado o nível de pretenciosismo das produções que realiza, tanto que hoje o cineasta pode ser considerado o David Lean do século XXI, tanto pelo orçamento quanto pela qualidade das produções que realiza.

A prova disso é Avatar (idem, 2009), um verdadeiro “mamute cinematográfico”, que de tão grandioso eleva o patamar de qualidade a nível nunca  visto anteriormente no cinema digital, tamanha a realidade com que a grandiosa Pandora (o mundo em que vivem os humanóides azuis chamados de Na’vi vivem) foi construída, ou em  detalhes “menores” como as pernas atrofiadas do protagonista cadeirante.

Porém, todas os grandes cenários, as cores e os efeitos em 3D, não escondem o roteiro manjado, com claras referências a Matrix e o mito da caverna de Platão, além de épicos fundamentados na receita de bolo chamada “A jornada do Herói”, método também utilizado em Guerra nas Estrelas e O Senhor dos Anéis. Conta a história de Jack Sully, vivido por Sam Worthington, um ex-soldado americano que desembarca em Pandora com o intuito de servir como cobaia de uma experiência científica que faz com que seres humanos controlem mentalmente o corpo de um Avatar, um ser que representa a fusão entre o  DNA humano com DNA Na’vi. Usando desse artifício para infiltrar espiões na sociedade nativa com o intuito de evitar uma guerra entre Na’vis e humanos durante a ocupação de uma área de grande reserva de um valioso m inério produtor de energia.

Durante sua empreitada em uma aldeia mística, Jake vai gradativamente se apaixonado pela cultura dos seres azuis e por Neytiri (interpretada pela competente e desconhecida atriz Zoe Saldanha), fazendo com que ele tenha que decidir em qual “lado da força” irá atuar.

O  filme pode ser dividido em duas partes, a  primeira se resume a um  grande passeio turístico por Pandora, já a segunda é focada nas cenas impressionantes da guerra entre os dois povos. Levando a crer que mesmo com as metáforas sobre o aquecimento global, intolerância entre povos e guerras como a do Iraque e do Afeganistão, a grande pretensão é causar um grande deslumbramento visual no expectador, deixando toda a discussão em segundo plano.

Daí as inúmeras cenas gratuitas mostrando a vegetação (que mais parece a mata atlântica em clima natalino), montanhas flutuantes e inúmeros animais estranhos. Sequências que não são nenhuma novidade na filmografia do diretor, é só lembrar de Leonardo DiCaprio e Kate Winslet “voando” na proa do Titanic. Então, o que estavam esperando todos aqueles que criticaram Avatar dizendo que o filme é raso como piscina infantil e deslumbrante como um desfile carnavalesco.

James Cameron tinha mesmo esta pretensão, pois é um diretor sensacionalista, que ganha o pão de cada dia oferecendo ao mundo grandiosas  experiências cinematográficas. É só lembrar o burburinho que O Exterminador do Futuro 2 causou com o até hoje impressionante T-1000, o robô indestrutível feito de “metal liquido”. No mesmo filme também há uma discussão sobre a relação do homem com as máquinas e os riscos do desenvolvimento de uma inteligência artificial se voltar contra nós. Assunto este que se perde assim que começa a correria e as explosões.

Portanto, assim como o filme protagonizado por Arnold Schwarzenegger, Avatar é apenas mais um representante do cinema de entretenimento que Hollywood se acostumou a fazer, estilo do qual  o diretor domina completamente. E por mais que digam que ninguém aguenta mais assistir a esse tipo de filme é só ver os resultados das bilheterias que respondem a altura todo o investimento da produção de maior orçamento da história. Portanto, caros leitores, estejam preparados, a franquia ainda está apenas no começo, o cinema de diversão agradece.

Saiba mais sobre o filme Avatar.

Por Bruno Marques - http://brunocine.wordpress.com

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