Cada Um Tem a Gêmea que Merece

Publicada em 24/02/2012 às 17:21

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Dennis Dugan e Adam Sandler tem uma longa parceria, que começa com Um Maluco no Golfe (1996), passando pelo famosíssimo (e responsável pela ascensão de Sandler), O Paizão (1999) e, mais recentemente, uma série de sucessivas comédias fadadas ao fracasso, de péssimo gosto e melodramáticas, que deixam no ar um desagradável sentimento de decadência.
 
Eu os Declaro Marido e... Larry (2007) ainda arrecada algumas risadas, Zohan - O Agente Bom de Corte (2008) tenta a redenção por meio de uma “bela” mensagem de paz, Gente Grande (2010) é tão esquecível que seu único mérito foi ter concorrido ao Framboesa de Ouro, Esposa de Mentirinha (2011) recicla o clichê da comédia romântica da forma mais insípida possível e, enfim, Cada um Tem a Gêmea que Merece.
 
É supérfluo ressaltar (pelo menos para aqueles que estavam física e mentalmente presentes nas aulas de biologia) que o longa já se faz absurdo ao apresentar Jack e Jill como gêmeos idênticos (univitelinos) que não possuem o mesmo sexo. A fanfarronice parece uma desculpa para trazer Sandler travestido na grande tela, um apelo preliminar e base do desesperado marketing.
 
Cada um Tem a Gêmea Que Merece é, antes de qualquer coisa, outra comédia apelativa, que se vale de disfunções intestinais, quedas, sujeitos caricatos, preconceitos disfarçados e melodramas inconvenientes para tentar conquistar o público. Jill reúne em um único ser todas as habilidades especiais para se tornar a criatura mais detestável que possa existir, ora berrando e revelando sua deficiência de bons modos, ora tentando ser legal e divertida com um jet-ski em uma piscina ou importunando o irmão.
 
Vazio de conteúdo inteligente (a exceção das partes protagonizadas por Al Pacino) o filme se vale de atrações rasas e visuais, induzindo o público a rir de uma senhora mexicana com óculos “fundo de garrafa” ou das roupas bregas e espalhafatosas de Jill. Quase no final, como que arrependido por nos ter feito reparar no cisco que está no olho do próximo, o longa inverte os papéis e (com a costumeira lição de moral das produções Sandler-Dugan) mostra que há uma trave em nosso olho. É quando Jill acaba humilhada pelos antigos colegas de escola e o filme tenta ser levado a sério (com a clara mensagem sobre o tão em voga bullying), que o filme perde o pouco brilho que tinha. Afinal, é necessária grande genialidade para abordar com seriedade algum assunto em meio a satirizações, tal como fez Chaplin em O Grande Ditador.
 
Certamente é a presença do eterno Michael Corleone que mais impressiona. Teriam o convencido a entrar para o elenco só porque seu nome rima com cappuccino? Ou porque foi dada ao ator a oportunidade de ridicularizar a Academia que lhe concedeu um único Oscar durante toda a sua carreira? Embora o questionamento sobre sua presença nesse descartável cinematográfico se faça presente a cada aparição desse grande intérprete de Shakespeare, Al Pacino é o responsável por fazer valer esse grande desperdício de orçamento. O filme se encerra com o que parece ser uma autocrítica, sugerindo que a obra em questão deve ser destruída antes mesmo que alguém a veja. Se isso enfim ocorresse, caro Pacino, teríamos sido despojados da rara oportunidade de ver-te como o excêntrico Dom Quixote. Obrigada por fazer valer o ingresso.
 
É importante perceber que Adam Sandler parece ignorar que, pouco a pouco, vem perdendo fãs. Seus filmes tem ido de mal a pior e a bilheteria parece se garantir por aqueles que, fiéis, anseiam por um futuro mais engraçado. Cada um Tem a Gêmea Que Merece tem o mérito de ser melhor que Zohan - O Agente Bom de Corte, mas eu não arriscaria minhas esperanças depositando-as em um futuro pouco próspero e rotulado com uma vinheta da Happy Madison Productions.

Saiba mais sobre o filme Cada Um Tem a Gêmea Que Merece.

Por Laísa Trojaike

Comentários (3)





Junior comentou: AHHHH ,A idéia do filme é nos fazer rir ! e apenas isso! e cumpre muito bem com a tarefa! Nota
13/03/2012 | Responder

Ricardo comentou: Achei horrível, sério mesmo. Muito racismo disfarçado e super sem graça comparado aos outros filmes dele. Nota
12/03/2012 | Responder

Renata comentou: Meu Deus, que crítica absurda! Cada Um Tem A Gêmea Que Merece é um filme engraçadíssimo! Eu e todas as pessoas que estavam no cinema rimos do começo até o fim. Al Pacino estava maravilhoso, mas Adam também estava hilário. Acho que a crítica estava com uma baita dor-de-cotovelo pra escrever algo assim tão depreciativo de um filme que só deixa a gente mais leve e feliz. Nota
09/03/2012 | Responder