Doce Vingança

Dar vida a um remake nunca é tarefa fácil. Desde a notícia de uma futura produção, surgem comparações com a filmagem anterior e, geralmente, não são pré-julgamentos agradáveis. Ainda mais difícil é fazer um remake nascer e viver bem quando o original é, se não um clássico, uma obra muito resistente ao tempo e que, pela polêmica que o circundou, tornou-se um cult do seu gênero.

Sarah Butler convence no corpo da protagonista, o que a distancia dos colegas de cena, que foram transformados, nessa refilmagem, em estereótipos. Essa falha do roteiro se torna ainda mais evidente quando todos os personagens foram apresentados. Nesse momento, é possível, facilmente, listar com exatidão, por descrição e atitude, as figuras:

1. Velho misterioso
2. Moço bonzinho
3. Policial mau caráter
4. Jovens sem noção com uma câmera nas mãos

A narrativa, mesmo adaptada aos dias atuais, mantém o caráter hostil, mas, infelizmente, não inflige a densidade psicológica carregada na década de 1970, quando o original fora considerado uma metáfora para a emancipação feminina. Hoje, junto a uma geração incrivelmente diferente, o que chocava provavelmente será ignorado e a máquina caça níqueis que são os atuais filmes de horror continuará anarquizando a brutalidade.

Por fim, Doce Vingança, como filme, só consegue revigorar o antecessor (A Vingança de Jennifer, de 1978) em aparência. O inexpressivo Steven R. Monroe ainda consegue impor alguma tensão e, para isso, a fotografia de Neil Lisk o auxilia com muita eficiência, evocando um ambiente pouco dessaturizado e propenso à cores frias. A trilha sonora é discreta, podendo, inclusive, passar despercebida. Mas, quando surgem os créditos, é estranho perceber quanto o mundo mudou em pouco mais de 30 anos, mudando, com ele, o espectador.

Bons e ruins filmes para nós!

Saiba mais sobre o filme Doce Vingança.

Por Sihan Felix