Não me Abandone Jamais

Publicada em 21/03/2011 às 13:07

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Nascido das palavras escritas pelo escritor nipobritânico Kazuo Ishiguro no romance homônimo, Não me Abandone Jamais tem tamanha força em sua narrativa que se torna fácil esquecer que se está diante de uma obra sci-fi e se sentir absorvido pela trama.

Tendo escrito, também, o romance que originou o excelente Vestígios do Dia, Ishiguro se mostra, novamente, repressivo, melancólico e perfeitamente formal (e nenhum desses adjetivos deve ser interpretado como um insulto). Se naquele longa de 1993 o diretor James Ivory teve grande êxito ao recontar a história sem que ela perdesse sua essência, nesse, dirigido por Mark Romanek e roteirizado por Alex Garland (Sunshine – Alerta Solar), surgem clichês melodramáticos à segunda metade, o que para um longa tão bem realizado é triste.

As atuações parecem dosadas na medida certa, com Carey Mulligan em uma atuação de muita sensibilidade, Keira Knightley redemonstrando sua competência e Andrew Garfield, apesar do abismo que o mantém longe da personificação de um ator carismático, firme.

A produção, em nenhum momento, exibe a intenção de impor o impossível ao espectador, o que se mostra um acerto considerável por não esmiuçar a lógica que torna a existência dos personagens plausível. Fotografia, direção de arte, figurino e trilha sonora encobrem a subjetividade nula que há na passividade dos indivíduos perante o futuro que é, sabidamente, severo e parecem caminhar de mãos dadas (à beira-mar no ocaso).

Contudo, ao optar por uma narração em off ao final que constrói, deliberadamente, uma sinopse temática descartável, Romanek parece duvidar da inteligência do espectador de forma cruel. E, se esse ato de covardia tende a ofender os principais alvos da obra (você e eu), também consegue fazer tremer um filme que, até esse imprevisto momento, poderia ser tão excelente quanto aquele outro com Anthony Hopkins e Emma Thompson.

Bons e ruins filmes para nós!

Saiba mais sobre o filme Não me Abandone Jamais.

Por Sihan Felix

Comentários (1)





Simone comentou: Eu adorei esse filme, no começo eu não conseguia entender muito bem, mas ao longo do filme quando percebi a questão ética que tava envolvida fiquei bem chocada, agora estou doida para ler o livro que deve ser até melhor que o filme.A única coisa ruim é que a história é bem triste. Nota
05/01/2012 | Responder