Não Se Preocupe, Nada Vai Dar Certo!

Publicada em 22/08/2011 às 12:43

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Não se Preocupe, Nada vai Dar Certo

O cinema nacional sabe, de uma forma ímpar, produzir comédias repletas de verdades trágicas, deixando o espectador mais atento num dilema entre sorrir ou chorar. Não se Preocupe, Nada vai Dar Certo! é um filme despretensioso, regado por sensibilidade quase intangível. E não se trata aqui da premissa óbvia do filme, a relação entre pai e filho não é muito mais do que lona e picadeiro, o verdadeiro espetáculo não é a estrutura, mas sim os artistas.

O filme tem todos os pontos da comédia inocente, com farsantes que só conseguem por suas ações em prática na ficção. Ramon (Tarcísio Meira) e Lalau Velasco (Gregório Duvivier) dispõem de uma interação singular e persuasiva, cativando com as atuações de atores e farsantes improváveis. Ambos são dotados de uma naturalidade necessária, muitas vezes ausente nos filmes nacionais, uma vez que alguns atores estão por demais contaminados pelo modo de atuar das novelas, tal como se pode notar no caso da Flávia Alessandra.

O filme mescla constantemente três tipos de humor: o teatral, o stand up e o humor característico das chanchadas (há muito esquecido pelo público, além de ridicularizado pelas últimas gerações). Quanto ao primeiro, não apresenta problemas e tanto Tarcísio quanto Gregório não decepcionam. Já, no que diz respeito ao stand up (em português: “comédia em pé” ou “humor de cara limpa”), as piadas se confundem com a narração e a formação do perfil dos personagens principais, enquanto o filho Lalau faz da sua vida com o pai as risadas do público e o roteiro demonstra o seu primeiro ponto fraco: o estereótipo e o modo pelo qual foi exposto como cômico já não condizem com o que faz rir o novo público. O lado chanchada sofre pelo mesmo motivo do stand up, corroborando o apelo saudosista da personagem (e também diretor) de Hugo Carvana.

Não se Preocupe, Nada vai Dar Certo! é um filme ingênuo, travestido de comédia popular, mas que só irá comover àqueles minimamente cientes da história do humor brasileiro ou àqueles que reconhecem o valor das palavras da canção tema (Corda Bamba): “O palhaço aceita a torta na cara, desde que se faça rir.”

Saiba mais sobre o filme Não se Preocupe, Nada vai Dar Certo.


Por Laísa Trojaike

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