O Homem do Futuro

Publicada em 29/08/2011 às 14:59

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E “nem foi tempo perdido”! O Homem do Futuro faz jus ao verso da composição de Renato Russo, interpretada por Wagner Moura e Alinne Moraes na cena central do filme, que rendeu, inclusive, um clipe. A sci-fi nacional é mais uma prova do que já eram fatos comprovados: a versatilidade de Wagner Moura, a beleza e sensualidade de Alinne Moraes, a ousadia de Cláudio Torres e a hollywoodização do cinema nacional.

Wagner Moura interpreta Zero, ou melhor, vários Zeros: o adolescente gago (bobo e apaixonado), o cientista brilhante (porém mentalmente perturbado e amargurado) e um Zero de um futuro alternativo onde tudo deu errado. Em mais uma amostra de talento, Wagner não precisa se esforçar para transmitir cômica inocência, caricata insanidade, obsessividade e seriedade (“Todos os dias quando acordo não tenho mais o tempo que passou”), concedendo ao personagem a leveza necessária, indispensável numa obra tão passível de instabilidades. Os demais componentes do elenco surgem como catalisadores que, na medida certa, conduzem o experimento ao resultado esperado.

Com roteiro e direção de Cláudio Torres (A Mulher Invisível), O Homem do Futuro indica a consolidação da ficção no cinema nacional, que vinha sofrendo críticas injustas por parte das massas. Seria um excelente passo no desenvolvimento do nosso cinema, não fosse a insistência em inserir padrões alheios aos nossos costumes ao travestir-se com situações e trejeitos hollywoodianos. Por que não um estilo próprio? Além do mais, Cláudio Torres, ainda insistindo na mesma inspiração, transforma os personagens em criaturas caricatas e bastante delimitadas.

A fórmula não dá errado, é capaz de entreter e prender a atenção do espectador. O fator mais sujeito a problemas é o  melhor sucedido: o roteiro. Quando o assunto é viagem no tempo, qualquer deslize é suficiente para corromper toda a estrutura da trama e é justamente aí que topamos com o maior mérito de Cláudio Torres. A trajetória de Zero não é simples e conta com noções sofisticadas de tempo, mérito ainda maior ao evitar o didatismo exagerado, dando somente elementos suficientes para que o espectador, por si próprio, compreenda todos os detalhes e sutilezas que nos são dados.
Possui uma fotografia agradável, optando por tonalidades diferentes para situar o contexto temporal, com efeitos sensatos e livres de cores espalhafatosas, além de uma montagem excelente, composição indispensável na estrutura do roteiro. O maior erro fica reservado à trilha, que tenta gerar emoções dissonantes do contexto em que se encontra inserida e, não bastasse isso, as canções parecem ter sido escolhidas numa brincadeira de “uni, duni, tê”.

O Homem do Futuro não é tão nosso quanto poderia ser, mas é uma experiência ótima, mais que uma ficção, é uma comédia bem sucedida e sem as comuns apelações sexuais ou o palavreado vulgar. Uma ficção inteligente, um encorajamento e uma surpresa. “E o que foi prometido, ninguém prometeu. Nem foi tempo perdido.”!

Saiba mais sobre o filme O Homem do Futuro.

Por Laísa Trojaike

Comentários (3)





thaty comentou: esse filme é legal tabem ´legal saber que alguem de fato pode voltar ao passado adorei muito meus parabens
Nota
23/10/2011 | Responder

milayne de vasconcelos comentou: EU ASSISTIR E ADOREI MUITO Nota
18/09/2011 | Responder

victor albuquerque comentou: acho que deve ser legal esse filme mesmo eu nao tendo visto Nota
16/09/2011 | Responder