O Lorax: Em Busca da Trúfula Perdida

Publicada em 18/04/2012 às 01:06

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Inicia-se a sessão. Primeira pergunta: onde estão as crianças? Em qualquer lugar, exceto na sala de projeção do cinema. Teriam os pais relacionado o nome “Lorax” com lorazepam? Ou simplesmente consideram filmes como Alvin e Os Esquilos 3 mais educativos do que algo que é fruto da obra de Dr. Seuss? A qualidade de uma animação é, geralmente, inversamente proporcional ao número de crianças na sessão. Por quê? Gostaria que algum especialista respondesse.
 
The Lorax é o título de um livro publicado por Dr. Seuss pela primeira vez em 1971 e que ganhou uma adaptação homônima animada em 1976. O Lorax: Em Busca da Trúfula Perdida reproduz quase que fielmente as obras originais (livro e desenho animado). As pouquíssimas e quase imperceptíveis alterações que são feitas ao acaso, tais como a vestimenta e voz de Umavezildo (El Helmes soa muito menos autoritário e arrogante que Bob Holt), não influenciam o curso da história e, em momento algum, empobrecem a obra. Ao contrário, acrescentam! Umavezildo deixa de ser o verdadeiro vilão (passando o cargo para o Mr. O’Hare), ganha um pano de fundo psicológico realmente sólido e faz de si o reflexo de alguns de nós: humanos que olham com profundo arrependimento para os efeitos de seus atos de dominação da natureza.
 
Uma ideia completamente independente dos criadores do longa é a cidade Thneedville, governada por Mr. O’hare, que certamente é uma peça muito bem posicionada, embora unidimensional. A obra original conta somente com a lição de Umavezildo que ignora, por ganância e duvidosa inocência, as consequências de seus atos destruidores. Umavezildo se arrepende de seus atos. Por outro lado, Mr. O’Hare é o típico capitalista contemporâneo (e falo sem nenhum tom de marxismo): gera a destruição da natureza conscientemente e ainda se aproveita da situação para faturar sem o menor ressentimento. A contraposição de personagens é em demasia válida, visto que, de 1971 a 2012, muito mudou.
 
Enquanto o vilão reflete, em grande medida, personagens políticos reais, Thneedville fica como um alerta para um futuro belo, porém distópico: compraremos ar limpo e viveremos cercados por objetos artificiais que simulam a natureza de outrora. Por que ter uma árvore que suja o seu jardim com folhas secas quando pode ter uma árvore super tecnológica de plástico?
 
Tecnicamente, a animação restaura o antigo colorido e faz surgir visualmente nas árvores (ou trúfulas) características que foram disponibilizadas a nós apenas por palavras. Sem perder o traço original e acrescentando com primor detalhes aos personagens, O Lorax: Em Busca da Trúfula Perdida e Horton e o Mundo Dos Quem! ficam no mesmo patamar enquanto melhores adaptações (no sentido imagético) de livros do Dr. Seuss.
 
O longa foi impecavelmente mesurado de modo a não parecer infantil demais para os adultos, nem complexo demais para as crianças, o que, sob certo ângulo, pode ser um defeito. Grandes obras da animação dita infantil, como Rei Leão, não removem a complexidade do conteúdo. A profundidade é mantida, com o diferencial de uma linguagem cinematográfica digerível, ponto positivo de Horton e o Mundo Dos Quem!, que mantém o alto status da questão epistemológica sem a utilização de um roteiro comedido.
 
Com um 3D esmerado, de mero entretenimento visual e, por isso, dispensável, o filme tenta, a um mesmo tempo, atrair comercialmente e não fazer perder a parábola do Lorax. Qualquer espectador que ainda esteja com dúvidas, deve colocar de lado barreiras acerca da idade mental e se deixar entreter, mergulhar nos sonhos fantasiosos, acordar do pesadelo e, por fim, refletir. Essa é o poder e o objetivo (não comercial) desse filme e, mais do que nunca, isso deve ganhar força.
 
Saiba mais sobre o filme O Lorax: Em Busca da Trúfula Perdida
 
Por Laísa Trojaike

Comentários (2)





Elaine comentou: Adorei o filme, e discordo da laysa que diz que o filme não atrai tanto as cças.. meu sobrinho assiste esse filme pelo menos umas 3 vezes por semana. 03/03/2013 | Responder

vitoria comentou: eu achei muito legal o filme 23/12/2012 | Responder