O Pacto

Publicada em 09/03/2012 às 14:30

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Há alguns atores que se especializaram em destruir a própria carreira, seja por uma sequência de trabalhos sofríveis e de qualidade duvidosa (como Eddie Murphy) ou por problemas com drogas ou escândalos (Charlie Sheen). Nicolas Cage se enquadraria perfeitamente na primeira – e não deixa de ser curioso lembrar que o seu principal papel foi exatamente a encarnação de um alcoólatra, bem autodestrutivo como os atores da outra categoria, em Despedida em Las Vegas, que rendeu um Oscar de melhor ator em 1996.

Recentemente o ator norte-americano foi indicado ao famoso “Framboesa de Ouro”, prêmio dado aos piores do cinema. Cage concorre pela sua atuação em Caça às Bruxas, Fúria Sobre Rodas e Reféns, sorte a dele que a continuação de “Motoqueiro Fantasma” não tinha sido lançada quando foram anunciados os indicados. Em O Pacto (Seeking Justice – 2011), ele faz um cara perdido entre o que considera correto e o que a sociedade considera.

Will Gerald (Cage) é um professor que leva uma vida pacata ao lado de sua esposa, a bela Laura Gerard (January Jones). Só que um acontecimento irá abalar a sua vida: Laura é atacada por um maníaco, que brutalmente a estupra e a deixa em condições deploráveis. Enquanto aguardava no hospital esperando notícias sobre as condições de saúde de sua mulher, Will conhece o misterioso Simon (Guy Peace), um cara que pode fazer tudo aquilo que o protagonista faria, se a sua moral permitisse.

Simon se apresenta como um representante de uma organização que lida com pessoas da maneira deles, tirando do mundo todo o tipo de lixo e sempre procurando cidadãos que buscam justiça. O tal vingador propõe uma oferta tentadora: o seu grupo vai localizar o estuprador e dar um fim nele. O preço? Só um “favorzinho” na hora exata. Não demora muito e Will – que nada conta a sua esposa – fica sabendo que o criminoso foi exterminado e mal pode esperar as conseqüências disso.

Lógico, quando as coisas são fáceis demais, desconfie. E a conta chega para Will: Simon agora quer a retribuição, ele e seu grupo começam a cobrar esse favor da mesma maneira, Will deixa a tranquilidade de lado e por vezes se torna um cara tão criminoso quanto o que machucou a sua mulher. Ele começa a se fazer questionamentos sobre a sua idoneidade e se valeu à pena confiar nesses caras, já que a dívida é custosa. Aos poucos vai também conhecendo outras pessoas nas mesmas condições dele, que acreditaram cegamente em uma caridade de justiceiros.

O filme, que poderia ter explorado muito mais esse lado psicológico da premissa sobre um simples cidadão que não pediu por um favor e depois tem que pagar por isso – como em “Pacto Sinistro” de Alfred Hitchcock – é suficientemente interessante para entreter e de resto acaba caindo naquilo que já estamos acostumados a ver Cage fazendo: balas e perseguições totalmente esquecíveis. Se não é consagrador ou marcante, também é nada nocivo a sua carreira ou merecedora de uma indicação ao “Framboesa 2013”.

Saiba mais sobre o filme O Pacto.

Por Jean Garnier

Comentários (1)





hitallo pimentel comentou: quem deu foi um idiota que não sabe ver o verdadeiro ator . 04/07/2012 | Responder