O Zelador Animal

Publicada em 17/10/2011 às 15:38

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Crítica O Zelador Animal

Tudo bem ser um filme família, repleto de fantasias infantis, mas não tenho conhecimento de alguma regra do mundo cinematográfico hollywoodiano que sugira que os filmes desse gênero devam testar a paciência e a inteligência dos espectadores. Um filme família, como já insinua o gênero, deve envolver tanto as crianças quanto os adultos. Não basta que haja animais falantes para que um roteiro fique engraçado. Na verdade, isso pode até por tudo por água abaixo.

Pode-se dizer que Kevin James é um bom ator de comédia, mas não como protagonista. Nada original, ele segue o estilo Adam Sandler de atuar, roupagem interessante quando se é coadjuvante. James, patético nesse roteiro fraco e sem atrativos, remete àquelas comédias da década de 1990 com animais inteligentes. A evolução do cinema traz consigo o aprimoramento cognitivo do espectador (mesmo que minimamente). Ora, é cada vez mais difícil surpreender e fazer rir.

Animações como Madagascar e Shrek tomaram conta com sua originalidade e inteligência, pondo filmes como o em questão numa posição bastante complicada. São raros os artistas que chegam ao patamar de Chaplin, Gene Wilder, Leslie Nielsen e Rowan Atkinson, lendas que parecem ter saído da mente de William Hanna e Joseph Barbera.

O roteiro tenta a redenção através da dublagem, que, no original, em inglês, conta com grandes nomes como Nick Nolte (Gorila, que integra uma das pouquíssimas cenas engraçadas do filme) e Sylvester Stallone (Leão), no entanto a empreitada não obteve bons resultados, afinal, não há ator ou dublador que transfigure péssimos diálogos em piadas hilárias. Dado o fracasso de bilheteria lá no país dos hambúrgueres, a produtora lançou o longa no Brasil somente em cópias dubladas (com Marcelo Adnet dando voz a alguns dos animais), numa tentativa de reduzir a “obra” a filme infantil, afinal, crianças são mais tolerantes a absurdos e mais facilmente iludidas. E antes que pensem que me refiro ao fato de animais falarem, antecipo-me: o absurdo se encontra nas reações da personagem de James às lições das adoráveis bestas.

O Zelador Animal tenta resgatar um estilo fadado ao fracasso, ou reservado somente a grandes mestres da comédia (a maioria, infelizmente, já falecida). Talvez o único legado do filme seja desencorajar os cinemas menores a ocupar suas sessões com esse tipo de comédia privada de qualquer futuro promissor. Ou, quem sabe, os roteiristas e diretores, enfim, se envergonhem e tratem de reerguer esse gênero capaz de fazer uma família inteira sonhar e se entreter novamente com contos de fadas.

Saiba mais sobre o filme O Zelador Animal.

Por Laísa Trojaike

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