Os Descendentes

Publicada em 27/01/2012 às 14:29

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As dificuldades de se relacionar com os próprios sentimentos, principalmente quando a cabeça está envolta em quase numa insanidade inundada de humor negro.  Essa é a ideia central de Os Descendentes (The descendants – 2011) com direção de Alexander Payne (Sidways – Entre Umas e Outras).

Matt King (George Clooney) é um marido e pai confuso, ele trabalha muito e não sobra muto tempo para sua mulher e filhas. Além disso também é advogado que mora no Havai e desde o século 19, a família dele é dona de um pedaço da ilha de Kauai, como em poucos anos eles deixariam de ter o dominio da região, predentem vende-la.

Como King é o único depositário de confiança, é ele quem tem a palavra final de decidir se vende ou não os 25 mil acres daquele paraíso. De início ele é favorável a venda, só que ele ouve dos humildes moradores da região para não negociar as terras à especulação imobiliária que só visa o lucro. E agora, a quem dar ouvidos? A família - a quem ele tem um enorme desdem - ou aos politicamente corretos da região?

Na verdade, essa é a menor das dores de cabeça de King. Os grandes problemas que o fazem ser um cara um tanto atordoado são a sua mulher Elizabeth (Patricia Hastie), que sofreu um acidente de barco e está em coma e as suas filhas, a amável Scottie (Amara Miller) e a temperamental Alexandra (Shailene Woodley) também o importunam.
A primeira arruma uma encrenca na escola, já Alexandra é a típica adolescente mal agradecida, carregada de mágoa e raiva. Ela vê o pai como um banana e, aos poucos, vai revelando alguns segredos que a sua mãe escondia de Matt. O principal deles é que Elizabeth tinha um relacionamento extraconjugal.

Não contente, o protagonista confronta essa fofoca com um casal de amigos e fica sabendo que o nome dele é Brian Speer (Matthew Lillard) e seu grau de parentesco, irá influenciar o protagonista em uma decisão. Pronto, qual o tipo de sentimento que ele vai ter por uma pessoa que está em estado vegetativo deitada em um hospital após saber dessa traição?

Ao mesmo tempo que ele e Alexandra começam a especular sobre o motivo da traição, King tem que ficar engolindo o mau humor e o descarrego de ressentimento do seu sogro, Scott Thorson (Robert Foster) – que a todo instante joga na cara que se King tivesse sido menos muquirana, Elizabeth não estaria naquelas condições - e as brincadeiras de Sid (Nick Krause), um namoradinho que a filha leva a tiracolo.

“Não se deixe enganar pelas aparências”, revela o personagem de Clooney no começo do filme referente a visão que o mundo tem da boa vida que se leva no Havai. Essa frase também se encaixa perfeitamente no clima de Os Descendentes, deixando claro que todo e qualquer tipo de sentimento é algo que se muda rapidamente e cenas cômicas logo se transformam em momentos profundamente tristes e por vezes até dolorosos.

Saiba mais sobre o filme Os Descendentes.

Por Jean Garnier

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