RED - Aposentados e Perigosos

Publicada em 25/11/2010 às 18:15

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Obs: Não recomendo a leitura à quem ainda não teve a oportunidade de assistir. Contém spoilers.
Despretensão. Essa é uma palavra chave para distinguir RED - Aposentados e Perigosos da última tentativa hollywoodiana de apresentar velhinhos na ativa. Enquanto aquele filme do Mr. Balboa (ou Rambo, como preferir) se vestia com uma capa de arrogância e mantinha uma seriedade desnecessária e tola, este longa em questão, comandado pelo pouco conhecido Robert Schwentke (Plano de Vôo) e inspirado (não baseado) em uma graphic novel de Warren Ellis e Cully Hamner, já nasce pelado.

Pois bem... Nos segundos iniciais, ao olharmos para o agente aposentado da CIA Frank Moses (Bruce Willis), já é possível sentir o quão à vontade o ator está. Propositalmente e, claro, limitado às suas expressões de John McClane, Willis consegue passar confiança já nos primeiros instantes, quando se mostra um sujeito metódico e sob o encanto da voz de Sarah (Mary-Louise Parker), ao telefone, esta que é a encarregada de resolver seus problemas relativos à pensão. E é rasgando os cheques da sua aposentadoria que ele consegue estar sempre em contato com a moça. Logo, a casa de Moses (ou seria McClane?) é atacada por um grupo armado, sendo-lhe imposta uma fuga enérgica... o que só prova que aquele senhor ainda é duro de matar. Então, sem delongas e após fazer Sarah de refém (quase com consentimento), parte em busca dos seus amigos e ex-companheiros de profissão Joe Matheson (Morgan Freeman) e Marvin Boggs (John Malkovich), reunindo, também, Victoria (Helen Mirren) e Ivan Simanov (Brian Cox).

Em meio a um roteiro que não se aprofunda em qualquer personagem, nem mesmo quando é revelado por Joe o câncer que toma o seu fígado (mas observem o cuidado da equipe técnica nos olhos um pouco amarelados de Freeman nesse momento), sobressai-se a capacidade do elenco e a forma espontânea como estão dispostos à diversão. E é, sem dúvida, o elenco que carrega o longa nas costas.

Willis, como já dito, interpreta o seu alterego de toda a vida. Freeman, mesmo não tendo espaço para demonstrar o seu real talento, encarna um Joe muito leve e, até mesmo, palpável. Parker constrói uma personagem divertida mesmo prejudicada pelo roteiro que, inicialmente, parecia a manter sempre contente por sair da rotina de supervisora e passar a viver algo mais (bem mais) emocionante, o que vai ficando em segundo plano. Mirren (espetacular) e Cox (com um sotaque russo bem carregado) exalam leveza e parece que nunca estiveram tão à vontade. Enquanto Malkovich, liberado ao overacting, é o maior destaque, vivendo um agente deturpado por onze anos de doses diárias de LSD (observem a expressão de Marvin quando Joe diz que estão juntando o bando novamente e, da mesma forma, como ele reage quando se vê ladeado por dois seguranças).
Infelizmente, a produção preferiu investir todos os recursos no elenco protagonista, quase que esquecendo do lado antagônico. É válido ressaltar a boa participação, mesmo sem o efeito dos REDs, de Karl Urban como William Cooper. Urban consegue fazer fluir sua personagem mesmo aterrado pelo inabalável quinteto (ou sexteto) e, por vezes, mostra-se em sintonia (a olhada dele para a personagem de Mirren, já ao final da projeção, é divertidíssima e fecha muito bem a sua atuação). O saudoso Richard Dreyfuss decepciona em sua rápida participação e a fraca Rebecca Pidgeon continua... fraca. Porém o que mais decepciona é a escolha de Julian McMahon para viver o vilão e vice-presidente Stanton. McMahon, que já se mostrara inexpressivo nos esquecíveis filmes do Quarteto Fantástico (onde viveu o Dr. Doom), não causa nenhum impacto e sua presença, com isso, incomoda e prejudica o que deveria ser o clímax do filme.

A equipe técnica é confusa. A trilha sonora alterna entre bons momentos e a obviedade de enaltecer com clareza excessiva as sequências tensitivas. A montagem e a edição pecam ao acelerar os cortes, o que dá uma mobilidade fast forward algumas vezes, além de nunca justificar a escolha dos cartões texturizados (mesmo que sejam provenientes da graphic novel). Os efeitos especiais, particularmente quando exibem fogo, não foram muito bem realizados. E a fotografia é irregular e pouco cuidadosa, principalmente nas cenas externas.

Apesar dos pesares, RED - Aposentados e Perigosos diverte e em momento algum é prepotente ou pretensioso. É um exemplar desprovido de qualquer arrogância ou vestimenta preconceituosa. É, portanto, um filme pelado. Nu de vácuos descerebrais e, aqui, sim, pode ser dito, repleto de velhinhos (e uma velhinha) brincando no apropriado parque de diversões: o cinema.
Bons e ruins filmes para nós!

Saiba mais sobre o filme RED - Aposentados e Perigosos.

Por Sihan Felix

Comentários (5)





luis Barbosa comentou: Bons e ruins filmes para nós! só foi ruim pra voce!!!! 15/04/2013 | Responder

luis Barbosa comentou: todo filme tem seu geito!!! 15/04/2013 | Responder

luis Barbosa comentou: Obs: Não recomendo a leitura à quem ainda não teve a oportunidade de assistir. Contém spoilers.
Despretensão. Essa é uma palavra chave para distinguir RED - Aposentados e Perigosos da última tentativa hollywoodiana de apresentar velhinhos na ativa. Enquanto aquele filme do Mr. Balboa (ou Rambo, como preferir) se vestia com uma capa de arrogância e mantinha uma seriedade desnecessária e tola, este longa em questão, comandado pelo pouco conhecido Robert Schwentke (Plano de Vôo) e inspirado (não baseado) em uma graphic novel de Warren Ellis e Cully Hamner, já nasce pelado.

Pois bem... Nos segundos iniciais, ao olharmos para o agente aposentado da CIA Frank Moses (Bruce Willis), já é possível sentir o quão à vontade o ator está. Propositalmente e, claro, limitado às suas expressões de John McClane, Willis consegue passar confiança já nos primeiros instantes, quando se mostra um sujeito metódico e sob o encanto da voz de Sarah (Mary-Louise Parker), ao telefone, esta que é a encarregada de resolver seus problemas relativos à pensão. E é rasgando os cheques da sua aposentadoria que ele consegue estar sempre em contato com a moça. Logo, a casa de Moses (ou seria McClane?) é atacada por um grupo armado, sendo-lhe imposta uma fuga enérgica... o que só prova que aquele senhor ainda é duro de matar. Então, sem delongas e após fazer Sarah de refém (quase com consentimento), parte em busca dos seus amigos e ex-companheiros de profissão Joe Matheson (Morgan Freeman) e Marvin Boggs (John Malkovich), reunindo, também, Victoria (Helen Mirren) e Ivan Simanov (Brian Cox).

Em meio a um roteiro que não se aprofunda em qualquer personagem, nem mesmo quando é revelado por Joe o câncer que toma o seu fígado (mas observem o cuidado da equipe técnica nos olhos um pouco amarelados de Freeman nesse momento), sobressai-se a capacidade do elenco e a forma espontânea como estão dispostos à diversão. E é, sem dúvida, o elenco que carrega o longa nas costas.

Willis, como já dito, interpreta o seu alterego de toda a vida. Freeman, mesmo não tendo espaço para demonstrar o seu real talento, encarna um Joe muito leve e, até mesmo, palpável. Parker constrói uma personagem divertida mesmo prejudicada pelo roteiro que, inicialmente, parecia a manter sempre contente por sair da rotina de supervisora e passar a viver algo mais (bem mais) emocionante, o que vai ficando em segundo plano. Mirren (espetacular) e Cox (com um sotaque russo bem carregado) exalam leveza e parece que nunca estiveram tão à vontade. Enquanto Malkovich, liberado ao overacting, é o maior destaque, vivendo um agente deturpado por onze anos de doses diárias de LSD (observem a expressão de Marvin quando Joe diz que estão juntando o bando novamente e, da mesma forma, como ele reage quando se vê ladeado por dois seguranças).
Infelizmente, a produção preferiu investir todos os recursos no elenco protagonista, quase que esquecendo do lado antagônico. É válido ressaltar a boa participação, mesmo sem o efeito dos REDs, de Karl Urban como William Cooper. Urban consegue fazer fluir sua personagem mesmo aterrado pelo inabalável quinteto (ou sexteto) e, por vezes, mostra-se em sintonia (a olhada dele para a personagem de Mirren, já ao final da projeção, é divertidíssima e fecha muito bem a sua atuação). O saudoso Richard Dreyfuss decepciona em sua rápida participação e a fraca Rebecca Pidgeon continua... fraca. Porém o que mais decepciona é a escolha de Julian McMahon para viver o vilão e vice-presidente Stanton. McMahon, que já se mostrara inexpressivo nos esquecíveis filmes do Quarteto Fantástico (onde viveu o Dr. Doom), não causa nenhum impacto e sua presença, com isso, incomoda e prejudica o que deveria ser o clímax do filme.

A equipe técnica é confusa. A trilha sonora alterna entre bons momentos e a obviedade de enaltecer com clareza excessiva as sequências tensitivas. A montagem e a edição pecam ao acelerar os cortes, o que dá uma mobilidade fast forward algumas vezes, além de nunca justificar a escolha dos cartões texturizados (mesmo que sejam provenientes da graphic novel). Os efeitos especiais, particularmente quando exibem fogo, não foram muito bem realizados. E a fotografia é irregular e pouco cuidadosa, principalmente nas cenas externas.

Apesar dos pesares, RED - Aposentados e Perigosos diverte e em momento algum é prepotente ou pretensioso. É um exemplar desprovido de qualquer arrogância ou vestimenta preconceituosa. É, portanto, um filme pelado. Nu de vácuos descerebrais e, aqui, sim, pode ser dito, repleto de velhinhos (e uma velhinha) brincando no apropriado parque de diversões: o cinema.
15/04/2013 | Responder

luis Barbosa comentou: e É um Filme Sua Besta!!!! 15/04/2013 | Responder

luis Barbosa comentou: velhinhos lendarios 15/04/2013 | Responder
luis Barbosa respondeu: que burrice 15/04/2013