Tão Longe é Aqui

Poster do filme Tão Longe é Aqui
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Sinopse

A partir de memórias guardadas de uma longa viagem, uma carta é enviada para o futuro. Sozinha, longe de casa e às vésperas de completar 30 anos, uma brasileira parte em uma jornada pela África. Na carta para sua filha, ela conta dos encontros com mulheres que vivem em suas culturas e tempos. Um diário, um road movie e um convite a todas as pessoas que lideram seus próprios caminhos.

Imagens e Fotos

Comentários (1)






Maria Célia Chaves Ribeiro comentou: Obrigada Eliza Capai pelo filme Tão Longe é Aqui / Here is So Far

Eliza tem enfrentado os dramas da 'civilização' que a afligem em seus mergulhos em universos femininos diversos, ao longo de sua trajetória guerrilheira de documentarista.

Em seu filme Tão Longe é aqui ela nos traduz, em imagens e palavras, trágicos cotidianos de mulheres africanas que nos causam estranhamento, de maneira familiar.
Ela tece esta familiaridade com suas personagens ao documentá-las com um olhar que se sabe outro, dirigido ao desconhecido com desejo de encontro. O registro das rotinas dessas mulheres e crianças é intercalado por imagens locais de uma visada de turista que vagueia por cenas aprazíveis ou incompreensíveis. Esta observação erradia pelo entorno se contrapõe à atitude de olhar as personagens como quem olha nos olhos, buscando uma empatia. Assim, quando as escutamos as encontramos, quando entramos em suas habitações singelas nos emocionamos com suas estéticas afetivas. Tornamo-nos cúmplices.

Outro componente do enredo do filme nos leva a esta familiaridade. Trata-se da inserção de seu imaginário como personagem, apresentado através de pesadelos e de ficções, em diálogo com a realidade experimentada, que compõem as cartas que escreve para sua filha. Seu imaginário, desnudado em toda sua fragilidade e inquietação ao longo da trama, tece uma interlocução existencial entre o externo e o interno. Esta atitude coloca a diretora sentada ao nosso lado no cinema como expectadora de um filme dentro do filme, digamos, As Africanas, dialogando conosco suas questões, sentimentos, medos e sonhos. Assim, em contraposição, entramos no filme como personagens de uma cultura, como as africanas filmadas.

A sequência adotada dos países visitados instaura um ritmo de tensão crescente. Iniciado em Cabo Verde, mais familiar, passando por Marrocos, por País Dogon, momento de estranhamento máximo e inflexão no ritmo do filme, terminando na África do Sul. Neste país as personagens entrevistadas, em contraste à exausta protagonista, encaram as adversidades e afirmam com alegria a vida.

O filme nos remete ao encontro com a condição humana de enfrentamento com o que de trágico possui a existência. Recoloca-nos no chão. Desfaz um virtual que nos induz a pensar que a existência só faz sentido se trilhada em uma linha horizontal de felicidade e consumo, sem contratempos ou imprevistos, em um cenário televisivo ascético, composto por produtos de última geração, móveis brand news, ruas caóticas abstraídas dentro de carros luxuosos. Espaço ideológico onde não cabem os que não atingem o patamar de consumo veiculado. Onde exterminar o que não cabe faz parte de uma higienização salutar. O filme desfaz sensações de inutilidade do humano e de banalização da violência sobre os corpos, oriundas da lógica capitalista fundamentada na produção de mais valia e de consumidores.

Eliza foi tão longe para encontrar seu próprio território corpo, este que abarca as contradições de sua cultura. Em sua bagagem trouxe-nos, com suas personagens africanas, uma identidade que nos une como seres humanos em jornada por este planeta, parodiando o guia Argeliano do filme.
Nota
13/11/2013 | Responder