A sétima arte na era do Google

Publicada em 06/05/2014 às 16:43

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Na era de “ouro” do cinema, por volta da década de 60, os filmes apoiavam-se em roteiros bem estruturados, aonde o cinéfilo tinha que exercitar a concentração para entender os rumos de cada cena, os diálogos eram bem elaborados aonde exigia-se do ator(a) uma maior doação em cena, ou seja a estrutura principal de um filme, a sua “espinha dorsal”, era constituída por uma boa história, diálogos memoráveis e atuações de puro talento, e uma montagem de cenário e fotografia, baseados em muito esforço e apreço aos detalhes, pois não existia a computação gráfica.

O espectador da época, era mais desbravador da 7° arte, pois conseguia permanecer assistindo a um filme de até 4 horas, é óbvio que películas como Ben-Hur e os “10 mandamentos” tinham seus clássicos intervalos, porém a dificuldade de informação da época, tornava a sociedade mais paciente e “degustadora”.
 
Até o final dos anos 90, a inspiração dos clássicos do passado, ainda movia alguns filmes como A Lista de Schindler do renomado Steven Spielberg e Titanic de James Cameron, que prenderam a atenção de espectadores do mundo todo por mais de três horas, usando-se da “espinha dorsal” acima citada, porém com uma dose de tecnologia, sem alterar a qualidade e paixão que move os bons e velhos clássicos da 7° arte.
 
Com a consolidação da internet no século XXI, e a ascensão de uma ferramenta de busca denominada “Google”, a busca por informação tornou-se muito mais prática, e visível diante dos olhos, em questão de segundos, e está facilidade que a internet proporciona em busca de informações, tendo no Google um símbolo, criou um novo tipo de espectador no cinema, alguém muito mais ansioso e dinâmico, que não suportaria ver com tanta paciência um filme com mais de 3 horas, ou uma estrutura cinematográfica, que se baseie apenas em um roteiro e atuações bem estruturadas, foi assim que muitos produtores de cinema mudaram o seu foco.
 
Hoje temos produções cinematográficas com um ritmo muito mais frenético em sua narrativa, como uma dose de “adrenalina” diretamente na veia do espectador, que vislumbra em tela uma direção muito mais focada em efeitos visuais que possam prender a atenção, sendo os atores figuras “decorativas” e meramente ilustrativas, tendo diálogos mais espertos com o uso dos famosos clichês, para dar mais tempo a explosões e sensacionalismo.
 
Não sou um saudosista chato, que bate na mesma tecla de que tudo que é do passado é melhor, porém acredito que um equilíbrio de estilos, um trabalho de maior criatividade que não vise apenas o lucro dos filmes em 3D, mas sim a qualidade da 7° arte e sua essência, usando-se do aprimoramento que a tecnologia pode proporcionar, acredito que possa ser o caminho, para a "geração google” absorver um legado mais consistente no cinema. 
 
Por Daniel de Jesus Modesto 
(Artigo enviado de forma colaborativa por um saudoso leitor do Cinema10)

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