Publicada em 14/05/2016 às 20:45
Ryan Reynolds conseguiu engatar um filme desastroso atrás do outro por muitos anos. Era até difícil saber como ele ainda conseguia trabalho depois de coisas como X-Men Origens: Wolverine, quando apareceu pela primeira vez como Deadpool, mas de uma forma constrangedora. Comédias ligeiras como A Proposta, e grandes produções como RIPD - Agentes da Lei e Lanterna Verde, jogavam mais terra sobre a cova de sua credibilidade...até que ele começou a acertar.
Em 2014 um pequeno filme independente chamado The Voices deu a Ryan a chance de fazer o que sabe melhor: ser esquisito. A impressão que temos é que, na Hollywood onde tudo é negócio, Reynolds estava na prateleira errada, sendo vendido da forma errada. Sim, com 1,90m, musculoso e bonitão, o ator não conseguia mostrar seu lado bizarro, inteligente, afiado, debochado e ultrajante. Em Mississipi Grind ele trabalha melhor ainda, como um jogador compulsivo.
E, em 2016, é claro, Deadpool chegou para dizer "Parece que o jogo virou, não é mesmo?" na carreira de Reynolds. Aos 39 anos, o canadense agora está na prateleira certa e tem tudo para continuar lá, acertando todas.
Assim como Kristen Stewart, Scarlet Johansson viu sua fama aumentar conforme sua credibilidade como atriz diminuía. Suas primeiras aparições em bons filmes foram em Ghost World e Encontros e Desencontros, onde ela aparecia mais como uma moça bonita e pensante, alguém sensível e integrado à história.
Apesar do início promissor, sua carreira desandou, ao menos no que diz respeito à qualidade. Johansson tornou-se um torso, uma boca, um rosto. Seus personagens em produções como Match Point, A Ilha e Dália Negra eram "viagras" ambulantes, dando à atriz muito pouco além de decotes profundos e falas ofegantes. Não que a atriz seja uma mera vítima de uma Hollywood machista, ela provavelmente fez um bom pé de meia interpretando pedaços suculentos de carne.
Mas a partir de Ela, onde empresta sua voz para o software por quem o protagonista se apaixona, Johansson parece mais determinada a trabalhar bem, mesmo que isso inclua não mostrar tanta pele quanto estamos acostumados a ver. Em Sob a Pele, por exemplo, ela interpreta uma alienígena que usa seu corpo para seduzir vítimas que serão devoradas por uma entidade sem forma definida. Parece ser nesse filme que ela ironiza o uso e abuso do próprio corpo e inicia uma fase mais complexa de sua carreira.
Bill Murray talvez seja o melhor exemplo do que é redefinir a própria carreira. Sem renegar o passado, o ator conseguiu deixar uma série de filmes irrelevantes para trás e, mesmo tendo o vergonhoso Garfield no currículo, tudo o que toca parece ganhar graça, ficar mais cool.
Nos anos 90 ele andava faazendo coisas como Kingpin - Esses loucos Reis do Boliche e Space Jam - O Jogo do Século, raspando o fundo do tacho de seu humor cínico, quando um jovem diretor surgiu em seu caminho: Wes Anderson. Em Três é Demais, de 1999, Murray interpreta um milionário entediado, traído pela esposa, odiado pelos filhos odiáveis, que se apaixona por uma professora e disputa a atenção da moça com um estudante.
O papel deu o tom que Murray seguiria a partir de então: melancólico, auto-depreciativo, descontente, mas determinado. A parrceria com Anderson é tão forte que, mesmo que seja em pontas, o ator está presente em todos os seus filmes. Outros títulos de destaque nos últimos 15 anos de sua carreira incluem, claro, Encontros e Desencontros, Flores Partidas e Segredos de Um Funeral.
Por Fabíola Cunha
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