Matrix & O Mito da Caverna

Publicada em 04/06/2015 às 13:23

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O filme Matrix foi lançado no ano de 1999 e se tornou uma daquelas produções que rendeu comentários e especulações, e que rende muito debate nos cine clubs. A ficção científica custou 65 milhões de dólares para ser criada, e o resultado final atraiu milhares de espectadores a cinemas do mundo todo.

Porém, existem algumas formas diferentes de assistir Matrix. Algumas pessoas podem vê-lo somente como mera ficção científica, mas, se analisarmos a obra com um olhar mais profundo, é possível percebermos que o roteiro carrega grande simbologia e muitos sentidos. É claro que, se fossemos fazer um diagnóstico e desconstrução mais radical do enredo, surgiria uma série de textos, ou um texto muito longo a respeito desse tema. Prova disso é que teses e livros referentes ao filme foram escritos desde o seu lançamento. Portanto, aqui, vou traçar apenas um paralelo sobre o filme com o Mito de Caverna, descrito pelo filósofo Platão.
 
O filme conta a história do personagem Neo, um homem que sempre sentiu que havia algo em sua vida que estava oculto de si. Um dia, Neo descobre o que era essa intuição que lhe atormentava diariamente: ele vivia preso numa ilusão. Essa fantasia era criada por um sistema de computadores e, tudo o que Neo havia visto até então em sua vida, era uma mentira que havia sido “jogada diante de seus olhos”. Para Neo poder escapar dessa ilusão, ele precisou tomar uma pílula vermelha, que era o caminho da verdade, que o levaria a enxergar as coisas como elas realmente são. O personagem leva um tempo para aceitar aquilo e digerir a verdade, até que, finalmente, aceita que está enxergando tudo o que sempre se omitiu.
 
O Mito da Caverna é uma passagem da obra “A República” do filósofo Platão. A narrativa conta sobre prisioneiros que desde seus nascimento são acorrentados no interior de uma caverna, e por essa condição, olham somente para uma parede iluminada por uma fogueira. A fogueira ilumina um palco no qual estátuas de homem, planta, animais, etc, são manipuladas, representando o cotidiano desses seres. Essa sombras, projetadas na parede são tudo o que os prisioneiros podem ver.
 
Imaginemos que um destes prisioneiros saia da caverna. Ele veria os seres lá fora e notaria que passou a vida inteira julgando apenas sombras e ilusões, desconhecendo a verdade, isto é, estando afastado da verdadeira realidade. No início, seus olhos doeriam como a luz do sol, e ele mal conseguiriam abri-los, mas depois, ele se acostumaria e contemplaria o mundo a sua volta. Ao retornar para a caverna, o fugitivo contaria para os prisioneiros a realidade que viu e a experiência que vivenciou.  Todos diriam que ele está maluco, pois eles não acreditam naquilo que, por mais que seja verdadeiro, não está diante de seus olhos.
 
Se compararmos as duas obras, notamos que existem inúmeras semelhanças. Neo era um prisioneiro, vivia adormecido e via apenas uma sombra da verdade, tal como os prisioneiros da caverna descritos por Platão. Para Neo alcançar a realidade, ele precisou tomar a pílula vermelha, ou seja, “se desprender da corrente” que o segurou a vida toda dentro de uma mentira. Além disso, há mais uma semelhança: notamos que o protagonista do filme, tal como o ex-prisioneiro de Platão, teve dificuldades em aceitar o “chamado” e perceber qual era a verdade que ele desconheceu por tanto tempo.  
 
Matrix pode ser visto como uma releitura do Mito da Caverna, e ambas as obras, são analogias para as nossas existências e merecerem serem vistas cuidadosamente para que possamos poder interpretar seus significados. Será que estamos vivendo o real? Ou vemos apenas sombras daquilo que existe? Talvez, devêssemos tomar a pílula vermelha para nos desacorrentarmos e tentar enxergas as coisas como elas verdadeiramente são.
 
Saiba mais sobre a série Matrix ou veja mais filmes de ficção científica!
 
Por Ju Vannucchi
(Artigo enviado de forma colaborativa por um leitor do Cinema10)

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