2 Coelhos

Publicada em 29/01/2012 às 01:15

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2 Coelhos certamente gera as mais estranhas reações entre o público brasileiro. Alguns irão às salas com o intuito de conferir uma obra (em muitos aspectos) pioneira no cinema nacional, porém outros se recusarão a, pelo menos, assistir ao longa, sob o pretexto de que ele se faz “americanizado” demais.

Cabe, aqui, um desabafo. O público brasileiro tem frequentado com considerável frequência as sessões de filmes nacionais, graças a grandes sucessos do nosso cinema. Mas isso só é válido quando o espectador julga que a obra em questão é brasileiríssima. Qualquer vestígio de contaminação hollywoodiana já é motivo de sobra para execrar o diretor e a sua produção.
Se visto sob profunda análise, 2 Coelhos não é um grande filme, mas é digno de grande respeito e admiração. O diretor e roteirista estreante Afonso Poyart expõe, com o frescor de um jovem e motivado profissional, todos os seus gostos e referências, recheando a película com cultura pop. O diretor se apropria de diversas linguagens cinematográficas e as funde com o universo dos games, dos quadrinhos e dos clipes musicais.

Como um bom e jovem aprendiz, Poyart experimenta diversas referências, sendo possível encontrar influências de diretores “gringos” como Zack Snyder (em especial Sucker Punch – Mundo Surreal, além da inserção de cultura pop e grandiosas pós-produções) e Guy Ritchie (com seus detalhes em slowmotion), além de influências óbvias dos brasileiros José Padilha e Fernando Meirelles, que mostram em suas obras-primas a crueza da nossa realidade por vezes violenta e permeada por corrupção.

Com um roteiro muito bom e uma montagem excelente, 2 Coelhos nos conduz por uma narrativa frenética e adequadamente reveladora. Sob uma narração esquemática e pouco pedagógica, os elementos centrais da trama são expostos de forma crua e incisiva. Há, portanto, um conflito entre a proposta inicial do roteiro e o resultado final do filme. Enquanto a ideia era matar dois coelhos (bandidagem e corrupção), um terceiro elemento parece ofuscar a obra: a relação entre Edgar e Walter.

Certamente, Poyart exagerou nos elementos de pós-produção, fazendo com que a excelente premissa para a existência de efeitos por vezes fosse esquecida, supersaturando a obra.

A julgar pela proposta, cada ator desempenhou seu papel genuinamente, à exceção de Alessandra Negrini que, apesar de já ter um currículo considerável no cinema, ainda parece impregnada das formas de atuação de outros meios.
A trilha sonora se perde em meio a canções pop bastante conhecidas, porém adequadamente utilizadas. Poyart emprega o seu conhecimento e experiência com publicidade para causar impacto no espectador. Com tais artimanhas, o diretor é capaz de segurar até mesmo o espectador mais insatisfeito na poltrona do cinema.

Ao contrário do que tem sido amplamente difundido pelo boca a boca, 2 Coelhos não é o primeiro grande filme de ação nacional. Tropa de Elite (1 e 2) e Cidade de Deus são ações originalmente nacionais de qualidade superior a 2 Coelhos, mas a empreitada de Poyart é um grande passo para o nosso cinema, uma vez que houve a ousadia de experimentar e por a prova o que não é comum por aqui.
Poyart tornou-se uma promessa e uma esperança. Seu cinema repleto de referências e um tanto carregado de elementos visuais deve ser lapidado para que evolua e tome forma própria, de modo que, quando surgir o momento do parricídio (no sentido socrático do termo), possamos ver o nascimento de um novo excelente cineasta.

Saiba mais sobre o file 2 Coelhos

Laísa Trojaike

Comentários (4)





João Paulo comentou: Assisti mais uma vez e achei ainda melhor,porque entendi partes da trama que haviam passado batidas. Não acho que Tropa de Elite tenha qualidade superior.De onde vc tirou isso? 2 coelhos trouxe muitos diferenciais enquanto o outro foi feito para uma platéia menos exigente, além de que a Globo ficou bombardeando propaganda em cima danossa cabeça. 02/12/2012 | Responder

jair comentou: Pra quem vê somente quinze minutos,como disse a colega, realmente pode parecer sem "entusiasmo", mais vejam até o fim. É sem duvida um dos melhores filmes e roteiro do cinema brasileiro. 10/10/2012 | Responder

Ana Carolina comentou: Filme de ação nacional muito bom! Nota
05/06/2012 | Responder

Raquele comentou: Uma porcaria ,um filme que sem entusiamos. quando comecei a assistir nos 15 primeiros minuto queria ir em bora da sala. Só não fui por que tinha pago o ingresso, mais não recomendo pra ninguém. Nota
06/03/2012 | Responder