À Beira do Abismo

Publicada em 01/02/2012 às 17:26

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O que tinha muito para ser um excelente thriller psicológico, repleto de diálogos inteligentes, não se mantém como uma boa promessa e se resume a nada além de mais um filme facilmente digerível e de rápida absorção. À Beira do Abismo não aproveita a oportunidade, os atores, os recursos técnicos e desafia o espectador a ser mais esperto que a própria trama (uma tarefa bastante simples).

O desconhecido diretor Asger Leth pouca escolha teve perante o precário roteiro de Pablo F. Fenjves, acostumado a escrever para filmes que são lançados diretamente na televisão, o que explica o aspecto “Supercine” do longa (após a sessão de cinema você já pode redublar os trailers com descrições genéricas como “uma surpreendente história repleta de ação e mistério!”).

Não é surpresa que Sam Worthington permanece sem conseguir cativar, sua expressão é tão escassa que, se enfim ele pulasse, ninguém iria derramar sequer alguma lágrima (e não poderia contar com nenhum recurso da trilha para tal). Enquanto isso, ficamos intrigados com a presença de Elizabeth Banks (o destaque da projeção), Jamie Bell (seria esse tipo de papel o que restou para o pequeno Billy Elliot?) e, principalmente, de Ed Harris no longa. O incrível Ed, que já viveu o artista Jackson Pollock nas telonas, parece estar fazendo um “bico” nessa produção capenga. Tantos talentos em papeis que pouco exigem e que seriam excelentes trampolins nas carreiras de atores menos experientes. Obviamente, a única conclusão disso é que, ciente da precariedade do roteiro, o chamariz maior seria a inserção de atores conhecidos para garantir uma boa bilheteria.

Embora não tenha um ritmo tão tenso e não seja assim tão surpreendente (até mesmo porque os vídeos de publicidade trataram de nos conceder um enorme spoiler), o filme é capaz de prender o espectador atento ao passatempo. Investindo em jogos visuais para dar a sensação de vertigem e aproveitando a crítica sobre a sociedade (e, em especial, o jornalismo) sensacionalista, À Beira do Abismo aposta em uma história com dois lados decentemente amarrados e sem muitas pontas soltas. O maior descuido da parte técnica e da direção foi o desleixo com a questão sonora, onde uma explosão é estranhamente acobertada pelo grito da multidão e diálogos dos policiais, proferidos em alto e bom som, não sou ouvidos pela “vítima” que está a poucos metros, no parapeito.

Daí esse ser um filme mediano. Em certa medida tenso, em certa medida inteligente, em certa medida cativante. O suficiente para comer uma pipoca naquele dia em que a mente está cansada demais para pensar e tudo que se quer é uma distração de fácil assimilação. Pode não valer o ingresso mais caro da semana, mas, quem sabe, uma meia-entrada ou uma promoção.

Saiba mais sobre o filme À Beira do Abismo.

Por Laísa Trojaike

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