A Fita Branca (2)

Publicada em 12/02/2010 às 18:08

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Fita Braca

Em  “A Fita Branca” (Das weisse Band - 2009) estranhos fatos amendontram uma pacata aldeia protestante situada ao norte de uma Alemanha pré Primeira Guerra Mundial. Com a sucessão desses eventos sem nenhuma explicação, o diretor austríaco Michael Haneke novamente apresenta uma trama envolvida por mistérios, como o seu também  aclamado filme “Caché” de 2005, ao mostrar como a violência pode prejudicar muito além dos seus objetivos primários.

Toda a friesa e a culpa coletiva são retratadas em preto e branco e narradas por um personagem central: o jovem professor (Christian Friedel). Ele avisa que não sabe o que é boato, mas que não irá fazer nenhuma revelação ou tirar conclusões porque muita coisa permanece obscura até hoje. O sistema desse vilareijo é totalmente hierárquico, todos executam suas funções e os adultos são conhecidos pelos seus cargos: o Pastor, o Barão, o Fazendeiro. Toda intransigência moral começa quando o médico (Rainer Bock) é hospitalizado depois de o cavalo que montava tropeçar num fio quase invísivel entre duas árvores na qual passava todos os dias.

A vida parece continuar, só que o médico que aparenta ser uma boa pessoa, entre paredes, mostra toda a sua crueldade com sua amante. As crianças e as mulheres desse local são sempre severamente punidas para qualquer pequeno ato de infração. A tal fita branca é usada para mostrar que os menores cometeram erros e que agora estão dispostos a serem bons. Já as ações dos homens são sempre mantidas confinadas no abafo, como se eles fossem santos. Tempos depois, o celeiro do Barão é incendiado. Quem são os culpados? Não há pistas e não sabemos onde a maioria das pessoas estavam em diversos momentos determinantes.

O silêncio sinistro que envolve a coletividade é cortado pela notícia do assassinato de Francisco Ferndinando, arquiduque da Áustria, em Saraievo. Por mais que possa deixar mistérios insolúveis, A Fita Branca faz um paralelo entre esses acontecimentos com os anos sanguinários e facistas que a Alemanha passaria e toda incerteza momentânea deixa rastros de como a tragédia pode terminar. A produção, às vezes, parece cair na monotonia e quem prefere algo mais agitado, pode se decepcionar um pouco. Venceu em maio do ano passado a Palma de Ouro no Festival de Cannes e é o favorito para ficar com o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Saiba mais sobre o filme A Fita Branca.

Por Jean Garnier.

Comentários (2)





Ana comentou: Isso não foi critica e sim resumo, péssimo! Nunca estrague as surpresas de um filme. Nota
23/06/2011 | Responder

Rui Lopes comentou: As interrelações sociais respaldadas no ódio e no medo, numa pequena vila alemã do início do século XX, poderia ser semelhante a qualquer uma outra que fizesse uso de normas religiosa para coagir crianças e jovens, paradoxalmente, acobertando a maldade dos adultos.
Uma obra de estética cartesiana, fria, contundente e bela em sua proposta , muito embora, acabe por se fragmentar em cenas múltiplas, sem, contudo, invalidá-la.Faz pensar.Inquietar. Redescobrir a intolerância em suas nuances mais abjetas: o domínio dos mais fracos pelos que não se fortaleceram no bonsenso.
Nota
13/06/2011 | Responder