Caminho Para o Nada

Publicada em 23/11/2011 às 18:55

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Um filme de intenção Cannesiana em seu resultado geral, com um roteiro que pende para o lado blockbuster hollywoodiano e com o molde aparente de um film noir. Essa é a mistura em que Caminho para o Nada se segura (aliás, o título não poderia ser mais sugestivo). Enquanto sua estrutura narrativa é ineficiente ao usar uma profundidade que, mesmo visível, jamais alcança, a sua aparência (fotográfica, sequencial e de planos) é, categoricamente, inspirada naqueles filmes vencedores (com menos méritos do que se imagina) do Festival de Cannes.

Escolhendo por guiar o roteiro de uma forma meditativa (sem bases para tal) que tenta ser segurada pela (auto)metalinguagem de um cineasta na posse de uma obra de potencial extraordinário, Monte Hellman (e suas décadas de experiências que renderam pouco mais de dez filmes), mostra a sua preferência pelo sepultamento do trabalho desde os primeiros instantes. Ao exagerar no caráter calmo de uma história quase confusa, a miscelânea de ficção e realidade é movida de forma lenta, tornando-se desmotivada em excesso. Essa alternativa duvidosa só encontra bons pretextos em raras e belas cenas. A sequência do pequeno avião em queda, que pode ser vista, em parte, no trailer (por isso, não deve ser considerada um spoiler), é um bom exemplo ao agregar um valor subjetivo contundente.

“De boas intenções o inferno está cheio, Sihan!” Minha falecida avó me falava muito isso. De fato, Hellman não é um homem das profundezas calorosas (como sugere seu nome), mas tem o que, originalmente, se dá ao demônio: o poder de persuadir. O diretor, ao incutir alguns (poucos) pontos chaves no decorrer, consegue prender o público e, certamente, esse é um mérito louvável (sem apologias ao capeta, por favor). Ainda, o cineasta utiliza o nome Mitchell Haven para batizar aquele que representa a si no filme, juntando inferno e paraíso em um só ser (o que, se fosse concreto, seria bem trash).

Contando com tudo, a experiência de assistir Caminho para o Nada é de quase fácil entendimento (após a chegada dos créditos). A fotografia interage com o ambiente e a trilha sonora se encaixa com destaque, inclusive em pequenos detalhes, quando isso é necessário. O maior problema é a doença causada por um vírus impiedoso e misterioso (?) que age muito rapidamente e é muito provável que você, que irá assistir, o contraia (ou o tenha contraído, se já assistiu). Age durante 121 minutos, mas tem seu auge entre os minutos 60 e 90. O sintoma mais poderoso: sono. Muito sono.

Mas a luta para se manter acordado(a) acorrentado(a) ao poder do Monte de Maionese Hellman deve vencer.

Bons e ruins filmes para nós!

Saiba mais sobre o filme Caminho Para o Nada.

Por Sihan Felix - @sihanfelix

Comentários (1)





roberto comentou: hoje os criticos parecem diplomatas, ficam fazendo media quando o diretor é badalado; sem coragem de dizer se o filme é um pé no saco, para que não apareça dez cinefilos dizendo que ele nao entendeu nada. pelo menos voce mostrou personalidade Nota
10/02/2012 | Responder