Coração Louco

Publicada em 04/03/2010 às 14:51

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Pode parecer uma mistura de Johnny Cash com Charles Bukowski, mas na verdade  trata-se de Bad Blake, protagonista de Coração Louco (Crazy Heart, 2009). Um decadente cantor de música country, com sérios problemas com bebidas,  interpretado de forma exemplar por Jeff Bridges, que provavelmente será agraciado com o Oscar de melhor ator do ano, repetindo feito do último globo de ouro .

Se esta façanha realmente se confirmar, não será por falta de merecimento, já que o personagem é o ponto alto da carreira do protagonista de O Grande Lebowski, fazendo justiça ao competente ator de 60 anos de idade, que colecionou papeis secundários em sua longa carreira, sempre atuando de forma competente. Por outro lado, se lembrarmos do ano passado, fato similar ocorreu com Mickey Rourke, vencedor do globo de ouro de melhor ator por sua interpretação em O Lutador, como o também decadente Randy “The Ram” Robinson, mas o ex-pugilista saiu do Oscar sem a estatueta, conquistada por Sean Penn. Agora é esperar pelo dia 07 de maço para saber se a maldição de Rourke vai permanecer.

O filme marca a estréia do (pouco conhecido) ator Scott Cooper como diretor/ Roteirista de longas metragens, que por sua vez optou por começar a trama apresentando o ex-superstar Country já em sua fase decadente aos 57 anos de idade, realizando  patéticos concertos em boliches e bares de segunda linha. Ao longo da história é apresentado  um pouco do passado do músico, descobrimos que foi divorciado por 4 vezes; tem um filho que não vê a 24 anos, além de uma difícil relação com seu ex-pupilo (vivido por Colin Farrell). Para tentar esquecer tantos conflitos  Blake passa os dias enchendo a cara de Whisky , até que a jovem repórter Jean Craddock (Maggie Gyllenhaal) entra em sua vida, começando assim uma relação que fará o cantor rever sua existência. O relacionamento em questão rende os melhores momentos da fita, tanto que a atriz foi merecidamente indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante.

Os diálogos do protagonista, por sua vez, são dignos de serem anotados em um caderninho para futuras citações, coisas do tipo: “É bom estar aqui, na minha idade é bom estar em qualquer lugar” no momento em que termina uma apresentação, ou no primeiro encontro com Jean em seu quarto desarrumado: "Quero falar sobre o quanto esse quarto pode parecer horrível quando você está dentro.”

Mesmo conseguindo um resultado satisfatório, Coração Louco acaba perdendo um pouco do ritmo da metade para o fim, talvez  pelo fato de ser um pouco previsível demais na reta final.

Porém, esta derrapada não compromete o bom desempenho  de todo elenco, que além de boas atuações, rendem convincentes interpretações das canções do longa (por parte de Colin Farrell e Jeff Bridges). Músicas estas que dizem muito sobre o perfil e os dramas do protagonista, funcionando como uma espécie de voz interior do personagem, se tornando  um deleite até mesmo para aqueles que não suportam country, garantindo o tom melancólico que o diretor propôs realizar.

Saiba mais sobre o filme Coração Louco.

Por Bruno Marques - http://brunocine.wordpress.com

Comentários (2)





eliseu comentou: simplesmente sensacionaleste filme! recomendo para todos... Nota
07/10/2011 | Responder

jura comentou: ótimo! muito bom mesmo, merecido o oscar. Nota
07/10/2011 | Responder