Crítica: Diana

Publicada em 17/10/2013 às 06:53

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Diana
 
 
 
O que aconteceu com Olivier Hirschbiegel? Eu me recuso a acreditar que o diretor desse arremedo de equívocos foi o mesmo que me cativou na gema pouco conhecida “A Experiência” (Das Experiment – 2001) e no excelente “A Queda – As Últimas Horas de Hitler”. O primeiro erro nasce na escolha do material que seria adaptado: um livro calcado em boatos e suposições típicas da imprensa marrom, escrito por Kate Snell, focado no relacionamento de Diana com o paquistanês Hasnat Khan. Dodi Fayed é reduzido a um fantoche que ela utiliza convenientemente para deixar Khan enciumado. O resultado pode ser descrito, sem exagero, como uma novela mexicana, dirigida com a elegância de Douglas Sirk.
 
Naomi Watts, por mais raso que seja o material que foi dado para ela defender, consegue incutir carisma em sua interpretação. Ainda assim, durante boa parte do tempo, senti que estava assistindo um concurso de sósias na televisão. Não há sutileza em sua recriação, nenhuma camada além da superficial imitação de gestos, olhares e poses. Ela é retratada como uma princesa das animações da Disney, uma caricatura de folhetim, com motivações e frases de efeito dignas de protagonista de novela (tentei ir escrevendo as mais absurdas, como “sou uma princesa e eu consigo tudo que quero”, mas são muitas).
 
O roteiro de Stephen Jeffreys, um premiado escritor teatral, mas sem experiência (e ao que consta, vocação) para trabalhar a linguagem cinematográfica, chega a causar constrangimento em diversos momentos. A ferramenta simplista do sonho premonitório em que ela se vê cada vez mais envolvida em escuridão ou os cortes pouco sutis para o brilho tremeluzente de velas tremeluzentes (“candle in the wind”), caberia perfeitamente nos romances tolos de Nicholas Sparks.
 
O mais triste é saber que não houve esforço algum em contextualizar histórica ou politicamente a narrativa, abordando o abalado psicológico de uma jovem que carregava um trauma de infância (a separação dos pais), atraindo do dia para a noite todos os holofotes do mundo, por nenhum mérito específico, apenas por ter casado com um príncipe. O medíocre resultado está mais para “Notting Hill” do que para “A Rainha”.
 

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