Crítica: Elysium

Publicada em 19/09/2013 às 21:05

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Quando Neill Blomkamp lançou Distrito 9, fui um dos poucos críticos que não percebeu nada de mais em seu filme, apenas uma ideia interessante que não havia sido plenamente aproveitada. Ele tem muita criatividade e explora conceitos instigantes, mas não consegue fazê-los fluir narrativamente. Normalmente “joga tudo para o alto”, exatamente quando começa a demonstrar potencial, apostando na ação convencional. Com o lançamento de Elysium, comprovei sua pouca habilidade como roteirista (exatamente o ponto que mais critiquei em seu projeto superestimado), ainda se fazendo valer da ficção científica como alegoria para um comentário social (desta vez, focando-se na imigração e na acessibilidade dos serviços de saúde). Na estação espacial Elysium, diferente do nosso devassado e superpopuloso planeta que míngua abaixo, qualquer ferida dos privilegiados ricos é rapidamente sarada por máquinas médicas.
 
O primeiro problema no roteiro se encontra ao estabelecer os dois cenários (o que sobrou da Terra e a estação espacial) de forma rasa, unidimensional. A excelente direção de arte não compensa o pouco investimento no emocional, atrapalhado ainda nas cenas de ação por uma câmera tremida (que fazia sentido no filme anterior), que dificulta a visualização em vários momentos. Como o protagonista de “1984”, Matt Damon vive Max, um homem disposto a se rebelar contra o sistema. Os personagens coadjuvantes “batem ponto” no padrão videogame. Tem a vilã carrancuda (Jodie Foster) e seu capanga amestrado (Sharlto Copley), assim como muito tiroteio, para agradar qualquer jovem fã de “Halo”. O personagem de Wagner Moura (Spider) é o mais caricatural, servindo como um bom contraste com o tom dos outros. A trilha sonora do iniciante Ryan Amon, com clara inspiração no estilo de Hans Zimmer, irrita pela obviedade em sua manipulação. Com uma boa premissa, mesmo sendo um típico filme de estúdio, Neill poderia ter ousado muito mais.

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