Deus da Carnificina

Publicada em 11/06/2012 às 14:37

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O que começa com uma infantil briga, vira um macabro e interessante debate entre quatro pessoas, enclausuradas em um espaço e prontas para confrontarem  as suas imperfeições e seus medos. Com direção de Roman Polanski, Deus da Carnificina (Carnage – 2011) deixa um pouco de lado o enredo e joga todo o enfoque nos desempenhos dos atores.

Escrito pela dramaturga francesa Yasmina Reza, toda a tensão e os diálogos do filme se passam em um apartamento no Brooklyn, em Nova Iorque.  Esse ambiente pertence ao casal Michael e Penelope Longstreet (John C. Reilly e Jodie Foster, respectivamente).  

Após uma rápida discussão entre dois meninos de 11 anos,  Zachary, filho de Michael e Penelope , é atingido por uma paulada na boca. Os pais do agressor,  Nancy (Kate Winslet) e Alan Cowan (Christoph Waltz) , resolvem ir se desculpar. A primeira vista, o contato verbal entre os casais segue um enorme tom de civilidade, com suspeitas trocas de elogios em situações devidamente forçadas e pedaços de bolos falsamente elogiados. Até que sutilmente eles começam a se agredir, e tudo só tende a piorar quando uma garrafa de uísque aparece em cena.

As fragilidades são expostas. Enquanto Penelope, que até então segurava a raiva pelo estrago que ficou o rosto de seu filho, começa a se sentir ferida ao ter a personalidade politicamente correta colocada em dúvida, o  advogado  Alan não desgruda do celular e demonstra que a sua família é um mero acessório que ele usa quando bem quer. A empresa farmacêutica que ele trabalha está envolvida em escândalos e traça um paralelo com a sua vida. A moralidade de ambos é apenas um conceito relativo.

Michael se finge de bom moço para evitar atritos. Já Nancy aos poucos vai vomitando seus instintos selvagens, defende seu filho e não se conforma quando Michael afirma que jogou fora um hamster, simples como quem se desfez do lixo. Mesmo não sendo memorável,  Polanski  revela as  sutilezas do embate humano quando  se depara com a anarquia para enfrentar seus  demônios. Também não é perturbador em comparação com outras obras do diretor – como O Bebê de Rosemary ou Chinatown  –  muito pelo contrário, é furioso, por vezes engraçado e curto.

Saiba mais sobre o filme Deus da Carnificina.

Por Jean Garnier

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