Dylan Dog e as Criaturas da Noite

O que acontece quando se deturpa um quadrinho numa produção desleixada e pretensiosa com péssimas atuações? Dylan Dog e as Criaturas da Noite é uma prole dessa combinação, além de ser um filme desprovido de autocrítica, o que nos leva a pensar sobre o quão corajosa foi a pessoa (ou o grupo de pessoas) que resolveu levar o projeto inicial a sério. É uma compilação de erros, uma aula de como não se deve fazer cinema.

O primeiro deslize foi a escolha do inexpressivo Brandon Routh (Superman – O Retorno) como Dylan Dog. Apático e patético, a única alteração notável que o detetive sobrenatural (?) sofre é uma mudança de figurino (quesito técnico que, aliás, beira o vergonhoso). Igualmente deplorável é o desempenho de Anita Briem, que começa como filha inocente, se transforma em vítima sedutora e, por último mas não mais convincente, muda completamente após uma reviravolta repleta de perguntas sem respostas. Sam Huntington desempenha o papel de alívio cômico que, perante todo o resto do filme, é, de fato, digno de mérito.

O filme prossegue capengo e o roteiro quando parece ter chegado ao limite, transcende negativamente e tem seu ápice quando, numa tentativa de deixar o malvado Belial ainda mais maligno, põe em xeque a própria existência do monstro (com aspecto de vilão de série Super Sentai das décadas de 1980 ou 1990). Os efeitos especiais só corroboram aquilo que o espectador já havia constatado, mas um filme desse nível não poderia acabar sem surpreender e provar que era capaz de ficar pior do que já era.

Um conjunto quase infindável de defeitos é premissa mais do que suficiente para esvaziar as sessões e gerar prejuízo àqueles que apostaram algo na produção. São 107 minutos de atentado à inteligência e ao gosto do espectador, um abuso do argumento “adaptação de um quadrinho”. Ao fim do filme, o único sentimento que nos resta é o medo, visto que a igualmente adaptação de quadrinhos Conan, o Bárbaro está nas mãos dos mesmos roteiristas.

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Por Laísa Trojaike