Ilha do Medo

Publicada em 11/03/2010 às 15:05

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O que poderia ser uma simples investigação, na verdade se torna uma terrível perseguição por corredores de um labirinto obscuro da natureza humana. Ilha do Medo (Shutter Island – 2010) é um daqueles filmes que te prende a atenção até o final, no qual no meio de todas as peças de um intrigante, e às vezes até confuso, quebra cabeças você realmente irá entender todos os detalhes que pairam naquele sinistro local envolto por uma neblina aterrorizante.

Não há muita violência explícita, mas também nem precisava. Em 1954, Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio) chega de balsa em Ashecliffe Hospital, uma “fortaleza” no meio do porto de Boston que teoricamente deveria servir para curar a insanidade de pacientes criminosos. Só de observá-la de longe, poderia deixar qualquer visitante apavorado. Teddy está lá para solucionar o misterioso desaparecimento da paciente Rachel Soldano (Emily Mortimer) – uma jovem mãe que afogou os seus três filhos. Como ela teria fugido? O quarto onde ficava era constantemente monitorado, estava completamente intacto e a porta trancada por fora. O investigador é um típico profissional que exala confiança, e sabe que a qualquer momento irá encontrá-la, até porque não há como fugir vivo daquela local. Para complicar tudo, uma grande tempestade acaba destruindo parte das instalações, e os presos ficam a solta.

O grande problema para Teddy é que logo de cara ele começa a sentir que ninguém está  a seu favor, a começar pelo enigmático diretor Dr. Cawley (Ben Kingsley), passando pelos médicos e enfermeiras que chegam a zombar de suas perguntas. Surge também a figura sarcástica e sinistra do Dr. Naehring (Max von Sydow), a quem Teddy suspeita ser um nazista que está praticando suas experiências na América – como lobotomia  e uso de drogas radicais. A única pessoa que parece entender o policial é o seu novo parceiro Chuck Aule (Mark Ruffalo), como eu escrevi, “parece entender”. Aos poucos, vamos descobrindo por flashbacks que, no meio de todos aqueles psicopatas, o protagonista é um cara atormentado por uma constante dor de cabeça e o pior: algumas lembranças não o deixam em paz – ele é um ex-soldado que encarou a dureza da segunda guerra ao libertar pessoas no campo de concentração de Dachau. Além disso, sua mulher Rachel (interpretada por duas atrizes Emily Mortimer e Patricia Clarkson), que foi brutalmente assassinada, ele descobre que o autor do crime está preso nessa ilha – para piorar e tornar tudo mais perigoso

Martin Scorcese explora nesse esquizofrênico thriller as consequências da violência na mente de uma pessoa que não consegue de maneira alguma esquecer o seu passado.  DiCaprio, no seu mais assombroso papel e na quarta colaboração com o diretor, é um cara que no começo é completamente seguro de si e aos poucos vai se transformando num completo zumbi, a procura de algo que lhe traga conforto, mas que provavelmente nem ele sabe mais o que é. Você enxerga em seus olhos como ele não sabe distinguir a realidade da imaginação, e que a sua vida é um enorme pesadelo. Há também de se destacar a atuação seca de Kingsley, que encarna com facilidade um típico Dr. Moreau, e parece sempre estar escondendo um algo a mais por trás de seu malicioso sorriso.

Saiba mais sobre o filme Ilha do Medo.

Jean Garnier.

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