Inverno da Alma (1)

Publicada em 28/01/2011 às 14:06

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Inverno da Alma
é um filme que não procura ser bonito e, dessa forma, alcança uma beleza contundente e real; em nenhum momento apresenta trejeitos melodramáticos, diálogos pretensiosos ou tenta ser o que não é e, desde o princípio, mostra-se cru e firme ao que se propõe.

Introduzido por uma bucólica música vocal ("... os velhos murmuravam e dedilhavam seus banjos..."), este segundo longa de Debra Granik, adaptado do romance homônimo de Daniel Woodrell, torna-se ainda mais forte devido à performance do elenco que, sem cair em caricaturas ou sotaques exagerados, torna os cem minutos extremamente expressivos.

Certamente, quem domina é a jovem Jennifer Lawrence em um papel complicado, mostrando que talento não lhe falta. Os diálogos silenciosos, proferidos apenas com os olhares, são de uma crueldade (no melhor sentido da palavra) cativante. Faz-se necessário, também, destacar a competente atuação de John Hawkes, como Teardrop, e a intensa presença de Dale Dickey, como a apreensiva vilã (?) Merab.

A fotografia acinzentada auxilia a tensão com louvor e permite que o drama da protagonista ganhe um ambiente de suspense e emergência. A maquilagem proporciona um aspecto etéreo à heroína, mantendo-o mesmo com a expressão sisuda da personagem. As escolhas da trilha sonora são fascinantes e produzem rimas temáticas cruéis e surpreendentes, além de estarem entremeadas à narrativa.

"Uma palavra grosseira, uma expressão bizarra, ensinou-me por vezes mais do que dez belas frases". Assim que a pequena Ashlee (Ashlee Thompson) pegou o banjo em silêncio e, ingenuamente, começou a dedilhar, lembrei-me dessa frase de Diderot. Ali tudo iria se encerrar, então, nada mais justo do que relembrar os maliciosos velhos que murmuravam e dedilhavam seus banjos por meio de uma criança inocente. Um recomeço em paz para Ree (Lawrence), mas com uma dureza poética sem fim.

Bons e ruins filmes para nós!

Saiba mais sobre o filme Inverno da Alma.

Por Sihan Felix

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