Tetro

Publicada em 16/11/2009 às 14:23

Comente



Depois de 10 anos sem realizar nenhuma produção, Francis Ford Coppola voltou à ativa com o filme Velha Juventude de 2007 e que até hoje não chegou aos cinemas brasileiros. Assisti ao filme no Festival do Rio do ano passado e me decepcionei bastante. Esperava um retorno triunfal do diretor de O Poderoso Chefão e Apocalypse Now, contudo Velha Juventude passa longe dos bons tempos de Coppola. Com diálogos longos e cansativos, roteiro extremamente complexo, cheio de simbolismos e principalmente diversas referências que nunca fazem sentido para quem assiste ao filme, e não conhece as obras com as quais provavelmente o diretor estava dialogando.

Mesmo não sendo um grande filme, Velha Juventude talvez tenha servido para resgatar um dos grandes diretores de todos os tempos, prova disso é seu novo filme: Tetro. Filmado na Argentina em uma co-produção entre Estados Unidos e Espanha, o filme tem como protagonista o “malucão” Vincent Gallo de “Brown Bunny”, que interpreta o personagem título do longa, um artista americano que se acha mal compreendido e que vive exilado em Buenos Aires. Fantasmas do passado voltam a atormentá-lo quando seu irmão mais jovem vivido pelo estreante Alden Ehrenreich, chega para passar uma temporada com ele e sua esposa vivida por Maribel Verdú de “E sua mãe também”.

Tecnicamente o filme é muito bem realizado. Conta com uma linda fotografia em preto e branco totalmente captado por câmeras digitais de alta definição. A ótima utilização do contraste entre luz e sombra, quase como um filme expressionista, reforçando a deformidade psicológica de Tetro e sua conturbada relação com seu irmão.Seguindo o mesmo estilo de O Selvagem da Motocicleta também dirigido por Francis Ford Coppola, tanto no que diz respeito ao roteiro, quanto na forma como foi filmado. Ambos contam a história de dois irmãos que tentam resgatar a amizade, mas Teatro não é tão interessante quanto o filme de 1983, pois fica no meio do caminho entre um filme extremamente original como o próprio Selvagem da Motocicleta e um drama comum como Jack.

Talvez Coppola hoje com 70 anos de idade não esteja conseguindo se adaptar à sua nova realidade. Mesmo continuando a ser um grande realizador, parece estar perdido no meio de diversos estilos e referências, que podem ter sido acumulados nos 10 anos de exílio. O próprio cineasta assume que não consegue fazer filmes minimalistas como por exemplo os de sua filha, Sofia Coppola, pode ser que seu excesso de pretenciosismo esteja atrapalhando suas novas produções.

Imagino que realmente seja difícil para um cineasta que filmou alguns dos melhores filmes de todos os tempos deparar-se com produções de orçamento curto e roteiros mais intimistas. Coppola está se tornando um exemplo vivo do cineasta que se transformou em mito e que não consegue voltar a ser um cineasta comum.

Saiba mais sobre o filme "Tetro".

Por Bruno Marques   ([email protected])

Comentários (0)





Nenhum comentário, ainda. Seja o primeiro a comentar!