Tudo Pode Dar Certo (2)

Publicada em 28/04/2010 às 18:39

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Olhando Tudo Pode Dar Certo (Whatever Works – 2009), nota-se uma grande miscelânea de alguns filmes de Woody Allen. Aqui, há o personagem que se comunica com os espectadores (lembrando A Rosa Púrpura do Cairo) e o romance entre um senhor de idade com uma jovem (como em “Manhattan”). Esse senhor rabugento e misantropo era o perfeito papel para Allen, que preferiu ficar apenas a cargo da direção e do roteiro. Quem “encarna Allen” agora é Larry David, o mesmo das séries Seinfield e Curb Your Enthusiasm.

Boris Yellnikoff (David) é um ex físico nuclear e que quase foi nomeado a um Prêmio Nobel, agora ele está aposentado e divorciado de uma mulher tão perfeita que ele não poderia suportar tudo aquilo. Com tendências suicidas, Boris vive em Nova Iorque, passa o tempo em conversas com os amigos, dá aulas de xadrez, é neurótico (ao ponto de cantar "Parabéns a Você" todas as vezes que lava as mãos) e logo no começo do filme avisa: "não sou um cara simpático". Para ele o mundo é uma verdadeira estupidez e existir no meio de tanta gente idiota é um grande sacrifício.

Num dia, a amargura do protagonista começa a mudar. Melodie St. Ann Celestine (Evan Rachel Wood), uma jovem bonita e que vem do sul dos Estados Unidos, aparece como uma criança abandonada pedindo algo para comer. Melodie é extremamente o oposto de Boris: alegre, ingênua, otimista e confiante na vida. Com o tempo, a garota acredita em tudo o que ele diz, chega a propor um casamento e consegue quebrar aos poucos a casca de insatisfação do carrancudo Boris.

Mesmo com a diferença de idade e de humor, os sentimentos entre os dois começam a se desenvolver, aparece a mãe da moça, a religiosa Marietta (sensacionalmente interpretada por Patricia Clarkson) e depois o seu pai, John (Ed Begley Jr.). A partir daí, acontecem algumas reviravoltas na história, como uma forma de não deixar o espetáculo cair no tédio.

Esse é o primeiro filme de Allen em Nova Iorque depois do seu "exílio Europeu", onde filmou na Inglaterra e na Espanha. Não há o charme e a sedução do anterior (Vicky Christina Barcelona), mas é muito superior a outros recentes (O Sonho de Cassandra, Scoop – O Grande Furo e Match Point). O diretor escreveu esse filme nos anos 1970, pensando em dar o papel principal a Zero Mostel (que faleceu em 1977) e resolveu arquivar. Três décadas depois, decidiu jogar perfeitamente para Larry David, que soube brilhar no personagem central, misturando outras atuações suas já conhecidas (principalmente em "Curb..."). O grande monólogo que David faz no início do longa é realmente algo notável. Mesmo com um final um tanto “forçado”, no qual todos conseguem resolver as suas carências, “Tudo pode dar Certo” é uma diversão agradável e que traz uma bela mensagem: na vida, há realmente a chance do resgate da felicidade.

Saiba mais sobre o filme Tudo Pode Dar Certo.
Por Jean Garnier

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