Latitudes narra os encontros e separações de um casal sem raízes, que se encontra em hotéis de alto padrão, estações de trem e aeroportos na América Latina, Europa e Ásia. Alice Braga é Olívia, uma editora de moda que viaja o mundo pesquisando tendências, e Daniel de Oliveira é José um renomado fotógrafo que viaja o mundo fazendo editoriais.
Não assisti à produção nem na TV ou internet. O projeto é "transmídia", mas a crítica é de cinema. Então vamos falar de Latitudes, o filme. Este acompanha os encontros e desencontros de José (Daniel Oliveira) e Olívia (Alice Braga). Ele é um fotógrafo requisitado que viaja pelo mundo a trabalho. Ela, uma editora que cruza os continentes fazendo a cobertura de eventos de moda.
Se conhecem e flertam em Paris. Têm uma noite de sexo casual e se despedem pela manhã. Podia acabar ali, mas a dupla resolve repetir os "encontros acidentais" em Londres, Veneza, Portugal e outras cidades pelo mundo. Sabem o mínimo sobre o outro, mas, como é de se esperar, a relação moderninha e descompromissada começa a ser fustigada por sentimentos. E quem dá os primeiros sinais de desconforto com a situação é José.
O que vem adiante não é novidade, afinal, estamos falando de amor e tudo que vem no pacote: cobranças, ciúmes, dúvidas, hesitações... O complicador adicional no caso de José e Olívia é a vida profissional e sem pouso certo que ambos levam. Todo o desenrolar da trama e seu conflito transcorrem nas belas cidades citadas, todas registradas em ângulos privilegiados, com fotografia a evidenciar o clima de romantismo do casal.
Boa produção e belas locações sozinhas, no entanto, não são subsídios suficientes para sustentar a força dessa paixão. Talvez esteja aí o calcanhar de Aquiles de Latitudes, o filme. Apesar do casal de protagonistas estar nas mãos de atores experimentados, falta tesão na relação. O longa é casto, não há uma cena de sexo sequer. Eles se encontram, dialogam textos espertinhos, e corta-se para José deitado na cama enquanto Olívia se veste. A cena se repete por vezes, cansativamente.
Nem mesmo o clichê casal-ofegante-pós-coito rola. Tudo é muito asséptico. José e Olívia conversam pra caramba, mas nada de um cabelo desgrenhado pela manhã, ninguém fala sacanagem ou faz referência alguma ao sexo passado. É como se soubessem que estamos ali no quarto observando. Não faço ideia de como este romance se desenrolou na TV e internet em capítulos, mas no formato longa-metragem o casal ficou devendo intensidade, desejo e excitação. Nota 31/03/2014 | Responder