10 produções que mostram o lado sujo da política

Publicada em 16/04/2016 às 22:35

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Segundo o dicionário Michaelis, o significado de política é a administração de nações, arte ou vocação de guiar ou influenciar o modo de governo pela organização de um partido, influenciação da opinião pública e aliciação de eleitores. No domingo (17/04), o Brasil viveu um dia marcante na história da política quando a Câmara dos Deputados fez a votação para abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, sob a acusação de crime de responsabilidade fiscal.

A arte de governar é o resultado de muitas combinações em que é preciso negociar, fazer alianças e buscar o melhor para a população, certo? Bem, nem sempre isso sai como esperado e são muitas produções que exploram esse universo. Aqui selecionamos 10 que pontuam bem o lado sujo da política e que tratam de temas que os brasileiros se habituaram a ouvir como corrupção, impeachment e CPI.

Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora É Outro (2010)

Para colocar o dedo na ferida da politicagem brasileira esse é o filme perfeito. O herói do primeiro filme, o policial capitão Nascimento (Wagner Moura), agora é tenente-coronel e consegue emprego de subsecretário de inteligência. Antes os inimigos eram os traficantes, agora é outro e bem mais poderoso: o sistema formado por policiais e políticos corruptos com interesses eleitoreiros. É na figura da milícia nas favelas que eles se escondem.

Nascimento bate de frente com o sistema e a trama explora a ligação das milícias com os políticos, o dinheiro por trás de tudo, escutas telefônicas, CPI (Comissões Parlamentares de Inquérito) e o famoso discurso de “eleito democraticamente”. A parte final do filme é emblemática com cenas aéreas da sede do poder em Brasília, ancorado no Palácio do Planalto e com Nascimento dizendo: “O sistema é difícil de derrubar. Ele se reorganiza, articula novos interesses e cria novas lideranças. Agora me responde uma coisa: ‘Quem você acha que sustenta tudo isso?’... Não é à toa que existe tanto escândalo em Brasília, que entra governo e sai governo e a corrupção continua. Pra mudar as coisas vai demorar muito.”

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O Mecanismo

O diretor da franquia Tropa de Elite, José Padilha, está desenvolvendo para a Netflix uma série intitulada provisoriamente de Jet Wash. Ela explora a operação policial Lava-Jato, que investiga casos de corrupção, envolvendo Petrobras, empreiteiras, doleiros, políticos e ainda obras da Copa do Mundo de 2014, da usina Angra 3 e da ferrovia Norte-Sul.

Em entrevista à revista Veja, Padilha disse que a série não “tem viés político nenhum”. Mas apesar disso, Jet Wash entra nessa lista por causa do caos político vivido no Brasil entre outras causas por causa dessa operação. Para o cineasta brasileiro a Lava-Jato é simplesmente uma operação policial e que há a tentativa de “transformar um fenômeno de natureza policial e legal num embate político”. Segundo ele “tenta-se transformar tudo numa questão ideológica. Mas tudo é caso de polícia”. A série estreia em 2017.

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O Candidato Honesto (2014)

A comédia tenta dar suas alfinetadas na política e figuras do governo com Leandro Hassum na pele de João Ernesto. Ele é do Nordeste e os pais morreram de fome. Ernesto se torna motorista de ônibus e num acidente perde um mamilo, virando sindicalista em busca de melhores condições para sua categoria. Isso o leva para a política e no meio do caminho ele se desvirtua feio. Qualquer coisa pode se tornar prioridade, desde que haja uma propinazinha por baixo dos panos.

Mesmo assim, o deputado consegue chegar ao segundo turno para concorrer à presidência do Brasil. No entanto, sua avó faz uma mandinga e ele não consegue mais mentir, revelando seu lado corrupto. Falando só a verdade fica difícil chegar ao Palácio do Planalto. O filme foi lançado três semanas antes do segundo turno da eleição para presidente em 2014, em que disputavam Dilma Rousseff e Aécio Neves.

Na cena do debate final, o filme manda seu recado para os eleitores brasileiros. “A democracia é boa. O sistema pode não ser perfeito, mas quem comanda o sistema são os homens e os homens se corrompem”, afirma Ernesto. “É possível que existam políticos bons... Mas para que isso aconteça é importante que você vote com consciência... e não permita que políticos corruptos fiquem renovando a sua candidatura... Não venda seu voto.”

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Mulheres no Poder (2015)

Previsto para estrear em 12 de maio de 2016, o longa também se passa em Brasília. Na trama, a senadora Maria Pilar (Dira Paes) e a ministra Ivone Feitosa (Stella Miranda) tentam fraudar o resultado da licitação do projeto Brasil Brasileiro para faturar alto. A comédia mostra que a corrupção não é só território dos homens que passam pelos corredores da sede do poder.  

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House of Cards

Esta série mostra em detalhes que a política é como o título diz: um castelo de cartas frágil em que uma manobra errada pode pôr tudo a perder. No começo da produção, o deputado Francis Underwood (Kevin Spacey) é quem mantém as coisas funcionando. “Num Congresso cheio de mesquinharia e lassidão, minha função é desentupir os canos e fazer o lodo fluir”, diz o personagem. No cotidiano, a mentira e a política caminham juntas. Underwood é um homem oportunista e nos meandros da política tudo é um jogo de manipulação. Por aqui, o impeachment é um recurso adotado para ditar as regras do poder. E para galgar funções mais importantes na Casa Branca, Underwood não hesita sujar as mãos de sangue.

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24 Horas

A série traz o agente Jack Bauer (Kiefer Sutherland) na caça a terroristas, mas o lado político foi muito explorado nas suas 9 temporadas. Aqui vale a pena citar as 5ª (provavelmente uma das melhores) e 8ª temporadas, nas quais o governo americano mostra seu lado obscuro. Cuidado com os spoilers a seguir, pois é preciso entrar em detalhes.

Na 5ª temporada, o presidente David Palmer (Dennis Haysbert) é assassinado e o vice-presidente Charles Logan (Gregory Itzin) acaba sendo cúmplice da morte e ainda é responsável por um ataque terrorista em solo americano, algo que o político considerava necessário para o país. Quem conhece o velho Bauer sabe que ele não tem medo de colocar uma bala na cabeça de alguém, nem que essa pessoa seja o presidente e Logan sofre apuros nas mãos do agente, que tenta arrancar uma confissão do agora presidente. Isso implicaria num impeachment mais do que justificável, além de uma condenação por tudo que aprontou, fazendo da tarefa de Bauer algo impossível, mas que no fim acaba se concretizando.

Já na 8ª temporada é uma mulher quem governa os Estados Unidos: Allison Taylor (Cherry Jones). Sua meta é um acordo de paz entre seu país, Rússia e a fictícia República Islâmica do Kamistan. No entanto, ela acaba se envolvendo em uma conspiração para fazer o tratado dar certo, ocultando vários crimes com a ajuda de Charles Logan. Mais um caso para impeachment. No entanto, Taylor renuncia e enfrenta as consequências de suas ações.

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Fahrenheit 11 de Setembro (2004)

O documentário de Michael Moore bate de frente com o então presidente americano George W. Bush. O longa afirma que o político teria roubado na eleição de 2000 e questiona a sua demora em agir quando ocorreu o ataque terrorista ao World Trade Center em 2001. O cineasta pergunta: “Dois meses? Deram a um assassino em massa que atacou os Estados Unidos, dois meses de vantagem? Quem em seu juízo perfeito faria isso?” Ou então: “Deixe-me ver se entendi. Idosos na academia: ruim. Grupos pela paz em Fresno: ruim. Leite materno: ruim. Mas fósforo e isqueiro no avião não tem problema”.

Moore ainda explora a relação entre as famílias Bush e Bin Laden, a paranoia com a questão da segurança e os motivos infundados da Guerra do Iraque, além dos interesses por trás disso em defesa dos cartéis de petróleo. A produção se apoia bastante numa edição precisa, mostrando momentos como Bush falando que tem justificativas para invadir o Iraque e em seguida, membros de sua equipe, dizem o contrário. Numa outra cena, o secretário de Defesa Donald Rumsfeld comenta o cuidado na escolha dos alvos em Bagdá, intercalado com tomadas de civis sendo mortos e assim Moore vai tecendo sua crítica ao governo Bush.

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Syriana - A Indústria do Petróleo (2005)

O filme traz várias tramas paralelas para contar a história da fusão de duas empresas petrolíferas e o impacto que isso terá na política e na economia mundial. O governo americano precisa buscar uma relação amistosa com o Irã, pois isso é crucial para assegurar o petróleo aos Estados Unidos. Uma das petrolíferas está sendo investigada pela promotoria americana e um advogado é acusado de corrupção, que desfere um monólogo sobre o tema: “Corrupção é a intrusão do governo na eficiência do mercado em forma de regulamentação. Nós temos leis contra isso para poder fazê-lo impunemente. A corrupção é nossa proteção, garante nossos negócios e nos permite vencer.”

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Todos os Homens do Presidente (1976)

O filme explora o jornalismo investigativo sobre um dos grandes escândalos políticos da história: Watergate. Em 1972, os jornalistas Bob Woodward (Robert Redford) e Carl Bernstein (Dustin Hoffman), do jornal The Washington Post, investigam a invasão da sede do Partido Democrata durante a campanha presidencial, na qual o republicano Richard Nixon tenta a reeleição.

Os repórteres têm um informante conhecido como Garganta Profunda e ele revela que Nixon comandava o esquema de instalação de escutas nos escritórios do Partido Democrata no prédio Watergate. A história é divulgada pelos jornalistas, forçando o processo de impeachment. No entanto, Nixon renunciou antes, em 9 de agosto de 1974.

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Veep

Essa série é a produção mais light da lista. Não chega a mostrar um lado negro da política, mas arranca muitas risadas com uma sátira ao mostrar como a incompetência pode levar um governo à ruína. No começo da atração, Selina Meyer (Julia Louis-Dreyfus) é a vice-presidente que nunca é requisitada pelo líder do país. Ela busca se envolver com projetos que lhe deem mídia, mas nunca dá certo até que ela consegue chegar ao cargo mais alto. A personagem é conhecida por seus discursos vagos, o que lembra bastante a retórica da presidente Dilma Rousseff.

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Por Vanessa Wohnrath


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