A situação da violência contra a mulher é preocupante e revela por trás disso o preconceito em torno do papel da mulher na sociedade. Muitos acreditam que esse tipo de crime é culpa dela por causa das roupas que usa ou por suas atitudes.
Em 2017, Hollywood foi tomada por denúncias de assédio sexual, tendo como principal acusado o produtor Harvey Weinstein. No ano seguinte, mulheres que trabalham na indústria cinematográfica lançaram a campanha Time's Up, contra o assédio sexual.
No cinema, muitas produções abordam o problema da violência contra a mulher, o que ajuda muito a expor a grave situação e mostrar que é preciso lutar pelos seus direitos. Confira a seguir.
Acusados (1988)
Esse filme serve para ilustrar o caso de estupro coletivo sofrido pela adolescente no Rio de Janeiro. Na trama, Jodie Foster interpreta a jovem pobre Sarah. Ela vai a um bar, bebe, fuma maconha e flerta. Por causa disso, os homens que estão lá se sentem no direito de se aproveitarem da jovem. Três deles a estupram e outros ficam torcendo e incentivando a violência.
Sarah consegue fugir e começa sua luta para os culpados serem condenados. Durante a fase de investigação, ela é muito questionada sobre suas atitudes no bar, alguns querendo culpá-la pelo o que aconteceu. Indignada, ela consegue ir ao tribunal contar tudo o que sofreu para tentar provar que foi estuprada.
O longa é baseado em fatos reais e Foster venceu merecidamente o Oscar de Melhor Atriz. Kelly McGillis, que deu vida à procuradora que defende Sarah, sofreu um estupro em 1982 e não teve coragem de denunciar à polícia.
Este documentário traz como tema o estupro de mulheres em universidades americanas e como as instituições não se preocupam em punir os criminosos. A produção revela que uma em cada cinco mulheres sofre violência sexual na faculdade.
Estudantes dão depoimentos sobre o trauma e revelam que os diretores das universidades suspendem os agressores, mas depois eles retornam aos estudos como se nada tivesse acontecido. O longa ainda é inédito no Brasil e foi indicado ao Oscar de Melhor Canção. Na cerimônia de premiação, Lady Gaga fez uma apresentação emocionante. Aos 19 anos, a estrela foi vítima de estupro.
O filme é do polêmico Gaspar Noé, de produções como Sozinho Contra Todos (1998) e Love (2015). A trama mostra em ordem cronológica inversa a noite aterrorizante de Alex (Monica Bellucci). Seu namorado (Vincent Cassel) e um amigo saem pelas ruas de Paris em busca de vingança. Momentos antes, Alex saiu para se divertir e no túnel que leva ao metrô ela é estuprada. A cena, de quase 10 minutos, incomoda e choca ao mostrar todo a violência sofrida pela personagem. Outra cena muito forte é o momento em que o namorado de Alex encontra o estuprador. Esse é um filme para estômagos fortes.
Outro filme para estômagos fortes é esse, que é uma refilmagem de A Vingança de Jennifer (1978). O terror é ultraviolento ao contar a história da escritora Jennifer Hills, que vai passar uma temporada numa cabana em busca de inspiração para o próximo trabalho. Quatro homens da região ficam sabendo que ela está lá sozinha e acreditam que Jennifer está interessada em se divertir com eles. O grupo vai até lá, a tortura, a estupra e filma tudo. Logo depois, uma nova sessão de estupro acontece e Jennifer leva um tiro, mas foge ao se jogar em um rio.
Os estupradores tentam encontrá-la, mas acham que acabou morrendo. No entanto, Jennifer está bem viva. Ela então captura um a um e inicia sua vingança sanguinária e com direito a até castração.
A vingança também é tema desse suspense. Karen McCann (Sally Field) entra em pânico ao ouvir pelo telefone sua filha pedindo socorro. Um homem (Kiefer Sutherland) invadiu a casa de Karen e estupra e mata sua filha mais velha. O criminoso acaba sendo libertado e Karen não vê outra saída a não ser se vingar dele. Ela aprende a atirar, tem aulas de defesa pessoal e decide enfrentar o assassino de sua filha para fazer justiça.
Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres (2011)
Adaptação do primeiro livro da trilogia literária sueca Millennium traz Daniel Craig na pele do jornalista Mikael Blomkvist. Ele é contratado para investigar a morte da jovem Harriet Vanger, herdeira de um império industrial nos anos 60.
Para ajudá-lo na tarefa, aparece a hacker Lisbeth Salander (Rooney Mara). Ela tem muitos problemas com a lei e precisa de um tutor para administrar seu dinheiro. O cara é um canalha e acaba lhe estuprando. Aqui Lisbeth também é vingativa numa trama soturna que mistura tortura, estupro e assassinato para explicar o subtítulo, sobre os tais homens que não amavam as mulheres.
Aqui a violência sexual e física não são as únicas exploradas. Há também a moral e psicológica que uma adolescente sofre nas mãos da mãe, e da sociedade e que a faz não saber o significado de amor e autoestima. Precious (Gabourey Sidibe) tem 16 anos e dois filhos, frutos de estupros. Ela é humilhada e apanha da mãe. Na rua ela é ridicularizada e às vezes tudo o que mais quer é morrer, para não ter de sofrer mais. O filme é um retrato cruel de uma história ficcional, mas que pode muito bem ser um espelho de uma realidade que acontece em tantos lugares.
Esse drama com toques de suspense mostra bem o que muitas mulheres sofrem em casa. Laura (Julia Roberts) pensava que levava uma vida feliz ao lado do marido, até ele mostrar seu lado possessivo e violento. Em vez dela denunciar à polícia, sofre em silêncio pois tem medo da reação do marido. Para escapar dele, Laura forja a própria morte. Agora, a mulher vive em uma outra cidade, com nova identidade e busca levar uma vida normal. Mas o marido descobre que a esposa pode estar viva e vai atrás dela, preferindo vê-la morta do que nos braços de outro homem.
A situação da violência contra a mulher é preocupante e revela por trás disso o preconceito em torno do papel da mulher na sociedade. Muitos acreditam que esse tipo de crime é culpa dela por causa das roupas que usa ou por suas atitudes.
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