Conheça os cinco tipos de animação existentes

Publicada em 09/06/2019 às 01:53

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Filme Avatar

 

Os filmes animados estão entre nós há mais de um século, tendo sua origem na França, em 1877, com Émile Reynaud e a invenção do praxinoscópio, um aparelho que projetava doze telas de imagens desenhadas em fitas transparentes que, quando em funcionamento, se movimentavam. 

O projeto, hoje, pode parecer primitivo e obsoleto, mas foi essencial para a revolução do cinema e, principalmente, do surgimento do cinema de animação. 

Nos cinemas, o pioneiro com recursos de animações foi Georges Méliès em seu trabalho Viagem à Lua (Le voyage dans la Lune), lançado em 1902, mas até hoje muito estudado e apreciado por estudantes e amantes de cinema.

O filme tem cerca de 14 minutos de duração e mistura gravações reais a inovadores recursos de animação e de efeitos especiais. O projeto é também considerado como o primeiro filme de ficção científica da história.

Com roteiro e direção do próprio Méliès, com ajuda de seu irmão, Gaston, o filme foi inspirado nos livros Da Terra à Lua, de Júlio Verne, e Os Primeiros Homens na Lua, de H.G. Wells, e mostra uma expedição de homens que pousa na lua em um canhão e, perseguidos por alienígenas, precisam lutar para voltar ao planeta Terra com vida.

Já o curta-metragem Fantasmagorie, do francês Émile Cohl, foi lançado em 1908 e é considerado como o primeiro desenho animado da história. Na animação, um boneco em movimento depara-se com diversos tipos de objetos que se transformam em outros mais diversos ainda, em um divertido jogo de criatividade.

Desde então, as animações têm se ampliado, se desenvolvido e conquistado o seu espaço no cinema e na televisão. Ao longo de todos esses anos e com o avanço da tecnologia, novos estilos de animação foram surgindo e, hoje, somam-se cinco. 

Conheça-os:

Animação Tradicional

Também chamada de animação clássica, é a mais velha forma de animar conhecida e registrada pela história, sendo a técnica mais importante para o crescimento do mercado de animações cinematográficas.

Trata-se de uma técnica manual na qual o animador precisava ilustrar quadro por quadro do filme, em papel vegetal, um tipo de papel transparente. Os desenhos eram sobrepostos e utilizavam-se mesas iluminadas para enxergar, nos papéis de baixo, quais foram os quadros desenhados anteriormente, num processo chamado de onion skinning, em referência as camadas de pele de uma cebola. Em seguida, os desenhos eram passados para um papel opaco.

O processo, muito detalhado e completamente manual, era demorado e cansativo, levando anos para que uma animação de pouco mais de uma hora de duração ficasse pronta, mesmo com equipes gigantescas e com profissionais extremamente qualificados como as da Disney.

E foi na mesma empresa que surgiu a inserção da fotocópia em uma tentativa de agilizar o processo: nesta adaptação, um quadro principal era desenhado uma única vez, copiado e realizavam-se as alterações somente nas áreas que deveriam se movimentar.

As ilustrações, depois de passadas a limpo, iam para a produção de lâminas de acetato, espécie de plásticos transparentes que eram colocados sobre as páginas dos cenários, de modo que o ilustrador só precisasse desenhar o cenário uma única vez e proporcionava, ainda, sensação de profundidade.

Com o avanço da tecnologia, esse modelo de animação passou a ser feito de forma digital, em computadores, com o uso de softwares como o Adobe Photoshop, que permite que o animador trabalhe com diversas camadas diferentes ao mesmo tempo, aumentando sua liberdade e diminuindo o tempo de trabalho.

Esse tipo de animação foi utilizado em filmes como Branca de Neve e os Sete Anões, de 1937, combinado com a rotoscopia (a ser explicado ainda neste texto), e Oliver e sua Turma, de 1988, é conhecido como o último filme da Disney a ter utilizado a técnica manual de criação quadro-a-quadro. Embora filmes com essa técnica sejam em 2D, por sua profundidade, a técnica 2D é diferente e não devem ser confundidas, sendo hoje separadas em categorias diferentes.  

2D

Ao contrário da animação tradicional, em que são trabalhados quadro por quadro de forma manual, a técnica 2D é, hoje em dia, considerada dentre as animações criadas a partir de softwares de animação em vetores, como o Adobe Animate CC, Adobe After Effects e 3ds Max, este último que permite modelagens bi e tridimensionais.

Neste modelo, os personagens são ilustrados com “esqueletos” ou linhas modificáveis que, conforme editados, ganharão movimento, embora continuem a ser imagens chapadas, sem profundidade. Para o uso dessa técnica, entretanto, o animador não necessariamente precisa ser um bom ilustrador, uma vez que os processos podem ser feitos por pessoas separadas. 

Além de filmes e desenhos animados, essa técnica é muito utilizada por empresas e agências de marketing para a criação de vídeos institucionais que engajem o público ou promova algum produto em suas mídias sociais. Também tem sido utilizado por escolas de ensino à distância, para videoaulas e tutoriais. Em comparação ao 3D, segue vantajosa por ser mais barata. 

A Princesa e o Sapo, lançado em dezembro de 2009, havia sido anunciado como o último filme da Disney a ser lançado em 2D mas, em 2011, Ursinho Pooh foi lançado, mantendo o seu estilo original de animação. 

3D

Nos últimos anos, esta tem sido a forma de animação mais popular, sendo adotada pelos principais estúdios de animação como a Disney, Pixar, Illumination, DreamWorks e muitos outros. 

Assim como o 2D, essa técnica é criada de forma digital, com o uso de softwares, mas sua produção é muito mais complexa, detalhada e demorada, exigindo maior habilidade de seu animador. Portanto, é mais cara. 

Além de sua dimensionalidade ser mais complexa, a quantidade de quadros por segundo é muito maior: enquanto as animações tradicionais costumam trabalhar com 12fps (frames por segundo, sendo "frames" a palavra em inglês para "quadros"), com poucos movimentos ou movimentos mais bruscos, as animações em 3D precisam exibir mudanças mais suaves, exigindo, portanto, um número mais alto.

Os números, nesta modalidade, costumam variar de 24fps a 30fps. Com a gravação em 60fps já disponível em câmeras acessíveis, como celulares, ou mesmo para visualização como vídeos musicais no YouTube ou em jogos digitais, alguns cinéfilos têm se questionado o porquê de o cinema não ter adotado essa nova taxa mais elevada e, aparentemente, melhor.

Explica-se que o cinema, assim como a televisão, não se beneficiaria tanto desta proposta como os jogos digitais, por exemplo, uma vez que as câmeras utilizadas no processo de gravação dos longas (ou curtas) já suavizam o movimento de forma a se tornar mais natural ao olhar humano. Desse modo, o 60fps se tornaria obsoleto, gerando apenas um tamanho de arquivo muito grande, sem necessidade, que dificultaria sua distribuição digital. 

O primeiro filme em 3D foi o americano Power of Love, ainda no auge do cinema mudo, lançado em 1922. A câmera 3D utilizada para essa filmagem foi inventada pelo seu produtor, Harry K. Fairall, em parceria ao cinegrafista Robert F. Elder, mas o resultado final está na lista de "filmes perdidos", sem nenhuma cópia disponível para ser assistida.

Em tempos mais recentes, O Galinho Chicken Little, de 2005, foi o primeiro filme totalmente animado em 3D a ser lançado pela Disney. U2 3D, uma biografia da banda irlandesa, lançada em 2008, é dada como o primeiro live-action digital em três dimensões. No ano seguinte, Avatar levou o jogo a outro nível com câmeras criadas exclusivamente para este filme que inovou a forma como o mundo via o cinema.

Na época, a febre por filmes em 3D foi gigantesca, registrando inclusive relançamentos editados de filmes originalmente gravados em 2D, como Toy Story e A Pequena Sereia, e diversas marcas de televisores tentaram incluir a tecnologia em seus aparelhos, mas não a moda não pegou.

A cada ano as bilheterias de cinemas têm registrado drásticas quedas nas vendas de ingressos para sessões de filmes tridimensionais, que segue em corrente decadência.

A expectativa é alta para Avatar 2, que promete trazer aos cinemas, em 2021, a realidade do “3D sem óculos”, que visa acabar com uma das principais reclamações quanto aos filmes tridimensionais e, mais uma vez, revolucionar a indústria – e quem sabe, recuperar o interesse do público.

Stop Motion

A animação em stop motion é uma técnica quadro-a-quadro e está entre as mais apreciadas devido a sua complexidade, que exige um trabalho delicado e muito manual: trata-se de uma sequencialidade de diversas fotografias de um objeto, com uma pequena variação de mudança de lugar a cada foto para que, quando colocadas em sequência, a uma velocidade média de 12 imagens por segundo, dê a ideia de movimento.

Essa sensação de movimento é, na verdade, uma ilusão de ótica: nosso cérebro interpreta essas mudanças contínuas, normalmente de 12 quadros por segundo ou acima, como movimentação.

Esse efeito é chamado de "persistência retiniana" ou "persistência da visão", uma vez que uma imagem (quadro) persiste em nossa retina por mais uma fração de segundo após ter sido originalmente percebida e, quando outra imagem semelhante, levemente mudada, é colocada logo em seguida, a quebra não é notada, como se a imagem só tivesse se movido.

Os objetos fotografados são, em geral, bonecos articulados ou demais objetos inanimados, como brinquedos e utensílios domésticos que ganham novas formas pela imaginação, mas a técnica também permite que humanos sejam o objeto de ação, possibilitando a criação de efeitos surreais como aparecimento e desaparecimento de personagens, que tem sido muito utilizado no cinema. 

Foi também em Viagem à Lua que essa forma de movimentação garantiu seu espaço no cinema e, hoje em dia, é muito utilizada tanto em filmes 100% animados como em live-actions. Dentre as obras mais populares pode-se citar filmes como A Noiva-Cadáver (2005) e Coraline e o Mundo Secreto (2009), além da recente produção seriada Rilakkuma e Kaoru, original Netflix.

Também é possível encontrar no YouTube diversos vídeos caseiros utilizando o stop motion, uma vez que a técnica é acessível a qualquer pessoa que possua uma câmera e um software de edição de vídeo para dar sequência e ritmo às imagens.

Conheça mais filmes feitos em stop motion nessa lista feita pelo Cinema10.

Rotoscopia

Max Fleischer foi um animador polaco-americano que revolucionou a indústria cinematográfica com a invenção do rotoscópio, um dispositivo que trazia um projetor preso a um cavalete e, combinados, permitiam que o artista traçasse as imagens filmadas, quadro a quadro, facilitando o processo de ilustração de figuras e movimentos complexos.

A rotoscopia, como já citado, foi muito utilizada no início do cinema animado como forma de captura de movimento, auxiliar a técnica da animação tradicional. Para isso, era necessário que as cenas do filme a ser animado fossem anteriormente gravadas com modelos reais, estes que viriam a ser desenhados na nova máquina e dar vida a animação.

Alice no País das Maravilhas, de 1951, é muito conhecido por seu exímio processo rotoscópico, no qual Kathryn Beaumont foi a modelo para a ilustração e animação da protagonista do filme e, também, como Wendy, em Peter Pan (1953), onde repetiu o trabalho.

Fleischer foi o responsável pela animação de personagens como Betty Boop, Popeye e Super-Homem ao longo de sua carreira, que contaram com a rotoscopia em seu processo de produção.

Além de animações populares, tanto do cinema quanto da televisão, os seis primeiros episódios de Star Wars contaram com essa técnica em sua produção para dar efeitos mais realistas aos sabres de luz dos personagens, afirmando a utilidade do rotoscópio mesmo para filmes em live-action. 

Gostou? Aproveite para conhecer diversos filmes animados no Cinema10.

Por Karoline Póss


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