Publicada em 12/05/2011 às 16:44
Muita gente torce o nariz só de ouvir falar em “cinema brasileiro”. Há quem acredite que nenhum povo sabe criar histórias e contá-las nos cinemas como os americanos. Toda a fama que a indústria cinematográfica americana ganhou ao longo do tempo não nos deixa mentir, mas em terras tupiniquins também existe cinema de qualidade.
Nos anos 30 os brasileiros conheceram o cinema através das chanchadas, as comédias musicais. Alguns cineastas brasileiros, porém, queriam poder competir com os filmes estrangeiros e isto foi possível com a criação do estúdio Vera Cruz, na década de 40. O problema é que muito dinheiro era gasto para produzir estes filmes e eles estavam envoltos em sofisticação. Alguns jovens interessados em cinema decidem então ir contra a maré, na década de 60, e com os filmes que produzem, com forte temática social, são responsáveis por criar o Cinema Novo. Diretores como Glauber Rocha, Ruy Guerra e Cacá Diegues representam esta época.
As décadas seguintes ficam conhecidas como a época de ouro do cinema brasileiro, com excelentes filmes sendo produzidos, mesmo com o cerceamento imposto pelos militares.
Em 1974 é fundada a Embrafilme, criada para produzir filmes com o intuito de agradar o governo. Nesta época são produzidos filmes com as maiores bilheterias e as melhores críticas até então.
Em 1990 chega ao fim a Embrafilme e o cinema brasileiro adormece, com poucas obras de qualidade sendo produzidas.
Mas como os brasileiros são famosos por nunca desistirem, a retomada do cinema brasileiro acontece gradualmente, logo após o período de seca de filmes. Leis de incentivo e ferramentas de apoio ao cinema são criadas e em pouco tempo três filmes são indicados para o Oscar na categoria de melhor filme estrangeiro.
Confira agora uma lista com os melhores filmes brasileiros, pertencentes a vários períodos do cinema nacional.
Este filme, dirigido por Roberto Farias, foi baseado em fatos reais. Meia dúzia de criminosos atacou e assaltou o trem pagador da Central do Brasil na década de 60, no Rio de Janeiro. O caso só foi solucionado um ano depois do ocorrido e causou espanto, visto que a polícia suspeitava que o crime havia sido executado por criminosos internacionais.
No filme, um inteligente criminoso carioca chamado Grilo (interpretado por Reginaldo Faria) convence alguns bandidos da favela Japeri a assaltarem o trem de pagamentos da Central do Brasil. Enquanto que Grilo é um pertencente da elite, branco e de olhos azuis, que dirige carros de luxo e compra as roupas mais caras, os outros criminosos são pobres e negros. Os assaltantes conseguem roubar 27 milhões de cruzeiros e combinam de não gastar o dinheiro em menos de um ano, o que levantaria suspeitas. No entanto, Grilo gasta mais do que devia para ostentar riqueza e ainda humilha seus companheiros por considera-los inferiores. Tião Medonho, o chefe do bando da favela, não perdoa e estoura os miolos de Grilo.
Em apenas três semanas de exibição, somente no Rio de Janeiro, 400.000 pessoas foram assistir o filme nos cinemas. A produção cinematográfica conquistou diversos prêmios nacionais e internacionais.
Este é um dos mais importantes filmes brasileiros, pois é o único representante nacional da lista redigida pelo British Film Institute, que indicou as 360 obras fundamentais em uma cinemateca.
Vidas Secas participou também do Festival de Cannes e foi indicado à Palma de Ouro.
O filme, dirigido por Nelson Pereira dos Santos, é baseado no livro homônimo de Graciliano Ramos.
Uma família de retirantes formada pelo pai Fabiano, pela mãe Sinhá Vitória, e pelos filhos mais novo e mais velho, além da cachorra Baleia, atravessa o sertão nordestino em busca da sobrevivência.
Esta obra representou um marco do Cinema Novo. Dirigido por Glauber Rocha, o filme conta a história do vaqueiro Manuel, que se revolta com a exploração que sofre por parte do coronel Morais e decide mata-lo. Tal ação faz com que ele e sua mulher, Rosa, sejam perseguidos por jagunços.
O casal só consegue escapar quando decide seguir o beato Sebastião. Mas um novo empecilho surge na vida dos dois. É que o matador de aluguel Antônio das Mortes, a mando da Igreja Católica, deve exterminar os seguidores de Sebastião. Para escapar da morte, Rosa e Manuel continuam a fugir até se encontrarem com Corisco, cangaceiro que era companheiro de Lampião.
O filme conquistou importantes prêmios em festivais nacionais e internacionais e foi indicado à Palma de Ouro.
4- São Paulo S.A – 1965
Dirigido por Sérgio Person, o filme conta a história de Carlos (interpretado por Walmor Chagas), um jovem pertencente à classe média paulistana que começa a trabalhar em uma grande empresa do setor automobilístico.
Depois de algum tempo, em um novo emprego no qual assume o cargo de gerente, ele sustenta a família e ganha bem, apesar disto, vive insatisfeito. Só lhe resta fugir para tentar encontrar algo que o faça feliz. Logo Carlos percebe que a ideia foi péssima, visto que ele nutre verdadeira paixão pela cidade de São Paulo e não poderia ser feliz vivendo em outro lugar.
O filme foi agraciado com vários prêmios nacionais e internacionais, inclusive o Prêmio do Público na Primeira Mostra do Novo Cinema de Pesaro, na Itália. A película é considerada uma das únicas representantes paulistanas pertencentes ao Cinema Novo.
Glauber Rocha sempre foi um diretor polêmico e suas obras sempre estiveram recheadas de críticas. Com Terra em Transe não foi diferente.
O filme foi lançado em uma época tumultuada da política brasileira, e como na película são retratados, intencionalmente, personagens das diferentes tendências políticas existentes no Brasil no momento, ela recebeu duras críticas e foi muito mal recebida pelos intelectuais.
Na obra, o senador Porfírio Diniz pretende governar o fictício país Eldorado. No entanto, um jornalista idealista, um político populista e o dono de um império da comunicação irão atrapalhar seus planos.
Apesar de ter sido mal recebido pela crítica, o filme conquistou prêmios importantes no exterior, além de vencer em diversas categorias em um festival brasileiro e no Prêmio Governo do Estado de São Paulo.
Este filme é considerado o maior representante do cinema marginal brasileiro. Rogério Sganzerla, roteirista e diretor, tinha apenas vinte e dois anos de idade quando lançou a obra.
O filme é baseado na história real de João Acácio Pereira da Costa, mais conhecido como o Bandido da Luz Vermelha, apelido que recebeu da imprensa sensacionalista.
O assaltante dá dor de cabeça aos policiais em função de seu comportamento fora do padrão. Ele assalta diversas casas luxuosas de São Paulo sempre com o auxílio de uma lanterna com luz vermelha. Seus crimes sempre ocorriam da mesma forma: ele entrava nas casas, possuía as vítimas, conversava longamente com cada uma delas e depois gastava o dinheiro roubado de forma extravagante.
Em determinado momento ele se encontra encurralado e decide então encerrar sua carreira de criminoso ao cometer suicídio.
Este filme é considerado pelos críticos o melhor documentário brasileiro. A princípio, Eduardo Coutinho, o diretor, queria fazer um filme de ficção para contar a história de João Teixeira, um líder camponês paraibano assassinado em 1962.
O Golpe Militar, no entanto, o obriga a mudar seus planos e o filme precisa ser interrompido. Coutinho só o retoma dezessete anos depois e decide transformá-lo em documentário. Para tanto, vai atrás dos camponeses, da viúva de João, Elizabeth, e de seus dez filhos para colher depoimentos. O resultado é uma obra que conta a trajetória dos personagens que recordam, com tristeza, o drama de uma família de camponeses durante a tumultuada época da ditadura militar.
Este é um dos filmes brasileiros mais premiados. Só para se ter uma ideia, Central do Brasil conquistou o prêmio de melhor filme estrangeiro no Globo de Ouro, levou para casa um Urso de Ouro, em Berlim e Fernanda Montenegro, a protagonista do filme, conquistou um Urso de Prata. O filme foi agraciado ainda com outros dezessete prêmios em importantes festivais e premiações nacionais e internacionais.
Walter Salles levou para as telas a história de Dora (interpretada por Fernanda Montenegro), uma mulher que escreve cartas para os analfabetos na Central do Brasil. Uma destas mulheres que não sabe ler e escrever é Ana, que junto com seu filho Josué precisa de ajuda para escrever uma carta. Na saída da estação Ana é atropelada e morre. Contrariada, Dora resolve acolher o menino de apenas nove anos e o ajuda a encontrar o pai que ele nunca conheceu, no interior do Nordeste.
Se eu fosse você também é muito bom, deveria estar em um dos primeiros lugares
não conheço todos os filmes, alguém me recomenda um? Nota 03/05/2012 | Responder
Recomendo também "Saneamento Básico, o filme" e "Pixote - A lei do mais fraco", também ótimos! Nota 23/04/2012 | Responder
Que tal Lavoura Arcaica. Um filme de altíssima qualidade! Na verdade uma jóia rara. Fica a dica. Nota 01/01/2012 | Responder
Nota 24/09/2011 | Responder
Muito gelo e 2 dedos de água.
De pernas para o ar.
Abraço! Nota 28/06/2011 | Responder