Resenha: Que Mal Eu Fiz a Deus? 2

Publicada em 22/12/2021 às 17:14

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Foto: Divulgação/A2 Filmes

Engana-se quem pensa que o cinema francês vive apenas de clássicos cults: os filmes com maior apelo comercial, que visam o mero entretenimento do público, também são produzidos pelo país. E se você gosta dos filmes de comédia brasileira, vai adorar Que Mal Eu Fiz a Deus? 2!

O longa francês dirigido por Philippe de Chauveron estreou dia 02 de dezembro de 2021 em alguns cinemas brasileiros, dando continuidade ao filme de 2014, e surpreende o nosso público por suas semelhanças com os longas do Brasil. 

Na trama original, acompanhamos o relacionamento dos católicos e conservadores Claude e Marie com suas quatro filhas, cujos genros não estavam à altura das expectativas do casal. No novo filme, são os genros que dão o protagonismo à obra: Rachid, David, Chao e Charles estão cansados da vida na França e querem ir embora com suas famílias em busca de oportunidades melhores em outros países, mas Claude e Marie tentarão impedir essa mudança. Enquanto isso, a família Koffi lida com uma descoberta que coloca uma união em perigoso bem às vésperas do casamento de sua filha. 


Foto: Divulgação/A2 Filmes

Família é um tema universal. Não importa o país de origem dos filmes, se o tema central envolver as relações familiares, todos irão se identificar com pelo menos algumas das premissas. Brasil e França podem não parecer ter muito em comum, mas a diversidade do elenco, ao colocar em cena vários atores e personagens de diferentes etnias e culturas, é impossível não deixar de falar sobre preconceito — ainda que com bom humor, e desses dois assuntos o brasileiro entende bem.

Seja para discutir raça, etnia, gênero ou posicionamento político, o filme o faz de forma inteligente, passando suas opiniões nas entrelinhas entre uma piada e outra, mas não se abstendo de falar sobre assuntos importantes e relevantes. 

Em mais uma das semelhanças entre dois cinemas inicialmente tão distintos, essa forma de conversar com as massas sobre assuntos "tabus" também é muito adotada nos nossos filmes brasileiros, como quando vimos os relacionamentos homossexuais sendo abertamente explanados no elenco secundário de Minha Mãe é Uma Peça, que fez com que o público se emocionasse com a narrativa dos personagens e passasse a questionar seus próprios posicionamentos sobre a união entre pessoas do mesmo sexo, além de abrir o diálogo para famílias aceitarem seus filhos gays.


Foto: Divulgação/A2 Filmes

Como comédia, Que Mal Eu Fiz A Deus? 2 também não deixa a desejar: algumas situações são bem escrachadas mesmo, usando e abusando da química entre os personagens para criar situações inusitadas e cômicas mas que, mesmo sendo por ora exageradas, não escapam tanto do realismo que a obra promete. 

Realismo, esse, que é o que aproxima a obra do público: em tempos tão difíceis que vivemos nesses últimos dois anos, o que a gente precisava era de uma comédia mais mamão com açúcar com problemas que fazem parte do nosso cotidiano, a fim de nos lembrarmos de como há graça na vida, mesmo nessas preocupações mínimas causadas pela mescla de diferentes personalidades em uma única família. 

Aliás, caso não tenha visto o primeiro, embora seja recomendável não é obrigatório: as situações envolvidas são tão cotidianas que é fácil de entender o contexto da narrativa mesmo sem ter assistido ao seu filme precursor, ainda mais por neste novo longa o foco estar em outros personagens, explorando camadas que não haviam sido levadas tão a fundo no primeiro filme.

Com Christian Clavier, Chantal Lauby, Ary Abittan, Medi Sadoun, Frédéric Chau e grande elenco, o filme chegou aos cinemas do Brasil com distribuição da A2 filmes. Consulte a programação dos cinemas mais próximos da sua casa!

Por Karoline Machado Póss


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