Mostra São Paulo 2011: finalistas do Prêmio Itamaraty, Richard Schickel e Marçal Aquino

Publicada em 03/11/2011 às 15:32

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35 mostra são paulo

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CONHEÇA OS FILMES FINALISTAS DO PRÊMIO ITAMARATY

Pelo terceiro ano, o Itamaraty oferece aos filmes brasileiros participantes da Mostra Internacional de Cinema o Prêmio Itamaraty, que visa incentivar a produção cinematográfica brasileira e sua promoção no exterior, através da concessão de prêmio aos filmes escolhidos pelo júri entre os mais votados pelo público da Mostra.

O júri que concederá o Prêmio Itamaraty às produções nas categorias abaixo é composto por Bernardo Spinelli, Beth Sá Freire e Paulo Halm.

Esse júri escolherá, entre os cinco filmes mais bem votados pelo público, o melhor longa-metragem documentário, melhor longa-metragem de ficção e melhor curta-metragem.

Os valores brutos dos prêmios serão:

a) Melhor Curta-Metragem: R$ 15.000,00 (quinze mil reais)
b) Melhor Longa-Metragem de Documentário: R$ 30.000,00 (trinta mil reais)
c) Melhor Longa-Metragem de Ficção: R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais)

Os filmes vencedores serão anunciados na cerimônia de encerramento da Mostra, no dia 3 de novembro.

Concorrem ao Prêmio Itamaraty 2011:

MELHOR LONGA-METRAGEM FICÇÃO
ARTIGAS (Artigas – La Redota), de Cesar Charlone
EU RECEBERIA AS PIORES NOTÍCIAS DOS SEUS LINDOS LÁBIOS, de Beto Brant, Renato Ciasca
HISTÓRIAS QUE SÓ EXISTEM QUANDO LEMBRADAS, de Julia Murat
OS 3, de Nando Olival
TEUS OLHOS MEUS, de Caio Sóh

MELHOR LONGA-METRAGEM DOCUMENTÁRIO
À MARGEM DO XINGU - VOZES NÃO CONSIDERADAS
, de Damià Puig
MARCELO YUKA NO CAMINHO DAS SETAS, de Daniela Broitman
MARIGHELLA, de Isa Grinspum Ferraz
RAUL - O INÍCIO, O FIM E O MEIO, de Walter Carvalho
VAI-VAI: 80 ANOS NAS RUAS, de Fernando Capuano

MELHOR CURTA-METRAGEM
A CASA DA VÓ NEYDE
, de Caio Cavechini
CINE CAMELÔ, de Clarissa Knoll
MPB: A HISTÓRIA QUE O BRASIL NÃO CONHECE, de André Moraes e Rafael Greyck
O BRASIL DE PERO VAZ CAMINHA, de Bruno Laet
TATU BOLINHA, de Quelany Vicente

Fonte: Jornal da Mostra

 

 

RICHARD SCHICKEL: "MARTIN SEMPRE FOI UM LUNÁTICO OBCECADO POR FILMES"

O crítico, escritor e documentarista norte-americano Richard Schickel conversou com o público ao final da sessão lotada da cópia digitalmente restaurada do clássico Taxi Driver (1976), de Martin Scorsese. Autor do livro Conversas com Scorsese, Richard avaliou a obra do diretor que conheceu nas ruas de Nova York e em sessões caseiras de cinema, e que de quem se aproximou especialmente nos últimos 15 anos.

"Quando escrevi esse livro, já tinha ideias claras sobre sua obra, sobre quais filmes eu apreciava mais", afirmou. "Respeito muito Taxi Driver, mas realmente sofri para gostar do filme, é matador, tenso, a história de um psicopata", comentou o autor, que enumerou duas obras-primas do cineasta: Touro Indomável (Raging Bull, 1980) e Os Bons Companheiros (The Goodfellas, 1990).

Schickel admitiu haver picos na carreira de Scorsese, mas afirmou que isso não diminui sua importância. "O grau de intensidade mudou. Não porque ele seja um cineasta menos intenso, mas essa qualidade foi se amenizando: ele perdeu o vigor da juventude visto em Taxi Driver, por exemplo, mas continua sendo um mestre".

Os documentários

Apesar de ambos terem trabalhos como documentaristas – Schickel dirigiu diversos filmes sobre cineastas, entre eles o documentário para TV Woody Allen: A Life in Film (2002), enquanto há tempos Scorsese se dedica a filmar a trajetória de artistas que admira – caso de O Último Concerto de Rock (1978), No Direction Home (2005) e A Letter to Elia (2010) – o crítico explicou que documentários cumprem funções diferentes em suas vidas. "Os documentários sempre o mantiveram ancorado em algum tipo de realidade, acho que ele teme se envolver muito com suas ficções e se desligar dela. Eles cumprem dois papéis: fazem com que ele se envolva com a música e o trazem de volta ao terreno do real. E claro, ele simplesmente ama estes artistas e quer de alguma forma homenageá-los".

A Violência

Questionado sobre uma possível semelhança entre filmes violentos de Scorsese e Stanley Kubrick, Schickel foi taxativo: "Não acredito nessa afinidade. Nos filmes de Kubrick, a violência é calculada, irônica, estetizada, sexualizada; a violência de Martin nunca é sexualizada".

Para o crítico, a energia violenta vista nas obras do cineasta foram intimamente influenciadas por sua infância em Little Italy, subúrbio de Nova York. "Ele cresceu num bairro pobre e tornou-se um observador da violência sutil que via em todos os lugares. Muitos dos trabalhos dele têm a ver com essa fase", esclareceu.

Schickel confirmou a conhecida obsessão de Scorsese por cinema e a sua importância para sua formação. "Ele sempre foi um lunático obcecado por filmes; se tivesse tempo, veria todos os filmes do mundo", comentou. O próprio Martin Scorsese, criador da Film Foundation - organização não governamental que se dedica à restauração e preservação de obras cinematográficas - declara sua cinefilia em Uma Carta para Elia, exibido nesta 35ª Mostra.

Independentes e brasileiros

Schickel afirmou não ver muitos filmes brasileiros – "eles não chegam até nós", disse, se lembrando de Cidade de Deus (2002) – e que tem se aproximado cada vez mais do cinema mainstream norte-americano. Segundo o crítico, hoje em dia não existem diferenças significativas entre um filme de orçamento médio feito por estúdio e outro independente. Ele ainda avaliou que as chances de um filme pequeno alcançar sucesso hoje são pequenas: "nós não vamos ver muitos filmes vindo do nada atingindo e extasiando a comunidade crítica".

Fonte: Jornal da Mostra

 

 

MARÇAL AQUINO: "ENTRAMOS NA SALA DE CINEMA PARA SERMOS MANIPULADOS"

O jornalista, escritor e roteirista Marçal Aquino foi o último convidado do ciclo Os Filmes da Minha Vida da 35ª Mostra. Autor de livros como Famílias Terrivelmente Felizes e Cabeça a Prêmio, e roteirista, entre outros, dos filmes O Invasor (2002, de Beto Brant), Crime Delicado (2005, de Beto Brant) e O Cheiro do Ralo (2006, de Heitor Dhalia), seu depoimento ocorreu nesta quarta-feira, 2 de novembro, na sala do Cine Livraria Cultura 2.

Seu contato com o cinema começou com os westerns, principalmente os italianos, como os filmes de Sérgio Leone e Giorgio Ferroni. Mas seu filme favorito desse gênero é Meu Ódio Será Sua Herança (The Wild Bunch, 1969), de Sam Peckinpah. "Acabei vendo tudo dele depois, Sob o Domínio do Medo (Straw Dogs, 1971) é um dos meus filmes favoritos. Nessa época frequentei cineclubes, que era onde os filmes que não estavam mais em cartaz passavam, e tinha acesso ao cinema italiano, francês, espanhol".

Citou como seus cineastas favoritos Bernardo Bertolucci, "um cineasta que leva toda sua carga poética nos seus filmes, como em O Conformista (Il Conformista, 1970), que resume todo o seu ideal político, estético e cinematográfico, um dos meus preferidos"; Dario Argento, "O Pássaros das Plumas de Cristal (L´uccello dalle Piume di Cristallo, 1970) é uma das estratégias narrativas mais simples e eficientes do cinema"; Stanley Kubrick, "de filmes como O Iluminado (The Shining, 1980), Barry Lyndon (1975), e De Olhos Bem Fechados (Eyes Wide Shut, 1999), cineasta de filmografia impecável"; e Ingmar Bergman, "um cineasta interessado nas doenças da alma, na angústia do homem; um cineasta que não se esgota".

Aquino comentou sua dificuldade com determinados gêneros cinematográficos. "Talvez por gostar de narrativas eu não consiga ver e gostar de musicais e tenha dificuldade com comédias rasteiras". Apesar disso tem Billy Wilder e Woody Allen como seus cineastas favoritos, "cineastas que fazem comédias mais do contentamento do que da gargalhada".

Do cinema brasileiro, "que é quase um cinema estrangeiro aqui dentro", destacou Assalto ao Trem Pagador (1962), de Roberto Farias, "que inaugura o cinema policial brasileiro"; São Bernardo (1972), de Leon Hirszman, "que adapta toda a secura e dureza da prosa do Graciliano Ramos, um dos maiores filmes brasileiros"; Toda Nudez Será Castigada (1973), "a melhor adaptação de Nelson Rodrigues e o melhor filme do Jabor, mais surpreende por ser um filme inteiramente dublado e que não perde sua força por causa disso". Da safra recente de filmes destacou Lavoura Arcaica (2001, de Luiz Fernando Carvalho), "uma proeza"; e Casa de Alice (2007, de Chico Teixeira).

Para ele, mudaram a maneira e razões pelas quais se vai ao cinema. "Hoje as pessoas só vão ao cinema para se divertir, ninguém quer sofrer". Um cineasta que segundo Aquino foge desse caminho é Gaspar Noé, "que faz um cinema desagradável, mas necessário”, em filmes como Irreversível (Irréversible, 2002), Sozinho contra Todos (Seul Contre Tous, 2002); além de Lars Von Trier, "que encarna o preceito de que entramos na sala de cinema para sermos manipulados, ele é um cineasta que te tem na mão durante todo o filme, como em Anticristo (Antichrist, 2009)".

"O livro precisa da imaginação do leitor, o cinema precisa da atenção, pois o cinema é o que ele diz, o que ele mostra" concluiu.

Fonte: Jornal da Mostra

Por Laísa Trojaike - @LaisaTrojaike

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