Nacional "Jogo das Decapitações" estreia em breve e fala sobre a ditadura militar. Saiba mais!

Publicada em 09/06/2014 às 10:16

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Jogo das Decapitações é o novo longa-metragem dirigido por Sérgio Bianchi – Cronicamente Inviável (2000), Quanto Vale ou é por Quilo? (2005) e Inquilinos (2009) – que chega aos cinemas no dia 19 de junho. O filme, que aborda temas atuais e tão presentes na realidade brasileira, como violência, repressão policial, ódio entre classes e corrupção, surgiu a partir do descontentamento do diretor com os rumos tomados pela geração da qual faz parte. “O filme é isso: raiva. Raiva da minha geração”, anuncia Bianchi.
 
Fernando Alves Pinto (São Silvestre, 2013, 2 Coelhos, 2011) é Leandro, estudante de mestrado que está prestes a perder o prazo de entrega de sua tese sobre grupos militantes que tentaram combater a ditadura brasileira. Ele é filho de Marilia, interpretada por Clarisse Abujamra, uma ex-guerrilheira que hoje preside uma ONG para vítimas do regime militar e busca indenização do governo pela tortura que sofreu. É ela quem liga para os amigos, anistiados que agora estão no poder, para pedir emprego ao filho.
 
Rafael (Silvio Guindane) é aparentemente o único amigo de Leandro. Contestador, o jovem universitário traz a tona todos os podres da sociedade brasileira, criticando governo e oposição. Vera (Maria Manoella) é sua colega de trabalho – mais um bico arranjado pela mãe – e só quer saber de ganhar dinheiro e cuidar de sua vida, não ligando a mínima para política.
 
Em meio às pesquisas para o mestrado, Leandro descobre um filme censurado em 1973 que foi dirigido por seu pai, Jairo Mendes (Paulo César Pereio), um cineasta “marginal” que ele não conheceu. Mesmo pressionado por seu orientador, ele fica obcecado pela obra, “Jogo das Decapitações” (as imagens são de Maldita Coincidência, primeiro longa de Bianchi, de 1979), e resolve ir atrás do filme e da história por trás de seu polêmico e profético pai: "No futuro, esquerda e direita jogarão o mesmo jogo, legitimadas por este tempo horrível que agora vivemos”, dizia Jairo Mendes.
 
Leandro, que até este momento assiste quase que de maneira apática aos horrores do cotidiano brasileiro, explorados sem pudores por uma mídia comercial, começa então a questionar a posição de vítimas dos militantes da ditadura e o privilégio de poucos dentro de nossa sociedade. Ele percebe que os torturados de ontem são os homens na política de hoje, mas pararam no velho discurso. “Por que vocês continuam o discurso de vítima mesmo quando conseguem o que querem?”, diz o personagem de Fernando Alves Pinto à mãe.
 
Jogo das Decapitações, que foi exibido nas últimas edições do Festival do Rio e da Mostra Internacional de São Paulo, remexe em feridas de um passado recente e nos exibe um presente corrompido, com situações que toleramos ou que fingimos não ver. O filme lança indagações incômodas em meio a diálogos críticos. Veja algumas frases ditas pelos personagens de Bianchi:
 
Leandro/ Fernando Alves Pinto
Justiça? Só no dia em que o torturador tiver o nome publicado e for para a cadeia pelo o que ele fez. Ou então, quando as famílias dos companheiros justiçados que vocês assassinaram nos tribunais revolucionários receberem alguma recompensa, dinheiro, ou quem sabe um cargo público”.
 
Marília/ Clarisse Abujamra
Se eles soubessem que depois do regime eles iam ser anistiados, talvez eles não precisassem forjar a morte de ninguém”.
 
Rafael / Silvio Guindane
- “Tentar socializar a miséria já tentaram e... deu errado”.
- “Se a gente pensar direito a tortura, ela é uma ferramenta do poder desde o Brasil colônia. Durante alguns poucos anos, uns 10, 20 anos, teve gente da classe média que foi torturada. Agora, louvar isso como um estado de exceção é classismo. Não é?”
 
Vera/ Maria Manoella
- “Não é fácil manter a integridade sabendo das coisas”.
 
Jairo Mendes / Paulo César Peréio
Vai todo mundo se devorar. É pobre roubando pobre, rico vai fazer discurso social. A esquerda vai usar métodos da direita. Hoje, a ideia de transgressão já é questionada. Será que as pessoas entendem o que a gente está fazendo? Daqui uns anos vão achar tudo um barato, vão fazer umas camisetas e tal”.
 
Jacques / Renato Borghi
- “Se ela soubesse que ia receber 500 mil por uma noite na cadeia (...). Até hoje não deve saber muito bem a diferença entre exílio e intercâmbio”.
 
Renata/ Maria Alice Vergueiro
- “A geração de vocês não tem um ideal, não tem nada. Só sabem pichar. Só sabem criticar, criticar. Vivem às nossas custas e depois ficam criticando, criticando o que fazemos”.
 
As informações são da assessoria de imprensa do longa.
 
Saiba mais sobre o filme Jogo das Decapitações ou confira a nossa lista de filmes sobre ditadura militar.
 
por Laísa Trojaike

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