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Armadilha



Uma introdução genérica, com quase nenhum motivo para segurar o espectador na poltrona, embalada por uma canção natalina. Eis uma receita para esvaziar as salas de cinema. Após aproximadamente 5 minutos de filme, quando tudo é interrompido por uma tela preta com a inscrição “Dirigido por David Brooks”, você já se pergunta se pode ir para casa.

Tudo isso é seguido por um turbilhão de diálogos inúteis para a trama e nada agradáveis. Parece que se está a escutar uma enfadonha conversa alheia. Tudo isso faz você se lamentar por não estar em casa assistindo a um filme do Woody Allen ou do Quentin Tarantino.

A trama, depois de todos esses diálogos nada pertinentes, se desenvolve toda dentro de um ATM (sigla que dá nome ao filme e cujo correspondente em português é “caixa eletrônico”). Por trama quero dizer: três pessoas, ou melhor, o mocinho (Brian Geraghty), o metido a badboy (Josh Peck) e a mocinha histérica (Alice Eve), encurralados em um caixa eletrônico tomando as piores decisões possíveis.

Obviamente, todos esses elementos unidos geraram as reações mais absurdas. Uma série de “por quês” começam a surgir na mente daqueles que assistem a mais essa pérola do cinema. Por que eles não correram e fugiram logo no início? Por que um indivíduo em sã consciência procuraria um telefone embaixo de envelopes de depósito bancário? Por que a mulher não faz nada além de gritar? Por que a água não vaza pela porta que abria minimamente? Por que não escapar enquanto o assassino tenta arrombar a porta dos fundos? Por que tentar estancar sangue com envelopes? Por que os policiais não ouviram nada do que o mocinho falou? E eu poderia ficar enunciando outras questões.

Àqueles interessados em maiores detalhes, eu recomendaria que reparassem na montagem feita, quase ao fim da película, utilizando as imagens da câmera de segurança. Repare que você verá a seguinte sequência: 1) o assassino em frente ao caixa eletrônico; 2) o mocinho batendo com uma lixeira no caixa eletrônico; 3) o assassino atrás do carro que está barrando a porta do famigerado caixa eletrônico; 4) o mocinho batendo do caixa eletrônico até a câmera perder o sinal. Além de o carro brotar de uma hora para outra, ele não aparece em momento algum nas imagens da câmera de vigilância.

Não bastassem todos os furos, os atores não dão folga. Alice Eve parece uma adolescente acéfala de algum filme caseiro qualquer, que nem sequer sabe atuar decentemente. Josh Peck (sim, o Josh Nichols da série Drake & Josh da Nickelodeon) atua tão bem quanto atuava na série de TV, enquanto Brian Geraghty acompanha os colegas de elenco em qualidade.

Com todos esses erros aliados às péssimas interpretações de todos os personagens e uma montagem capaz de piorar com mérito um roteiro fracassado, Armadilha soa como noventa minutos de completa perda de tempo, onde você torce pelo assassino (sobre o qual nada se sabe) para que ele acabe com a sessão de (cine)tortura psicológica.

Talvez o filme agrade àqueles que gostam de rir de produções pouco ou nada inteligentes que se levam a sério.

Saiba mais sobre o filme Armadilha.

Por Laísa Trojaike
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