Chico Xavier

Publicada em 27/04/2010 às 14:32

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É totalmente assumida a postura de Daniel Filho de realizar filmes com grande apelo comercial, visando garantir boas cifras, principalmente das classes C, D/E da população, que tiveram, com o governo Lula, um aumento significativo em suas rendas. Esta estratégia vem dando bons resultados, vide a arrecadação espetacular da franquia Se eu Fosse Você e da adaptação da obra de Eça de Queiroz Primo Basílio.

Contudo, mais surpreendente que as performances nas bilheterias  é a forma como o diretor consegue atrair público sem apelar para o folhetim televisivo, investindo em uma linguagem puramente cinematográfica. Seu novo longa, Chico Xavier, comprova que o diretor sabe discursar as grandes platéias, sem subjugar a capacidade de compreensão do público.

O roteiro é baseado no livro “As Vidas de Chico Xavier”, escrito por Marcel Souto Maior (O Outro Lado da Rua), segue os passos do médium desde sua infância até a velhice, construindo de forma observacional, um retrato da trajetória daquele que se tornou o maior fenômeno do espiritismo nacional.

Este distanciamento só contribui para a fita, que foge do sentimentalismo barato e da panfletagem religiosa, resultando num filme universal, o que poderia ter se transformado em uma obra espírita. Somente este distanciamento já seria motivo para aplausos, porém, ainda sobra espaço o uso de uma linguagem cinematográfica sofisticada – principalmente na cena em que a câmera literalmente invade o ouvido do protagonista  -.

Nelson Xavier e Ângelo Antônio interpretam  diferentes fases da vida do religioso. Ambos, além da  aparência física, conseguem transmitir a mesmo  carisma e serenidade  que caracterizavam o espírita. Já Matheus Costa, ator que interpreta Chico durante sua infância, parece não ter assimilado bem o papel, mesmo se esforçando nas cenas de maior carga dramática, acaba causando certo constrangimento com seu tom artificial digno de criança prodígio vencedora de concurso de novos talentos.

Além de Nelson Xavier e Ângelo Antônio, destacam-se Tony Ramos e Christiane Torloni, protagonistas da trama paralela à de Chico, que acompanha o casal após a perda de seu filho, acidentalmente morto por um amigo. Coube aos dois a função de protagonizar a cena de maior emoção próximo ao fim do longa, conseguindo sensibilizar até os mais duro dos espectadores.

Muito se falou de problemas técnicos, especialmente no que diz respeito ao som – realmente no início sentimos falta de legendas -, mas com um pouco de boa vontade dá para superar este deslize (errar é humano!). Superado os defeitos técnicos, o longa comprova a qualidade do diretor como o grande cineasta das massas, comprovando seu talento tanto em comédias, quanto em dramas.

Vida longa ao cinema  de Daniel Filho!

Saiba mais sobre o filme Chico Xavier.

Por Bruno Marques   ([email protected])

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