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Crítica: Círculo de Fogo

por Octavio Caruso
(para acessar a página do crítico no Facebook, clique aqui)
 
Em qualquer forma de Arte, ignorar a proposta do autor é avaliar de forma errônea o seu trabalho. Logo, afirmar que Círculo de Fogo é um exemplo de estilo em detrimento da substância, nada mais é que constatar a competência de Guillermo Del Toro naquilo que domina como poucos. A comparação imagética com Transformers serve apenas para potencializar a forma desastrada com que Michael Bay, um homem que mal sabe operar uma câmera, conduziu seu espetáculo. A beleza elegante na criação do universo em que habitam os robôs gigantes e monstros, assim como o refinamento no esperto roteiro, que apresenta seus personagens e suas motivações de forma direta, utilizando referências de obras do passado (como “Godzilla”, “Evangelion” e até Top Gun), sem que o foco seja alterado para a inserção de melodramas tolos. Vemos claramente um adulto inteligente e criativo, brincando de resgatar sua criança interior.
 
Um exemplo de como um diretor (também roteirista, com Travis Beacham) visionário pode pegar um conceito tolo e desgastado, transformando-o em algo relevante, foi a forma escolhida para fazer com que nos importemos com os personagens humanos, normalmente caricaturais peões no tabuleiro da fantasia. Eles pilotam seus robôs através de uma conexão mental, porém devido ao tremendo esforço cognitivo, recebem o auxílio de um colega, com quem compartilham memórias e segredos. É interessante também a escolha por subverter as expectativas, evitando as típicas ameaças alienígenas que escolhem conscientemente atacar o planeta em tantos projetos similares. A invasão é despertada por uma ação natural do planeta.
 
Del Toro não se priva de abraçar os elementos característicos, como os discursos inspiradores e o heroísmo inconsequente, mas aborda-os com revigorante frescor. As cenas de batalha são empolgantes e de uma beleza sem igual no gênero. Apesar do imenso escopo e da impossibilidade de capturar no enquadramento tudo o que ocorre, a fotografia de Guillermo Navarro orienta o espectador para o coração motivacional das cenas, sem cair na tentação de confundir e esconder as falhas com excesso de edição. Extremo cuidado é direcionado ao contraste no trabalho da iluminação. Claro que tudo não passa de um passeio num parque de diversões, mas com certeza este é o melhor deles.
 
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