Deixe-me Entrar

Publicada em 06/06/2011 às 12:49

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Crítica Deixe-me Entrar

Para aqueles que não estão a par de que o filme é um remake de um grande sucesso cult, um dos cartazes traz consigo uma impressão trash, enquanto a sinopse e o trailer desanimam ao ressaltar dois clichês que estão em voga: bullying e vampiros.

Talvez por serem temas “da moda” é que tais aspectos foram reforçados. Além do mais, trata-se de uma refilmagem estadunidense de um “língua estrangeira”, logo não é de se espantar que haja uma adequação ao novo contexto cultural.

Embora possa não agradar os antigos fãs de Deixe Ela Entrar (o sueco Låt den Rätte Komma In), a nova versão surpreende e acaba por se revelar um filme sensível e cuidadoso, repleto de sutilezas e, por isso, merece uma chance de mostrar seu potencial. Owen (Kodi Smit-McPhee, de A Estrada) se mostra um perfeito menino psicologicamente afetado pela separação dos pais e pelos colegas da escola, enquanto Abby (Chloe Moretz, de Kick-Ass) representa a garota misteriosa que exerce grande atração sobre o menino solitário e sentimentalmente carente. A relação ganha fôlego e a aparente artificialidade dos diálogos e expressões é reflexo da personalidade incomum de ambos. A relação é envolta numa fotografia intensa e delicada, ora em cores quentes, ora em cores frias, que contribui muito para a atmosfera de dúbia inocência do filme.

Mas é no modo de fazer transparecer o íntimo dos personagens que o diretor Matt Reeves (Cloverfield – Monstro) merece maior mérito. À exceção de poucas cenas, somos conduzidos sob a visão sensível de Owen e, numa incrível utilização do jogo de foco, somos capazes de sentir o distanciamento emocional existente entre ele e sua mãe. Ainda dependentes da visão do menino, somos felizmente privados de algumas cenas de ação, embora a produção tenha insistido em nos mostrar ataques animalescos com exagero de efeitos especiais, como se fôssemos obrigados a digerir vampiros “crepusculóides”.

Deixe-me Entrar
não se mostra um filme atraente de imediato, mas conquista o espectador no seu desenrolar, seja pela fotografia, seja pelas satisfatórias atuações ou mesmo pela história. Basta que qualquer preconceito seja deixado do lado de fora da sala do cinema e que se deixe levar, para, ao fim, se deparar com um filme muito mais maduro do que, a princípio, imaginara.

Saiba mais sobre o filme Deixe-me Entrar.

Por Laísa Trojaike

Comentários (1)





Francy comentou: Muito bom mesmo, a gente acaba torcendo do começo ao fim pelo menino, pela 'menina' e principalmente pela amizade...muito agradável mesmo. Nota
13/07/2011 | Responder