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Espelho, Espelho Meu



Espelho, Espelho Meu termina como começa: causando desânimo. Qualidade inadequada para uma comédia que conta um elenco adorável (e não estou me referindo à Lily Collins). Nos seus primeiros minutos o filme já dá todos os indícios de que jogou no lixo a grande oportunidade que é reformular uma clássica história infantil.

Com mais pontos negativos que Alice no País das Maravilhas (2010) e A Garota da Capa Vermelha (2011) juntos, Espelho, Espelho Meu conta com uma protagonista nada cativante, uma direção de arte ineficiente e vergonhosa, efeitos e animações quase amadoras (a Fera parecia ter saído de uma série animada de algum canal infantil), maquiagem deficiente (que de tão incompetente deixou o trabalho de envelhecimento da Rainha para a pós-produção) e criatividade ausente. Todos esses elementos reunidos em uma única película só pode ser fruto de um único objetivo: fazer com que os espectadores notem que tudo o que se passa na tela é realmente um faz de conta (que está bem feito).

O diretor indiano Tarsem Singh parece estar desenvolvendo o sádico gosto por filmes que deturpam da pior forma possível histórias clássicas. Não bastasse tal perversão, ele tem criado uma marca bastante singular e que beira o repulsivo: a estética visual empregada em Imortais e Espelho, Espelho Meu destoam em vários pontos do contexto em que foram inseridas. De Zeus purpurinado ao Espelho em uma oca, Singh e seus diretores de arte querem ver olhos sangrando perante suas obras.

Não, o maior problema da Lily Collins não são as sobrancelhas. Assim como o seu par romântico de Sem Saída, Taylor Lautner, Lily é incapaz de atuar minimamente bem. Posta ao lado da veterana Julia Roberts e do excelente Armie Hammer (que foi capaz de superar Leonardo DiCaprio em J. Edgar), a jovem atriz parece realmente esforçada e determinada a se superar, mas dá ares de encontrar constantemente o seu limite. Talvez seja por notar isso que, ao final do filme, nos é apresentado um clipe onde a atriz dança e, pasme, canta.

Seria influência do seu pai (Phil Collins) e uma deixa para uma carreira paralela? Espero que não.

Julia e Armie, a Rainha e o Príncipe, respectivamente, são peças avulsas dessa bomba cinematográfica. Como se tivessem notado previamente o resultado do conjunto, ambos parecem se divertir livremente com seus papéis e é justamente quando contracenam que surgem as cenas realmente dignas de algumas risadas. Armie Hammer como um cachorro efusivo é, realmente, impagável.

Merecedor de elogios também é o coadjuvante Nathan Lane, que interpreta Brighton, o faz-tudo da Rainha. É ele que protagoniza uma das cenas de maior mérito do filme e que, infelizmente, passará despercebida por muitos. Por deixar Branca de Neve escapar, acaba sendo transformado em barata e sofre todas as frustrações dignas de A Metamorfose de Kafka. Quanto à descartável aparição relâmpago de Sean Bean, podemos tomar isso como um prêmio de consolação para o seu personagem da série Game of Thrones: enfim coroado. E por falar em tal série, podemos aproveitar para lamentar a inexistência de outros grandes atores anões como Peter Dinklage.

As poucas boas adaptações de contos de fadas parecem ainda ser as clássicas animações da Disney. Nem Espelho, Espelho Meu e, muito provavelmente, nem Branca de Neve e o Caçador serão capazes de superar em conteúdo e qualidade o Branca de Neve e os Sete Anões de 1937.

Saiba mais sobre o filme Espelho, Espelho Meu.

Por Laísa Trojaike
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