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Jogos Vorazes



Acalmem-se, fãs, com os poucos “erros” de adaptação, pois a autora do livro, Suzanne Collins, co-roteirizou o longa. Sendo assim, vamos supor que as mudanças que ocorreram foram para o bem do roteiro e tiveram a bênção da criadora. O longa foi uma completa decepção para aqueles que esperavam uma alternativa para o fim próximo de A Saga Crepúsculo e para os órfãos da franquia Harry Potter. Jogos Vorazes é único: sem melodrama adolescente para os fãs da Stephenie Meyer e pouco fantasioso para os mais imersos em Hogwarts.

Primeiramente, a escolha de elenco foi excelente. Jennifer Lawrence, que não precisava de um blockbuster para provar o seu talento, já havia cativado o diretor Gary Cross com o ótimo Inverno da Alma (além de cativar vários nerds ao fazer a jovem Mística em X-Men: Primeira Classe). Segundo a direção, Lawrence foi a escolha perfeita para o papel e, se pensarmos, é realmente difícil imaginar alguém que teria um desempenho tão bom quanto o dela. Ao contrário da colega, Josh Hutcherson precisava de um bom papel para provar que era capaz de encarar filmes melhores que Viagem 2: A Ilha Misteriosa. E provou. Provou, inclusive, que ainda tem aquela centelha que o fez ser notado em Ponte para Terabítia.

Elizabeth Banks (Effie Trinket), Woody Harrelson (Haymitch Abernathy), Stanley Tucci (Caesar Flickerman), Donald Sutherland (Presidente Snow), Lenny Kravitz (Cinna) e até mesmo Wes Bentley (Seneca Crane), em conjunto, elevaram o filme em todos os sentidos que lhes foram possíveis. Banks exalando futilidade e inconsciente maldade e Harrelson usando seu costumeiro e natural humor para encobrir uma seriedade a ser posteriormente revelada. Mas quem se destaca e surpreende é, enfim, Stanley Tucci, que, até então, parecia fadado a interpretar personagens introspectivos e dotados de um humor sarcástico dos coadjuvantes clichês de comédias mais femininas. Tucci e Banks fizeram de dois personagens caricatos e que, em mãos erradas, poderiam acabar unidimensionais, transformarem-se em seres distópicos tão assustadores quanto a reflexão sobre um futuro pessimista.

Mas por que o filme não é nota dez? Além de ser um filme notoriamente comercial, limitado por ditames de produtores ávidos por dinheiro, a direção é infeliz o suficiente para demonstrar incompetência na construção de quase (?) todas as cenas de ação. Bastava que dois personagens se digladiassem corpo a corpo para que fôssemos expostos a uma série de borrões indecifráveis onde a única imagem clarividente era o puro movimento.

Jogos Vorazes é uma excelente adaptação, embora sofra nas mãos de um diretor inadequado para o gênero. Essa é uma película que jamais deveria ter sofrido a pressão de surgir como substituta comercial em potência de A Saga Crepúsculo, pois há um grande abismo qualitativo entre as duas obras e, certamente, o fim próximo da saga “vampírica” afetou o desenvolvimento de uma franquia que, a níveis técnicos, poderia ter atingido a qualidade dos longas de Harry Potter.

Saiba mais sobre o filme Jogos Vorazes.

Por Laísa Trojaike
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