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Melancolia



Apesar do elenco, apesar da polêmica causada sobre o controverso diretor, apesar de o nome do filme vir sempre inserido na polêmica e, por isso, ter-se tornado incrivelmente conhecido pelo público em geral, Melancolia não é a melhor das obras de von Trier. Isso é apenas um alerta para aqueles que rumarão (ou rumaram) para o cinema pela estrada das polêmicas da mídia sensacionalista. Melancolia é uma obra de arte apocalíptica, profunda, bela e grandiosa, ligada a todas as facetas cinematográficas possíveis, englobando a magia do movimento do primeiro cinema, perpassando pelas influências freudianas e desembocando nas grandes produções contemporâneas.

Com um elenco recheado de grandes nomes, de talento inegável, o longa se desvela por entre interpretações impecáveis. Mesmo a insossa Kirsten Dunst ganha profundidade e se mostra (enfim!) talentosa nas mãos de Lars. Charlotte Gainsbourg, que já havia trabalhado anteriormente com o diretor, incorpora um papel quase oposto ao de outrora e supera facilmente Kirsten, sujeitando-nos às partes mais melancólicas do longa. Os demais atores contribuem cada qual com sua máxima, porém sutil perfeição a essa sinfonia visual.

É fato que nada do que eu disse acima teria o peso que teve caso o filme não fosse dotado de tão louvável trilha, capaz de arrebatar qualquer espectador, mesmo aquele que não simpatizou com o roteiro de Lars. Os mais curiosos, que resistiram até o final dos créditos, ou aqueles mais doutos em música, puderam desfrutar da consciência de estarem perante o prelúdio da ópera Tristão e Isolda, de Richard Wagner.

Melancolia não é uma obra popular, não se mostra para todos e, assim como todas as obras do diretor, não é para qualquer gosto. Exige paciência, reflexão e percepção afiada. Não deve ser julgada com os mesmos olhos do dia-a-dia, da mesma forma que não se aprecia um Van Gogh com olhos de quem assiste à novela das oito. Do mesmo modo, como ocorre em todas as artes, o cinema também tem seus autores pouco populares e, sendo assim, não estamos diante de mera questão de gosto, mas, sim, de uma questão de saber se prostrar perante uma nova obra assumidamente distinta do comum.

Saiba mais sobre o filme Melancolia.

Por Laísa Trojaike
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