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Prometheus



Prometheus é um filme com excelentes atores e um grande diretor, que desanda pelo simples fato de ter dois roteiristas que fazem jus aos seus péssimos currículos. Aos esperançosos, um alerta: Prometheus ficou muito longe de Alien, o Oitavo Passageiro e de Blade Runner - O Caçador de Andróides. Durante a divulgação, virais da Weyland Industries, cartazes e vídeos, além de uma citação de Assim Falou Zaratustra, prometeram profundas reflexões e respostas para questões sobre a vida, o universo e tudo mais. Prometheus encara um desafio e se revela incapaz de cumpri-lo.

Com efeitos especiais e computação gráfica incríveis, logo de início o filme lembra jogos de ficção científica. E, como estamos diante de um Ridley Scott, não é surpresa que tudo pareça real. Os cenários, em grande parte, não são chroma key e dão a impressão de estarem ali, a alguns anos-luz.

Noomi Rapace, Michael Fassbender, Charlize Theron e Idris Elba, que têm merecidamente brilhado em hollywood, formam juntos um elenco de peso. Embora Rapace tenha sido podada pelo roteiro previsível, Theron foi ainda menos aproveitada em um papel pomposo e de destino pouco criativo, que não exigiu tanto quanto podia e deveria das capacidades dessa grande atriz. Elba, com todo o seu potencial, nada mais é que um coadjuvante e acaba se perdendo em uma cena forçosamente heroica.

Enquanto isso, Fassbender mostra que merece a fama que tem ganhado desde sua aparição em Bastardos Inglórios. Aqueles que não viram o viral de divulgação do androide David 8, certamente perderão parte da essência de David. Programado para parecer humano, consegue enganar até mesmo o espectador mais cuidadoso. Mas nada disso teria sido possível sem a perfeita atuação de Fassbender, que incorporou o robô humanoide com exímia perfeição.

Com uma maquiagem de tirar o fôlego, Prometheus mostra os seres que nos criaram até que... O que é isso? Eles são todos iguais? Preguiça de fazer outra maquiagem? Não acharam outro ator igualmente alto?

E, com isso, chegamos ao grande problema de uma obra que tinha tudo para ser um marco da ficção científica: o roteiro.

O trabalho dos roteiristas Jon Spaihts (do patético A Hora da Escuridão) e Damon Lindelof (do infeliz Cowboys & Aliens) é simplesmente deplorável.

Questionamentos são levantados, personagens são friamente mortos. Tensão. Esperança. E tudo fica sem resposta. Não bastasse o filme se converter em uma espécie de piada de desenho animado, quando para fugir da perseguição de um objeto, os personagens seguem correndo em linha reta ao invés de correr para o lado; tudo termina como um enorme ponto de interrogação, seguido de um final típico de penúltimo episódio de novela. O filme não se sustenta por si e só falta terminar com uma cartela indicativa contendo a inscrição “Continua...” ou “Confira no próximo episódio”.

Ao fim, o filme é um desperdício de talentos, ou seja, um grupo de atores incríveis, sob a direção de um diretor realmente genial, que na verdade só estão brincando de casinha em cima de um roteiro fraco e incapaz de se aprofundar em pelo menos uma questão filosófica ou minimamente existencial.

PS.: O final poderá arrancar suspiros alegres dos mais saudosistas. Ridley Scott mentiu nas entrevistas.

Saiba mais sobre o filme Prometheus.

Por Laísa Trojaike
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