menu search

10 filmes para conhecer melhor a nova safra do terror brasileiro

Publicada em 13/11/2015 às 16:21 Comente

No país, o horror começou a ser explorado nas comédias de fantasma e nos melodramas góticos. Mojica desempenha um papel importante na história do cinema, em especial com sua trilogia macabra formada por À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1964), Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1967) e Encarnação do Demônio (2008). A era mais prolífica do terror brasileiro foi com as produções da Boca do Lixo, tendo Fauzi Mansur (Ritual Macabro), David Cardoso (A Noite das Taras) e Jean Garrett (O Beijo da Mulher Piranha) como principais representantes. Isso sem contar outras fases e tantos nomes como Ivan Cardoso (O Segredo da Múmia) e seus filmes de monstros, que seguem até os dias de hoje.

Carlos Primati, pesquisador de cinema brasileiro, professor e crítico, aponta que há uma faceta em franco crescimento: a do “terror sutil, quase existencial”. “A preocupação é mais discutir o processo da morte do que causar medo ou mostrar cenas violentas de assassinato”, diz ele, que criou no Facebook a página Filmoteca do Horror Brasileiro, disponibilizando diversas produções do gênero. Segundo o pesquisador, essa fórmula pode ser uma saída para a cinematografia brasileira. “Estes filmes, que não exigem grandes efeitos especiais e apostam mais no psicológico, parecem apontar uma tendência mais viável ao mercado brasileiro”. Ele cita alguns exemplos: O Gorila (2012), A Misteriosa Morte de Pérola (2014), A Casa de Cecília (2014), O Amuleto (2014) e Mate-Me Por Favor (2015). “Acredito mesmo que o horror brasileiro é único e original”, observa Primati. “É difícil encontrar cineastas que imitem o Mojica, ainda que ele seja uma motivação para todo cineasta brasileiro que se aventure pelo gênero.”

Marcos DeBrito, roteirista e codiretor de Condado Macabro (2015) assume seu gosto pelo terror estrangeiro em produções como O Massacre da Serra Elétrica (1974); Motel Diabólico (1980); Pague para Entrar, Reze para Sair (1981) e Balada do Amor e do Ódio (2010). “Eu me inspiro muito no que gosto de assistir. Sangue, violência e morte sempre foram estímulos muito bem-vindos para minha energia criativa. E juntando isso ao meu senso de humor imaturo, nada melhor de que escrever um slasher para filmar” (risos). Os cineastas brasileiros têm se desdobrado para criar histórias interessantes, mas conquistar espaço e público tem sido uma tarefa difícil. A visibilidade ainda é pequena, restrita muitas vezes à festivais e aos circuitos limitados ou independentes. “O cinema de terror ainda sofre muito preconceito por parte da crítica e do próprio público”, analisa Primati. “Por isso acho interessante colocar em discussão suas possibilidades, inclusive do horror ser mais intelectual e contemplativo, porém sem perder a relevância para o gênero e manter as características elementares.”

André De Campos Mello, codiretor de Condado Macabro, concorda. “A maior dificuldade em lançar um filme de terror brasileiro é romper com um preconceito duplo. O horror é encarado por muitas pessoas como um gênero menor apesar de sempre figurar entre as maiores bilheterias todos os anos com títulos estrangeiros. Existe uma resistência à produção nacional e gostaríamos de romper com isso e alcançar o público para que ele avalie a produção pelo que é e não pelo que julga ser. Lançar Condado Macabro comercialmente foi um passo nesse sentido.” DeBrito reforça que o importante é quebrar o preconceito. “Precisamos fazer nossos filmes serem vistos pelo público que consome terror B americano e não aceita o produto nacional. Temos de fazê-lo começar a questionar o próprio argumento de que brasileiro não sabe fazer terror. Eu e o André acreditamos que em breve a produção desse tipo de filme viverá sua época de ouro por aqui.”

Tomás Portella, corroteirista e diretor do terror psicológico Isolados (2014), preferiu buscar uma alternativa no que diz respeito às leis de incentivo. “Queríamos fazer um outro modelo de negócio, um filme que não precisasse esperar por leis de incentivo e conseguimos através de uma produtora multiplataforma. Quanto ao público, ele é bastante desconfiado com gêneros menos explorados. Porém, mais cedo ou mais tarde vamos conseguir provar que o nosso cinema já tem maturidade suficiente para se aventurar em novos gêneros.” Primati aposta que os primeiros passos para essa façanha sejam conquistados com exemplares como A Floresta que se Move, Condado Macabro, Através da Sombra e O Diabo Mora Aqui. Além desses, outros longas ainda em fase de produção prometem engrossar a leva dessa safra do terror brasileiro: Aurora, estrelado por Carolina Dieckmann; Aquarius, com Sônia Braga; O Juízo Final, dirigido por Andrucha Waddington e roteirizado por Fernanda Torres; Animal Cordial, A Terapia, The Hell Within, produzido pelo guitarrista Slash; e Mata Negra, primeiro filme de grande orçamento de Rodrigo Aragão. “Todas essas vindouras produções trazem propostas muito diferentes entre si, o que só enriquece esse cenário que já é bastante promissor”, conclui Carlos Primati.

Confira 10 filmes para conhecer melhor a nova safra do terror brasileiro!

1. Condado Macabro (2015)

Já o diretor André De Campos Mello cita outra inspiração: Sexta-Feira 13. “O nome do personagem principal, Jonas, é um anagrama de Jason, lendário assassino da franquia e uma de nossas inspirações. A trama é uma grande homenagem aos filmes do gênero slasher do final dos anos 1970 e da década de 1980. Exploramos ao máximo os clichês, amarrando todas essas referências com elementos bem brasileiros.” Saiba mais sobre o filme Condado Macabro.

2. O Diabo Mora Aqui (2015)

Saiba mais sobre O Diabo Mora Aqui.

3. A Floresta que se Move (2015)

Saiba mais sobre o filme A Floresta que se Move.

4. Isolados (2014)

Segundo o diretor Tomás Portella a ideia para a trama surgiu de uma conversa com o produtor Fernando Zagallo, que tem uma casa na região serrana do Rio de Janeiro. “Ele propôs fazermos um misto de suspense e terror por lá. Fernando me falou de alguns casos de crimes ocorridos na região, em especial o dos ‘Irmãos Necrófilos’. A partir disso bolamos o argumento do filme.” Saiba mais sobre o filme Isolados.

5. A Misteriosa Morte de Pérola (2014)

Saiba mais sobre o filme A Misteriosa Morte de Pérola.

6. Sinfonia da Necrópole (2013)

Saiba mais sobre o filme Sinfonia da Necrópole.  

7. Gata Velha Ainda Mia (2013)

Saiba mais sobre o filme Gata Velha Ainda Mia.  

8. Quando Eu Era Vivo (2012)

Saiba mais sobre o filme Quando Eu Era Vivo.  

9. Mangue Negro (2008)

O trabalho de Rodrigo Aragão é um dos favoritos do pesquisador de cinema brasileiro Carlos Primati. “Ele resgata a tradição dos filmes de monstro dos anos 1980, com ênfase nos efeitos especiais, na maquiagem e personagens como zumbis, lobisomens e chupacabras”. Saiba mais sobre o filme Mangue Negro.

10. Porto dos Mortos (2008)

Saiba mais sobre o filme Porto dos Mortos.

por Vanessa Wohnrath

email facebook googleplus pinterest twitter whatsapp