Publicada em 30/06/2019 às 14:37
Há quem ame, há quem odeie, há quem nunca tenha visto um, mas o documentário é um dos gêneros mais importantes do audiovisual, surgido ainda no cinema primitivo, entre os anos de 1895 e 1906, mas se consagrando somente algumas décadas mais tarde, em 1920, com o objetivo de retratar a realidade.
Desde então, o gênero passou por uma grande expansão, mudanças de concepção e de aceitação, tanto do público quanto da crítica. Neste processo, conquistou seu espaço inclusive em premiações, como o Oscar e o Emmy.
Hoje, são diversas as subcategorias que respondem como documentário, confundindo algumas pessoas.
Em busca de responder algumas dúvidas, essa matéria te apresenta a diferença entre documentário, docuficcção e pseudodocumentário, as três categorias mais comentadas e que ainda são muito confundidas. Confira:
Os documentários são, via de regra, filmes não-ficcionais: toda a história abordada precisa ser verdadeira, explorando a realidade a partir de um ponto de vista que pode ou não ser imparcial.
Esse gênero anda de mãos dadas com o jornalismo, uma vez que ambos são permeados pelo discurso de espalhar a verdade. A grande diferença está na forma em que é apresentado: para não cair em uma reportagem, o cineasta responsável por um documentário precisa seguir por um viés mais criativo, que fuja da narrativa oral. Uma boa trilha sonora, iamgens que falam mais que palavras e uma montagem desconstruída do filme ajudam neste sentido.
O filme Absorvendo o Tabu, de 2018, venceu a categoria de Melhor Documentário da edição de 2019 do Oscar. Escrito e dirigido por Rayka Zehtabchi, o curta-metragem se encaixa neste gênero por apresentar a realidade das mulheres da Índia rural e como elas lidam com suas menstruações ao produzirem absorventes de baixo custos para ajudar as mulheres de baixa renda. Relatos, entrevistas e observações são importantes para este gênero.
Como o próprio nome sugere, o docuficção é um tipo de documentário que também se aproxima da ficção, circulando entre os dois sem ser nem um, nem outro. Esses filmes costumam utilizar como base uma realidade, um acontecimento verdadeiro, mas insere diversos tipos de elementos ficcionais a sua narrativa, prejudicando sua precisão histórica e criando efeito tramático.
Não deve ser confundido com o docudrama, que é a recriação de um acontecimento para fins ilustrativos, comumente adotado por telejornais e reportagens quando não há filmagens reais do acontecimento.
Um dos maiores filmes do cinema nacional, Cidade de Deus (2002), é considerado uma docuficção por retratar a realidade dos crimes do Rio de Janeiro por meio de personagens e situações ficcionais.
Já o pseudodocumentário é um filme totalmente ficcional, mas apresentado como se fosse verdade, utilizando dos recursos de um documentário para contar uma narrativa falsa. Há um "subgênero" do pseudodocumentário, o mocumentário (ou mockumentary), para categorizar paródias e sátiras.
Um exemplo seria o filme A Bruxa de Blair (1999), no qual três cineastas resolvem gravar um documentário sobre a lenda de uma bruxa local. Obviamente, a tal lenda é ficcional, sendo verdade apenas no universo ficcional da obra e, portanto, torna-a um pseudodocumentário.
Leia mais sobre documentários no Cinema10.
Por Karoline Póss
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