Emily em Paris: entenda por quê os franceses odiaram a série

Publicada em 09/10/2020 às 00:00

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Emily em Paris: entenda por quê os franceses odiaram a série
Foto: Divulgação/Netflix

Embora a série Emily em Paris esteja fazendo grande sucesso ao redor do mundo e tenha se tornado particularmente querida entre os brasileiros, a novidade da Netflix está sendo detonada pelo público e pela crítica na França devido a representação "embaraçosa" dada ao povo francês na trama. 

A série conta a história de Emily Cooper (Lily Collins), uma jovem dos Estados Unidos que recebe a oportunidade de trabalhar em uma grande empresa de marketing na capital francesa. Entretanto, ela encontrará mais do que novos desafios profissionais em Paris, frequentemente se vendo no centro de galanteios por belíssimos rapazes franceses, o que é muito bem-vindo principalmente após o término de seu relacionamento à distância.

Um dos principais pontos que estão sendo criticados pelo público francês é a descrição dada aos homens de Paris, tidos como pessoas que pensam unicamente em namoro e pegação e não conseguem manter qualquer relação profissional ou mesmo amistosa com a protagonista, sempre deixando uma "tensão sexual" no ar, dando margem inclusive para a traição.

Emily em Paris: entenda por quê os franceses odiaram a série
Foto: Divulgação/Netflix

Quanto ao universo profissional abordado em Emily em Paris, os funcionários franceses da empresa são sempre taxados de preguiçosos, deixando o trabalho de lado para priorizar outras tarefas de sua vida cotidiana, que sempre inclui uma rotina sem graça de lanchinhos e bebidas em cafeterias e restaurantes próximos ao ambiente de trabalho.

A arrogância também faz parte das características adotadas para os profissionais franceses, tendo presente principalmente no ódio aparentemente gratuito que a chefe Sylvie (Philippine Leroy-Beaulieu) tem da recém-chegada americana, mesmo que ela mereça alguns dos esporros levados. 

Aliás, sequer a própria Emily escapa das críticas: desde sua chegada a Paris a protagonista destaca que sua importância para a empresa é "levar um olhar americano para o marketing francês", inúmeras vezes descrevendo como os franceses não sabem utilizar as redes sociais ao seu favor.

Em nenhum momento a personagem percebe a sua ignorância cultural e até mesmo a xenofobia presente nessas falas, colocando os Estados Unidos acima da França em tudo, inclusive na necessidade de que os outros conversem com ela em inglês, já que ela não sabe nem cinco palavras em francês e não tem se esforçado tanto assim para aprender o idioma.

Emily em Paris: entenda por quê os franceses odiaram a série
Foto: Divulgação/Netflix

Diversos sites de entretenimento e cinema destacam estes e outros pontos em suas críticas.

Ao Premiere, Charles Martin escreveu: "[Em Emily em Paris] aprendemos que os franceses são 'todos ruins' (sim, sim), que são preguiçosos e nunca chegam ao escritório antes do final da manhã, que são paqueradores e não estão realmente apegados ao conceito de lealdade, que são sexistas e retrógrados e, claro, que têm uma relação questionável com o banho. Sim, nenhum clichê é poupado, nem mesmo o mais fraco."

Ao Sens Critique, a crítica ressalta que "é preciso amar fortemente a ficção científica para assistir a esta série, sabendo que os parisienses são mais amigáveis, falam inglês irrepreensível, fazem amor por horas e ir trabalhar continua sendo uma opção. Os escritores podem ter hesitado por dois ou três minutos em enfiar uma baguete embaixo de cada francês, ou mesmo uma boina para distingui-los claramente, por outro lado, eles todos fumam cigarros e paqueram até a morte."

A revista cultural Les Inrocks ficou chocada ao ver como a cidade de Paris e toda a sua cultura foi resumida a "Moulin Rouge, Coco Chanel, baguetes e Ratatouille" na série, dentre inúmeras outras críticas negativas que circulam a internet.

Emily em Paris: entenda por quê os franceses odiaram a série
Foto: Divulgação/Netflix

Emily em Paris, embora seja uma série ambientada na França, é nitidamente uma produção pensada para o público não-francês, destacando todas os clichês e visões romantizadas a respeito de sua capital e de seu povo. 

Para espectadores de qualquer outro país, seja Estados Unidos ou Brasil, a produção claramente soará divertida e trará muito entretenimento àqueles que assistirem, se encantando com as paisagens parisienses e os looks da personagem de Lily Collins — que, com todo o perdão aos profissionais do mundo fashion, nem sempre são um acerto. 

Entretanto, é preciso levar em consideração todas as críticas levantadas pelo público francês para que Emily em Paris, em suas possíveis (mas não confirmadas) próximas temporadas, possa entregar um humor capaz de ser apreciado também pelos franceses, corrigindo seus erros e evoluindo sem a necessidade de ofender povos e culturas para divertir o público.

A Netflix e o criador da série, Darren Star, ainda não se pronunciaram oficialmente a respeito das fortes críticas que a série tem recebido.

Enquanto isso, leia mais sobre Emily em Paris no Cinema10 para saber tudo sobre essa popular e polêmica série.

Por Karoline Póss


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