Favorito: O Regresso
A grande produção tem muitíssimas chances de ser o grande vencedor da noite. Ele é um espetáculo cinematográfico que merece ser laureado com todos os Oscar possíveis. Não por acaso ele lidera a corrida com 12 indicações. A equipe do longa enfrentou imensas dificuldades climáticas e de logística para contar a história real de sobrevivência e vingança de um caçador de peles (Leonardo DiCaprio) que é abandonado após ser atacado por uma ursa. O que é retratado na tela é uma trama tensa, tortuosa. Suas mais de 2 horas e meia de projeção é uma jornada de sofrimento em nome da sobrevivência e da luta por um sopro de vida que é inspiradora.
A produção tem levado todos os prêmios da temporada e tem sua força no roteiro baseado em fatos reais. A trama gira em torno da equipe de quatro jornalistas do jornal Boston Globe que investiga crimes sexuais cometidos por padres contra crianças, abusos esses que eram habilmente abafados pela Igreja. O filme trata de um tema urgente e escancara um escândalo que precisa ser mais divulgado e condenado. Pela importância da temática, o longa tem alguma chance em levar o grande prêmio, mas tecnicamente, o filme é quadrado, não tem nada de extraordinário, faltando a devida tensão na montagem e na narrativa que o tema necessita.
A Grande Aposta venceu o prêmio do sindicado dos produtores dos Estados Unidos e é o favorito ao Oscar de Roteiro Adaptado o que lhe coloca também na briga pela estatueta de Melhor Filme. Vale a pena ainda mencionar Mad Max: Estrada da Fúria pelo fato da Academia ter dado espaço para um filme de ação. Há o preconceito com o gênero e é importante a premiação reconhecê-lo como um dos melhores do ano, abrindo espaço, quem sabe, para outras produções no futuro.
Favorito: George Miller por Mad Max: Estrada da Fúria
Na tradição do Oscar, o longa que leva o troféu de Melhor Filme, geralmente vence o de Melhor de Diretor. Mas nessa temporada de premiações, George Miller, da ação Mad Max: Estrada da Fúria, tem se saído vitorioso com diveros prêmios e isso pode lhe dar vantagem na competição, graças ao trabalho primoroso no quarto filme da franquia Mad Max. Com seus 70 anos, o cineasta imprimi um fôlego e tanto e um ritmo nervoso numa trama de perseguição que quando parece que vai acabar, ela toma novo fôlego e mais uma boa dose de tensão. Quem pode surpreender: Alejandro G. Iñárritu por O Regresso
Já se a tradição se confirmar, Alejandro G. Iñárritu, vencerá seu segundo Oscar. Que Donald Trump não escute isso! Esta seria sua estatueta consecutiva após ser laureada no ano passado por Birdman. E também seria um feito que não se repetia há 66 anos, quando Joseph L. Mankiewicz faturou duas estatuetas seguidas por Quem é o Infiel? (1949) e A Malvada (1950). A vitória de Iñárritu também não seria nada mal por seu trabalho mais uma vez impecável. O plano sequência que abre o filme é memorável, os movimentos de câmera (como a em que o personagem de Leonardo DiCaprio cai de um precipício), os cortes sutis e as longas tomadas também são de encher os olhos. Pela lente da câmera, Iñárritu capta a beleza da imensidão dos cenários e o sufoco psicológico dos personagens e coordenar tudo isso não é tarefa para qualquer um.
Há 39 anos, Sylvester Stallone foi indicado ao Oscar de Melhor Roteiro por Rocky, Um Lutador (1976), pelo qual também lhe rendeu uma indicação de Melhor Ator. Agora, o longa que lhe catapultou em Hollywood tem a chance de lhe agraciar com um Oscar na continuação da franquia (Creed - Nascido para Lutar). Agora, Rocky é o treinador do filho de seu rival nos ringues e é um bom trabalho de Stallone. Mas o prêmio vai para suas mãos em especial pelo reconhecimento por seus 45 anos de carreira, grande parte dedicada ao cinema de ação.
Quem pode surpreender: Tom Hardy por O Regresso
Mas Tom Hardy faz um trabalho bem mais interessante e pulsante em O Regresso no papel do individualista e cruel John Fitzgerald, que é quem toma a decisão de abandonar o personagem de Leonardo DiCaprio à própria sorte após ser atacado pela ursa. O ator tem uma capacidade como poucos de se expressar com o olhar, que em Mad Max: Estrada da Fúria deixa explícito, e em O Regresso ele transparece toda a frieza e a crueldade do personagem.
Quem pode surpreender: Kate Winslet por Steve Jobs
O filme venceu o prêmio do Sindicado dos Roteiristas dos Estados Unidos e praticamente todos ao que foi indicado e sua força está nas informações sórdidas que são investigadas e reveladas sobre padres pedófilos e o silêncio da Igreja. Além disso, o filme presta uma grande homenagem ao jornalismo investigativo que na era da internet está perdendo cada vez mais espaço.
O drama independente é baseado no livro Quarto, de Emma Donoghue, que faz sua estreia como roteirista, num trabalho com propriedade, adaptando bem o universo particular de uma criança que tem como única referência do mundo externo uma claraboia e fitas de videocassete e que ao entrar em contato com ela é ao mesmo tempo assustadora e reveladora.
Outro longa que vem colecionando prêmios por onde passa é o drama húngaro Filho de Saul. Passado no Holocausto, a trama gira em torno de Saul, judeu que trabalha no campo de extermínio Auschwitz. Ele faz um trabalho incessante seja retirando corpos da câmara de gás, limpando o sangue do local e jogando as cinzas no rio. Um menino sobreviveu por pouco tempo ao ataque e Saul acredita que ele merece um enterro e que um rabino reze o kadish para ele, fazendo dessa missão uma obsessão ao longo do filme e um exercício tortuoso enquanto os horrores acontecem ao seu redor. Oscar merecidíssimo!
Quem pode surpreender: Cinco Graças
O delicado drama francês Cinco Graças explora o controle da liberdade de cinco irmãs em plena ebulição dos hormônios. Elas moram num vilarejo turco e na volta da escola elas nadam inocentemente com os meninos, bastando para o falatório de que teriam se esfregado neles. Criadas pela avó e pelo tio, as jovens acabam proibidas de saírem de casa e é interessante notar como cada uma encara as situações, o que vai levando a consequências desesperadoras.
Claro que para muita gente por aqui a torcida fica por conta do brasileiro O Menino e o Mundo, um show de cores, imaginação e musicalidade, que já é uma vitória para a animação do país, que luta bravamente em festivais. A produção é guiada pelas imagens, formadas por traçados simples para mostrar a jornada de um menino que parte atrás de seu pai que foi trabalhar longe. É um show de cenas que partem de algo simples para se revelarem algo muito maior.
O longa conta a trajetória meteórica da diva do jazz Amy Winehouse e é a grande favorita. Com um rico material de imagens caseiras (o pai da cantora até contratava equipe de filmagens para acompanhá-la na vida íntima), o documentário mostra como a garota tímida se transformou no furacão com letras desconcertantes nos palcos, passando pelo relacionamento tempestuoso com o marido Blake Fielder-Civil, que desencadeou toda a desgraça na vida dela, culminando com a morte em 2011 de overdose de álcool.
O Peso do Silêncio muda o tom e fala do genocídio na Indonésia ocorrido em 1965, que matou cerca de 500 mil pessoas, tema que o documentarista Joshua Oppenheimer retoma após O Ato de Matar (2012). A produção mostra a tragédia pelo ponto de vista do irmão de um morto. Ele fica frente a frente com o assassino dele e o longa mostra o sentimento de revolta que isso continua gerando em muitos outros familiares. O silêncio do título se refere ao quanto o caso continua esquecido pela justiça, que prefere fechar os olhos para o que aconteceu.
O melhor filme de ação do ano e que conseguiu ser reconhecido pela Academia tem a obrigação de vencer o Oscar de Melhor Montagem! Além disso, Mad Max: Estrada da Fúria é um filme cinético, ancorado numa grande perseguição anárquica, foi filmado em movimento e Margaret Sixel venceu diversos prêmios por editar esse grande espetáculo.
Correndo por fora está Hank Corwin por A Grande Aposta, que dentro do caos do economês tenta pôr ondem nas tramas paralelas com cortes rápidos e inserções de clipes e fotos para ilustrar a narração do personagem de Ryan Gosling.
John Seale, vencedor do Oscar por O Paciente Inglês (1996), passado no deserto, usa essa experiência para captar toda a aridez do apocalíptico Mad Max: Estrada da Fúria, filmado no deserto da Namíbia, e faz um trabalho bem interessante, seja com o uso da luz estourada no dia ou do azul, negro ou vermelho que vão surgindo ao longo da trama.
Difícil o grande retorno da saga Star Wars sair de mãos abanando do Oscar. O alucinante Star Wars: O Despertar da Força leva esse prêmio, mas pode ser ameaçado pela aterradora sequência da ursa que ataca o personagem de Leonardo DiCaprio em O Regresso.
Quem pode surpreender: O Regresso
A produção também tem um design de produção impecável, sintetizando bem a época da caça de peles, em que os homens acampavam em lugares às vezes descampados e em condições extremas.
Quem pode surpreender: A Garota Dinamarquesa
Mais um Oscar vai para a conta de Mad Max: Estrada da Fúria. O vilão Immortan Joe tem uma saúde debilitada e sua pele está apodrecendo, revelando o bom trabalho de maquiagem do filme. Isso sem contar o tom claro da pele dos guerreiros do vilão, além das muitas cicatrizes.
Quem pode surpreender: O Regresso
Por falar em cicatrizes, O Regresso tem chances com os estragos que a ursa faz no personagem de Leonardo DiCaprio. É interessante ver a evolução lenta da cicatrização das severas feridas, fora os arranhões e cortes que vão surgindo em sua jornada de sobrevivência e vingança.
A categoria edição de som é dedicada a criação de sons e efeitos e nesse quesito O Regresso sai na frente na composição de ruídos de armas, flechas, pisadas na neve, além dos barulhos que ajudam a compor a cena do ataque da ursa.
Esse filme também se destaca com os ruídos anárquicos da frenética perseguição em carros mortais.
Já a mixagem é a forma como os sons criados pelo departamento de edição são colocadas nas cenas juntamente com o que foi captado no set de filmagem. Dessa forma segue empate com a categoria de Edição de Som.
Este é um duelo de gigantes, mas é chegada a hora do lendário compositor italiano Ennio Morricone, de 87 anos, levar para casa seu Oscar de Melhor Trilha Sonora, por Os 8 Odiados, após cinco indicações. Apesar de que em 2007 ele já havia recebido um prêmio honorário da Academia por sua contribuição ao cinema. Já para John Williams e seu trabalho em Star Wars: O Despertar da Força é a 31ª indicação ao prêmio, mas o músico já tem 5 estatuetas para chamar de suas.
Lady Gaga pode sair do palco com o Oscar pela bela e forte canção "Til it Happens to You", composta por ela e Diane Warren e que faz parte do documentário The Hunting Ground, sobre casos de estupro em universidades americanas. Contra ela está Sam Smith e sua também bela e charmosa canção "Writing's on the Wall", do filme 007 contra Spectre, que venceu o Globo de Ouro.
Favorito: A História de Um Urso A animação chilena tem um urso como narrador que conta sua história por meio de um diorama mecânico.
Favorito: Shok A produção gira em torno de dois meninos cuja amizade é testada enquanto tentam sobreviver à guerra de Kosovo.