5 filmes que tratam sobre o preconceito

Publicada em 13/03/2016 às 08:00

Comente

O cinema não é apenas uma diversão mas, assim como toda a arte, também cumpre um papel social. E o principal deles é o de denunciar a realidade em que todos vivemos mas, no caso de hoje, traremos aqui uma lista de filmes que retrata a realidade apenas de uma parcela: o preconceito. Uma realidade que só algumas pessoas vêem (e sofrem), enquanto outras ignoram sua existência ou acreditam cegamente que não mais existe.

 
Apesar de muita água ter rolado na história da humanidade, o preconceito hoje não é mais como antigamente, o que não significa dizer que não existe mais. Novas formas de intolerância surgem a partir da ideia que implantam na cabeça de muita gente sobre o que é forte ou belo: mulheres, pessoas com deficiência, grupos étnicos, homossexuais, idosos, obesidade, negros, estrangeiros...
 
O amor ao próximo, ou pelo menos o respeito de não querer impor sua ideologia aos outros, parece ainda tão longe nos dias de hoje. E para tentar refletir um pouco a respeito do tema, listamos aqui 5 filmes que abordam, de alguma forma, o preconceito, e indicando outros relacionados ao mesmo tema.

O Jogo da Imitação (2014)

Indicado ao Oscar 2015 em oito categorias, o filme O Jogo da Imitação (The Imitation Game) conta um pouco da história do matemático Alan Turing. Sem ele, provavelmente você não estaria utilizando um computador hoje.
 
Considerado o pai da ciência da computação, e pioneiro nos avanços da inteligência artificial, o britânico Alan Turing trabalhou para a Grâ Bretanha durante a 2ª Guerra Mundial. E O Jogo da Imitação (2014) conta exatamente esta fase de sua vida, mas dando destaque para um aspecto de sua vida pessoal: Alan Turing (vivido por Benedict Cumberbatch) era homossexual, uma qualidade que era considerada crime na época.
 
Alan tentou esconder isso de todos, e só os seus mais próximos sabiam disso. Mas, após Turing começar a se relacionar com um jovem rapaz, o fato foi descoberto e ele foi submetido a uma castração química para curá-lo da homossexualidade. Sem conseguir resistir ao duro tratamento - por óbvio ineficaz - Alan Turing decidiu cometer suicídio em 1954 por ingestão de cianeto. Para outros, o cientista faleceu por intoxicação dos remédios que tomava no tratamento.
 
Alan Turing se tornou um dos grandes nomes contra o preconceito sexual, e a injustiça sofrida por ele gerou grande revolta por, somente no ano de 2013, ter recebido o perdão real da Rainha Elizabeth II pelo crime de atos homossexuais.
 
Outros filmes que merecem destaque por abordar o preconceito de gênero são os recentes A Garota Dinamarquesa (2016), indicado ao Oscar 2016 em 4 categorias, e Azul é a Cor Mais Quente (2013), filme vencedor da Palma de Ouro do Cannes e do Globo de Ouro.
 

12 Anos de Escravidão (2013)

A temática do racismo é um dos que mais surgem no cinema. É um pouco injusto indicar apenas um filme, mas o destaque de hoje é para 12 Anos de Escravidão (12 Years a Slave), também indicado ao Oscar 2015 em 9 categorias.
 
O filme é baseado em uma história real de Solomon Northup, na atuação incrível de Chiwetel Ejiofor, um norte-americano livre que, por ser negro, foi confundido com um escravo. Na época, a escravidão de negros ainda existia nos Estados Unidos, tendo sido abolida apenas em 1863.
 
Solomon então foi sequestrado e vendido como mercadoria para escravocratas. O filme conta sua luta por sobrevivência, e aborda o tratamento desumano da escravidão: um humano senhor de outro humano. Somente após 12 anos que Solomon foi liberto, com a ajuda de um abolicionista, qando conseguiu comprovar ser um homem livre. Infelizmente, muitos outros não puderam ser libertos.
 
A história da luta norte-americana pela igualdade racial também é retratada em outros filmes, de diferentes épocas históricas, como em Django Livre (2012), também sobre escravidão, Selma - Uma Luta Pela Igualdade (2014), que conta um pouco da história de Martin Luther King, A Outra História Americana (1998), que retrata o ódio incitado por skinheads americanos, Mississipi em Chamas (1998), que aborda a Klu Klux Klan, Mandela (2013), cinebiografia de Nelson Mandela, Vênus Negra (2010), uma forte história real de uma sul-africana, Panteras Negras (1995), que retrata o Black Panther nas décadas de 60 e 70, Adivinhe Quem Vem Para Jantar (1967), que aborda a miscinenação racial, e Conduzindo Miss Daisy (1989), que traz a improvável relação de amizade entre um motorista negro e uma senhora idosa em uma sociedade racista.
 

Preciosa: Uma História de Esperança (2009)

Um incrível filme que não trata apenas de uma forma de preconceito. Preciosa: Uma História de Esperança trata de diversos aspectos que são tratados de forma indigna por muita gente.
 
O longa retrata a história da Claireece Jones Precious, na excelente atuação de Gabourey Sidibe, e retrata a história da jovem garota violentada pelo pai e maltratada pela mãe. Analfabeta, obesa e pobre, a jovem engravida e tem um filho com síndrome de down... e engravida mais uma vez. Apesar de sua vontade de não querer mais viver, sua história muda após conhecer uma pessoa incrível, que consegue colocá-la em uma escola diferente e assim possa voltar a ter esperança.
 
Um soco no estômago de muita gente que pensa que histórias assim só acontecem na ficção. Para outro filme que aborda um dos aspectos de nossa indicação, temos O Amor é Cego (2001), que conta de forma humorada a paixão por uma pessoa obesa, que não se enquadraria nos padrões impostos de beleza.
 

As Sufragistas (2015)

Acha que as mulheres sempre tiveram os mesmos direitos? No Brasil, por exemplo, as mulheres somente conquistaram o direito de votar em 1932, mais de 100 anos após a abertura de eleições no país. E a mudança de tudo isso é trazida em As Sufragistas (Suffragette), uma história real de um movimento social na luta pelo direito de votar pelas mulheres.
 
Se você acha o direito de votar irrelevante, você deveria desligar a televisão e ler um livro. Talvez aprenda que no Brasil, por exemplo, as mulheres não tinham direito de pedir divórcio, estava sujeita às decisões do "chefe de família" nas relações domésticas, de condições iguais de trabalho... O que dizer então da ideia do antigo crime de "raptar mulher honesta para fim libidinoso"? Então, aos olhos da lei, poderia raptar uma mulher desonesta?
 
Muitos direitos foram conquistados, e hoje o preconceito se volta à própria condição de ser mulher, considerada um sexo frágil e uma pessoa submissa ao marido por uma grande parte de pessoas preconceituosas.
 
Outro título que merece destaque na luta por direitos iguais a homens e mulheres é Malala (2015), que traz um pouco da história da jovem paquistanesa Malala Yousafzai, que sofreu um atentado por lutar pelo direito à educação para as mulheres de seu país.
 
E para prestar homenagem às mulheres, não deixe de conferir nossas matérias de 15 filmes para celebrar o dia internacional da mulher e sobre as mulheres mais fortes do cinema.
 

Intocáveis (2011)

Filme francês de grande sucesso, Intocáveis (Intouchables) é um drama real de Philippe (François Cluzet) um senhor de alta classe que sofre um acidente e o deixa tetraplégico, passando a necessitar de serviços de assistência doméstica. Precisando de um novo empregado, decide realizar uma seleção, e acaba conhecendo o jovem Driss (Omar Sy), um jovem negro de família pobre que apenas tinha pretensão de obter um comprovante de que foi à entrevista de emprego.
 
Após muita adversidade, os dois começam uma grande amizade: apesar de possuir deficiência física, de forma que muitos o tratavam como uma criança ou um inválido, Philippe é tratado de forma digna por Driss, ignorando toda as suas dificuldades motoras e o vendo como um ser humano perfeito.
 
Com toques de humor, Intocáveis (2011) é um dos mais emocionantes filmes que ainda trata de forma direta a questão da capacidade e respeito aos que possuem qualquer tipo de deficiência. Para outro filme do gênero, recomendamos A Brave Heart: The Lizzie Velasquez Story (2015), que conta a história de uma portadora de uma síndrome rara e sua rejeição pela sociedade.
 
Por Rosa Felix

Mais matérias...

Comentários (0)





Nenhum comentário, ainda. Seja o primeiro a comentar!